Um grupo de agentes penitenciários esteve na última segunda-feira (18), na sede do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindap/AC), para pedir apoio e para reivindicar melhorias na segurança dos presídios do Acre.
Os agentes estiverem reunidos com o presidente do Sindap, Adriano Marques, que se comprometeu com a categoria e buscar soluções para os problemas no sistema carcerário acreano. De acordo com Marques, o Sindap estará promovendo uma série de manifestações até o final do ano.
Entre as falhas apontadas pelos carcereiros está a falta de equipamentos de Raio X, Scanner corporais e de raquetes detectores de metais. Os equipamentos existentes nas penitenciárias acreanas, por falta de manutenção, apresentaram defeitos e estão desativados.
“Trabalhamos diariamente lado a lado com a falta de segurança e por isso na iminência de uma grande rebelião, os presos só não provocam uma tragédia dentro dos presídios porque não querem, já que a segurança dos presídios é caótica”, enfatizou um dos agentes, que pediu para não ser identificado.
Apesar de todos os problemas existentes no maior presídio do Acre, o Francisco d’Oliveira Conde (FOC), os agentes penitenciários impediram que cerca de meio quilo de entorpecente, maconha e cocaína, entrasse no presídio.
De acordo com relatos dos agentes, um servidor que ocupa um cargo de coordenado de um setor do Instituto de Administração Penitenciário do Acre (Iapen/AC), dentro da unidade é o principal suspeito de favorecimento de entrada da droga no presídio. Os denunciantes afirmaram que há alguns meses o servidor vinha sendo monitorado pelos próprios agentes por existir suspeitas de pratica de atividades ilícitas.
“Há cerca de duas semanas, no inicio da tarde, uma senhora chegou a FOC querendo entregar três sacos de cimento, como não foi permitida a entrada do produto, ela voltou e vimos quando ela guardou o cimento no carro do servidor. No final da tarde, quase no horário de passagem do plantão, o servidor saiu na companhia de dois presos, que são os ‘faxineiros’ e foi até o carro onde entregou o cimento e autorizou a entrada do produto na FOC, logo após ele foi embora. Minutos depois alguns agentes flagraram um dos presos, que foi pegar o cimento, de posse da droga, as embalagens dos entorpecentes ainda estavam sujas de cimento. O preso foi levado a Delegacia de Flagrante e um relatório foi confeccionado pela equipe do flagrante e entregue a diretoria da unidade para providencias cabíveis, mas até o momento o servidor continua trabalhando normalmente e se vangloriando que ‘tem as costas quentes’, que goza de influencia e prestígio” relatou o grupo, que afirmou ainda que o caso foi abafado pelos gestores do Iapen.
Lanche no “Chapão”
A entrega de pizzas e sanduiches destinado ao “Chapão” após as 22h tem se tornado um fato corriqueiro nas noites do Francisco Conde.
Os agentes afirmaram que até tentam barrar a entrada dos lanches, mas declaram que o impedimento esbarra na autorização, que parte da própria coordenação do presídio, que, segundo os denunciantes, é conivente com a ação e usa a desculpa que “é para manter a calmaria” dentro da cadeia.
“A direção negocia com os presos. São benefícios em troca da tranquilidade, que de certa forma é até benéfico, pois com a situação caótica que se encontra a segurança da FOC, qualquer motim poderia acabar em uma grande tragédia”, afirmaram os agentes.
Adriano Marques afirmou que tentará mais uma vez se reunir com a Comissão de Justiça e Segurança Pública da Aleac, na tentativa de marcar a data para uma audiência pública ainda este ano, para se debater questões ligadas a segurança dos presídios acreanos.
Iapen abre sindicância para apurar entrada de ilícitos nas unidades prisionais
A reportagem entrou em contato com a direção do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC), que por meio de sua assessoria de imprensa informou que a entrada de material ilícito na unidade Francisco d’Oliveira Conde (FOC) está sendo investigada através de uma sindicância investigativa, realizada pela corregedoria do instituto.
De acordo com uma nota enviada a reportagem, o Iapen afirma que caso a investigação, que está em andamento, comprove a materialidade do fato haverá abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar).
Sobre a entrada de lanches para presos do Chapão, a assessoria do Iapen disse que o instituto dispõe de uma ouvidoria própria, responsável para receber denuncias, e que está aberto a investigar qualquer denuncia formalizada, além de dispor também de direção em cada unidade prisional.
Veja nota enviada à reportagem pelo Iapen
Em resposta aos questionamentos feitos pelo repórter Gleydison Meireles informamos que:
O Iapen está adquirindo raquetes eletrônicas para o auxilio revista de visitantes e servidores do complexo penitenciário da capital, informamos ainda que independente do uso de qualquer equipamento disponível, as revistas devem ser realizadas pelo profissional agente penitenciário e que sua conduta na revista é que define a segurança e pode evitar a entrada de objetos ilícitos.
Sobre a entrada de drogas através de material para reforma, informamos que a forma da entrada desse material está sendo investigada através de uma sindicância investigativa, nº 031-6/2013, realizada pela corregedoria do instituto. A investigação está em andamento e se for comprovada a materialidade do fato haverá abertura de um PAD – processo administrativo disciplinar.
Sobre os lanches, informamos que o Iapen dispõe ouvidoria própria responsável para receber denuncias, e que está aberto a investigar qualquer denuncia formalizada, além de dispor também de direção em cada unidade prisional. Informamos também que a direção do Iapen, em sua procura constante por melhorar a segurança, está apurando os fatos para providências cabíveis.
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