Uma funcionária do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB), que pediu para não ter o nome revelado temendo retaliações, encaminhou nesse sábado (19) a reportagem do Ac24horas fotos e relatos sobre as péssimas condições de estrutura hospitalar e o cerceamento da liberdade de expressão dentro do hospital.
A funcionária, que chamaremos de Maria, iniciou seu relato afirmando que faltam medicamentos simples como Dipirona, Paracetamol e AAS. Materiais que são essenciais para verificar a pressão arterial dos hipertensos e fazer os exames em diabéticos também faltam naquela unidade.
Maria comentou que a administração tem conhecimento da falta de condições de trabalho e de estrutura, mas quase nada é feito para contornar a situação.
Ela confessou que os funcionários estão proibidos de falar aos pacientes que faltam os medicamentos sob ameaça de advertência.
Maria disse também que os que reclamam das condições de trabalho são perseguidos pelos colegas (cargos de confiança governamental), que prestam serviços de “olheiros” a direção do hospital.
“Um dos nossos colegas disse que não tinha Dipirona para medicar um paciente. Uma senhora ouviu e saiu da unidade e chamou a imprensa para divulgar a situação. Esse funcionário foi advertido por que falou que faltavam medicamentos, além disso, ele perdeu hora-extra e ainda colocaram para trabalhar de madrugada. Aqui nesse hospital só quem tem voz são os concursados e mesmo assim não podem falar muito. Vivemos estressados, perseguidos e humilhados”, desabafou.
A funcionária denunciou também a superlotação nos setores de emergência e observação. Maria disse que sem ter leitos suficientes para atender a demanda, os enfermeiros são obrigados a acomodar os pacientes nos corredores.
“Quando têm macas e colchões os enfermeiros acomodam nos corredores, quando não, os pacientes ficam nas cadeiras de rodas esperando uma vaga. No setor de observação temos disponível 29 vagas, tem dias que recebemos 40 pessoas que ficam misturadas entre pacientes e acompanhantes”, acrescenta.
Se as condições são precárias para os funcionários e pacientes, imagine os acompanhantes. “Muitos dos acompanhantes passam o dia em pé porque não tem cadeiras ou sentados na beira da maca. Na hora de dormir a situação complica. Tem gente que dorme no chão sem lençol, travesseiro ou papelão”, comenta.
Nos registros fotográficos enviados por ela é possível constatar as denúncias. Entre as fotos, uma funcionária aparece retirando um pombo de dentro da sala de medicação. É possível ver ainda um paciente acomodado nos corredores da unidade e ainda um acompanhante dormindo no chão.
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