Instrutores de trânsito acusam patrões de prática de trabalho escravo

Hora aula vem sendo paga pelo preço de até R$ 4 nas autoescolas (CFC). Simuladores digitais vão aumentar valores para retirada de habilitação em todas as categorias.

Está anunciada para o início de dezembro a paralisação dos instrutores de trânsito em todo o Estado. Eles reivindicam a isonomia salarial e remuneração justa para os profissionais da área. Segundo Davilson Oliveira, vice-presidente da categoria, a concorrência desleal de proprietários de autoescolas (CFC) é o maior gargalo.

“Vários profissionais da categoria são submetidos a trabalho escravo para o sustento de suas famílias, pagando valor irrisório na prestação de serviços”, acusa Davilson.

Ele explica que a hora aula paga para os profissionais em todo o Estado varia entre R$ 4 e R$ 7. Mesmo reconhecendo a carga tributária que eleva o custo dos Centros de Formação de Condutores, os instrutores querem um salário digno em torno de R$ 1.600.

“A proposta é do pagamento de R$ 8 na hora aula, por 176 horas mês, o que passar disso tem que ser pago como hora extra”, afirmou.

Davilson afirma que com a aquisição dos simuladores digitais haverá um reajuste no preço das habilitações nas categorias A, B, AB, C, D e E. Eles aproveitam o momento para negociar com os patrões. No Acre são mais de 500 filiados.

“O instrutor é quem se sacrifica todos os dias para que um dia possamos alcançar a tão sonhada paz no trânsito”, concluiu.

O OUTRO LADO:
Proprietários de autoescolas procurados pela reportagem afirmaram que ainda não foram informados sobre a paralisação. Eles não quiseram falar sobre aumento na emissão de carteiras de habilitação e nem sobre a prática de trabalho escravo.

LEGISLAÇÃO:
A partir de janeiro 2014, os alunos de autoescolas brasileiras terão que passar por um simulador antes das aulas práticas para tirar a carteira de motorista. O aparelho recria 26 situações, como dirigir na chuva, fazer curvas fechadas e dirigir alcoolizado.