A polêmica Bolsa Ar-Condicionado

Muitos leitores algum dia já disseram que existem coisas que só acontecem no Acre.  Pois bem, passado a revolução, o ciclo da borracha, a chegada dos sulistas, a conta Flavio Nogueira e agora o G7,  um novo termo acaba de ser tonar o assunto mais comentado da atualidade. Virou papo de botequim, padaria, parada de ônibus e o que mais vocês quiserem acrescentar. Parece piada, mas não é: trata-se do “Bolsa Ar-Condicionado”, apelido criado por ac24horas, para batizar a proposta de lei do deputado Moisés Diniz (PCdoB), que visa ampliar a faixa de isentos do pagamento de ICMS de energia elétrica e beneficia escolas e hospitais públicos e igrejas de todas as denominações.

O batismo do projeto do parlamentar comunista veio apenas chamar a atenção para um assunto que poderia muito bem passar despercebido por grande parte da população.  Num lapso, uma proposta que viraria apenas uma nota de roda-pé em quaisquer jornais, ganhou proporções gigantescas, não só no Acre, mas no Brasil a fora.

A repercussão do “Bolsa Ar-Condicionado” passeou pelas principais páginas de notícias da web brasileira. Estadão, UOL, Exame e Isto É, foram uma das principais mídicas que divulgaram a intenção do projeto.

Claro, que o lado cômico da história é latente, haja vista que o Acre se localiza numa região da Amazônia onde o frio ou a friagem é artigo de luxo.  Pensando nisso, o deputado do PCdoB teve essa idéia, que com certeza veio em sua cabeça após tomar o décimo copo com água gelada e desfrouxar a gravata várias vezes, mesmo estando cercado pela brisa suave do parlamento.

Quem sai as ruas do Estado “no sol quente” diariamente, sabe como é o martírio, o sofrimento, o descabimento natural se sofrer com temperaturas que chegam a beira os 40 graus. E isso nós estamos falando de dias comuns, principalmente na capital Rio Branco.

O fato é que a notícia de friagem ou chuva acaba sendo mais comemorada do que o gol do nosso time de futebol favorito no final de campeonato. Quem não pensa em tirar aquela “capa” escondida a sete chaves no guarda-roupa? Pois bem, não é a toa que o pesquisador meteorológico Davi Friale se tornou uma das figuras mais conhecidas do Estado por anunciar chuva e frio repentinamente, e de um tempo para cá, acertar quase todas as previsões.

Dizem que depois de Rio Branco, a cidade no país que comemora mais a queda na temperatura é a capital do Mato Grosso, Cuiabá.

Mas voltando ao “Bolsa Ar-Condicionado”, o deputado que propôs o projeto (não com esse nome) se sentiu, a princípio,  lesado com a caricatura imposta por ac24horas a sua obra, que por sinal, tem grande relevância social, mas que para as pessoas que tem a chaves dos cofres estaduais, é uma medida inviável.

Depois, em uma conversa de 30 minutos com o editor do portal,  ele cedeu aos argumento de que no jornalismo constrói formas próprias de chamar a atenção, de divulgar, de dar leveza a temas pesados, iluminar assuntos obscuros, batizar assuntos controversos, como o próprio deputado fez questão de destacar em sua página no Facebook.

Clima ameno e gostoso não deveria ser uma imposição da mãe natureza, mas sim um direito. Como isso não é possível, resta-nos torcer para que o Davi Friale anuncie mais e mais friagens durante 2013.