De costas para os protestos e de frente para as homenagens!

Na avenida, o tradicional desfile das instituições de segurança e escolas da rede pública contagiou o pouco público presente. Nas arquibancadas, os protestos com gritos de “G7, G7” e “Tião acaba com a pensão!” ofuscaram os poucos aplausos a quem se apresentava na Avenida.

No palanque de autoridades, o governador do Acre, Sebastião Viana, acompanhado da primeira-dama Marlucia Cândido e dos filhos Virgílio e Catarina, parecia não se preocupar com os gritos e cartazes dos manifestantes. Enquanto ouvia críticas, Sebastião Viana junto com a esposa era homenageado pelo Colégio Dom Bosco. Vestidos de governador e primeira-dama, os pequenos João Paulo e Yamin, ambos de 03 anos, conduziram o desfile da escola. No momento em que passavam pela avenida, os dois foram levados até o palanque das autoridades e posaram para fotos ao lado de Sebastião e Marlucia.

Ao contrário dos anos anteriores, o Exército Brasileiro foi o último a se apresentar.

Fora da programação do desfile, a Polícia Federal usou o ato cívico para protestar pacificamente. Perfilados e com uma faixa com os dizeres “o crime organizado não respeita fronteiras, respeita uma Polícia Federal forte”, os agentes federais entraram na avenida e passaram na frente do palanque das autoridades, quando a programação já havia encerrado. Ignorando o protesto organizado dos policiais, o governador ficou de costas conversando com outras autoridades presentes ao evento.

Na semana passada, o governador declarou durante uma palestra que deu a oficias do Exército, na Biblioteca Pública, que o governo do Acre “rompeu as relações com a Polícia Federal”. O motivo é a Operação G-7 desencadeada pela PF no dia 10 de maio deste ano, que prendeu 15 empreiteiros e secretários de Estado acusados de prática de cartel em licitações e desvio de recursos públicos.

Além da Polícia Federal, um grupo de manifestantes do “Dia do Basta” que protestou durante todo o desfile nas arquibancadas pedindo a condenação do G7 e a queda da aposentadoria de governador também caminhou pelo local do desfile com cartazes com os dizeres “independência de quem?”

Ainda durante os desfiles, no palanque das autoridades, o governador Sebastião Viana disse que respeita as manifestações “por mais diretos sociais. Mas essas manifestações têm que se no limite do respeito à dignidade. A minha liberdade encerra quando eu tenho que assegurar respeito ao outro. E eu acho que é assim a democracia”, encerrou o governador.