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Sucessões de denúncias sobre falta de estrutura e suspeitas de erros médicos põem em xeque a saúde de primeiro mundo vendida pelo PT no Acre

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Roberto Gaz
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Gleydison Meireles – da redação de ac24horas
ggreyck@gmail.com


Um incêndio de pequenas proporções acontecido na última quarta-feira (7), na usina de oxigênio da Maternidade Barbara Heliodora, em Rio Branco, foi apenas a ponta um alerta  para a sucessão de denúncias sobre a falta de estrutura, atendimento e possíveis erros médicos que expõem a fragilidade da saúde na rede estadual, propagada desmedidamente pelo Governo do Acre, como de “primeiro mundo”.


Durante o final de semana a reportagem de ac24horas conversou com familiares de pacientes e servidores da saúde, que revelaram a triste realidade vivida pelo setor que deveria ser exemplo na administração do medico Sebastião Viana.

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Falta de medicamentos básicos e insumos são freqüentes nas unidades. Até assedio moral estão entre os casos mais relatados pelos profissionais. O assunto veio a tona na tarde de sexta-feira (9), quando a reportagem ouviu três casos diferentes, mas que denotam a mesma situação, possível erro médico e descaso no atendimento aos pacientes. Médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros, que somente falaram depois de garantias de que teriam suas identidades resguardadas, por medo de represálias


Os fatos – O casal Neemys Silva de Souza e Antônio Francisco da Conceição, moradores da cidade de Senador Guiomard, estavam com a filha de três meses de idade internada há mais de 20 dias na UTI do Hospital da Criança.


De acordo com os pais da criança, os médicos afirmaram que a paciente tinha um cisto no abdômen e foi submetida a uma cirurgia de emergência, só que ao contrario do que afirmaram os médicos, a criança tinha um problema no fígado.


“Foram realizados exames de tomografia e ultrassonografia e mesmo assim operaram minha filha dizendo que ela tinha um cisto, mas na realidade ela tinha problema no fígado”, declarou Neemys de Souza.


Transferida para a UTI do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) após o incidente da quarta-feira (7), a criança teve o quadro de saúde agravado e acabou falecendo no sábado (10).


“O que fizeram foi uma maldade; minha filha chegou com um problema sério de fígado e os médicos realizaram uma cirurgia dizendo que ela tinha um cisto”, disse a mãe da pequena Yasmim que denunciou o caso no Ministério Público Estadual (MPE), ainda na sexta-feira.


Caso semelhante foi relatado pela professora Fabíola Vieira de Souza, moradora da cidade de Sena Madureira, mãe da pequena Hevelin Liandra de Souza André, de apenas quatro anos e dez meses. A criança foi internada no Hospital da Criança no dia 13 de julho para tratar de uma pneumonia, mas no dia 3 de agosto deu entrada na UTI do Hospital da Criança, após contrair uma infecção generalizada na enfermaria do hospital.


“Minha filha tem a saúde frágil, pois tem problemas de paralisia cerebral, mas nada justifica ela chegar para tratar de uma pneumonia e contrai uma infecção generalizada. Estou me sentindo impotente por ver minha filha naquele estado, toda entubada e não poder fazer nada; só quero que ela se restabeleça e volte pra casa”, diz emocionada Fabíola Vieira.


Adolescente internada na UTI após cirurgia de emergência


A reportagem também conversou com Lucenildo Braga de Lima e Aurelina Ferro de Aragão, pais de uma adolescente de 15 anos que está internada na UTI do Huerb, após se submetida a uma cesariana de emergência.


Segundo Aurelina Ferro, durante o final de semana retrasado sua filha, grávida de oito meses, foi a Maternidade Barbara Heliodora, sentindo fortes dores abdominais. Após exames preliminares a adolescente foi encaminhada ao Pronto Socorro do Huerb. No setor de emergência da unidade hospitalar a jovem foi medicada e orientada a retornar para casa, já que, segundo os médicos, não havia necessidade da adolescente ficar internada. No dia seguinte a jovem retorna ao PS, novamente com dores abdominais, novamente recebeu analgésicos e retornou para casa.


Na segunda-feira a jovem foi acometida por uma febre de cerca de 40 graus e levada às pressas a Maternidade. No hospital os médicos detectaram que a febre alta era causada por pedras na vesícula e por conta disso teve que ser submetida a uma cesariana de emergência.


O caso da adolescente se agravou e ela teve que ser levada a UTI, onde permanece em coma induzido. No dia do pequeno incêndio na casa de maquinas da maternidade a jovem foi a ultima a ser transferida para o Pronto Socorro.

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“Queremos apenas que nossa filha se recupere e que esse transtorno todo acabe. É um absurdo o que acontece na saúde de nosso Estado. Minha filha poderia ter morrido por conta de um atendimento precário igual a esse do PS, onde por três vezes foi procurado atendimento médico e receitavam apenas analgésicos… lamentável”, protestou o pai da adolescente.


 


“Falta da Dipirona à luvas”


Na noite de sábado (10), a reportagem conversou com um grupo de quatro servidores: um médico e uma enfermeira do Pronto Socorro, uma enfermeira e uma servidora de apoio da Maternidade Barbara Heliodora.


Os profissionais do Pronto Socorro relataram a precariedade que se instalou no hospital de Emergencia, além da pressão imposta pelos gestores estaduais para que casos, como a falta de medicamentos tipo Dipirona e até a falta de luvas para pequenas procedimentos não cheguem ao conhecimento público através da imprensa.


De acordo com o médico e a enfermeira, há casos em que os familiares têm que custear a Dipirona receitada aos pacientes e que durante um plantão a equipe realizou uma cotinha para comprar luvas estéreis para suprir a falta na unidade.


“Se fosse de conhecimento público o que acontece dentro do Pronto Socorro a população teria a dimensão do caos que é aquele hospital e reveria seu conceito quando fossem protestar quanto a falta de estrutura e o atendimento precário. Médico e enfermeiro nenhum pode realizar um serviço de qualidade se não há estrutura, uma logística… gostaria muito que o que ouvimos aqui fossem dito aos nossos gestores, pois eles sim são os culpados por esse caos. Outro dia tivemos que fazer uma cotinha no setor para comprar luvas, pois estava em falta no hospital e as que tinham não daria nem para a metade do dia”, desabafou o médico.


Na maternidade a situação não é diferente, segundo algumas servidoras, que afirmam que muitos pacientes tem que comprar Dipirona para serem medicados.


Mas o que mais chamou a atenção foi quanto ao sistema de oxigênio do hospital. De acordo com a uma servidora de apoio, problemas de vazamento de oxigênio eram comuns na maternidade, sendo que uma semana antes do pequeno incêndio o sistema havia dado problema e só foi restabelecido depois que um servidor da manutenção fez um “reparo” na tubulação.


“Olha para ser bem sincera demorou foi muito para que algo grave acontecesse naquele sistema de oxigênio da maternidade. Semana passada tomamos o maior susto, quando ouvimos um barulho e começou a vazar gás… foi uma correria de enfermeiros e técnicos para socorrer os pacientes que precisavam do oxigênio, que ficaram por cerca de meia hora com oxigênio do sistema móvel. O caso foi solucionado depois que um funcionário do setor de serviços gerais fez uma gambiarra e lacrou o vazamento”, disse a servidora.


O caso foi confirmado pela enfermeira que também estava de plantão no dia do acontecido. “Ali tudo é na base da gambiarra. Essa obra de readequação que está sendo realizada serve apenas para melhorar os ‘reparos’ feitos durante emergências como a que ocorreu há duas semanas”, denunciou.


 


Gestoras negam falta de medicamentos e materiais hospitalares 


A reportagem procurou a direção das unidades de saúde para saber sobre as denúncias feita pelos servidores. No Hospital da Criança, a Diretora Geral, Lorena Rojas disse que tanto no caso da pequena Yasmim como da adolescente que foi submetida a cirurgia de emergência foi solicitado abertura de procedimento administrativo para apurar se houve irregularidades durante os atendimentos.


No caso de Yasmim a direção do Hospital da Criança solicitou junto a gerência da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) um relatório e prontuário médico da criança.


Quanto à falta de medicamentos Lorena Rojas negou veementemente que tenha ocorrido o fato e justifica afirmando que a unidade hospitalar tem um planejamento para evitar problemas dessa natureza, além de destacar que a compra do medicamento por familiares de pacientes é inviável, já que o medicamento usado na unidade hospitalar é injetável e não é comercializado nas farmácias e drogarias da capital.


Lorena disse ainda que houve uma falta do medicamento a nível nacional, mas que esta falta não afetou o estoque do hospital.


Sobre possíveis vazamentos a diretora afirmou que foi contratada uma empresa para a realização de uma readequação em toda rede de gases medicinais e de ar-condicionado. Durante a obra foi mudada toda a canalização do oxigênio e para isso foram realizados testes e foi durante essas inspeções que detectaram vazamentos, que de acordo com a diretora, foram todos corrigidos.


No Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) a reportagem conversou com a Gerente Administrativa, Cecília Maria Rodrigues de Souza. A gestora afirmou que em momento algum houve falta de medicamento ou até mesmo material básico de procedimento. Cecília de Souza disse ainda que o que ocorreu foi uma redução na remessa de material, mas que essa redução não implicou na falta de material.


“Passamos por um período em que houve uma redução na remessa de material, mas essa redução não gerou falta de material e muito menos falta de medicamentos. Para se ter uma ideia há cerca de um mês o Estado recebeu pouco mais de nove mil ampolas de Dipirona. Como é que está faltando esse medicamento”, questiona a diretora.


Cecília de Souza afirmou também que desconhece os motivos das denúncias, mas acredita que “há um grupo tentado desmoralizar o serviço da saúde”. A gestora finalizou afirmando que a direção do Huerb está a disposição para esclarecer qualquer duvida.


 


 


 


 


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