Categories: Acre Crônicas de um Francisco

Leia crônica: Entre merda de boi e merda de gente

Por
Roberto Vaz

 


Por Francisco Rodrigues Pedrosa   –     f-r-p@bol.com.br


Gosto é igual a cuspe, cada um tem o seu.


Eu tinha feito um artigo sobre a famosa Cavalgada que ano a ano se mostra movida por uma mistura do nada com a coisa nenhuma.


Tirando a raiva que tive com o trânsito desorganizado e com a demora que sofri naquela tarde quente, consegui observar muita coisa nessa manifestação e tinha resolvido falar um pouco dela.


Foi aí que li, ou melhor, tive o privilégio de ler esse belo texto que vos oferto. leitura suficiente para que eu deletasse o meu, pedisse autorização ao autor, um admirável pensador da nossa realidade, Aldo Nascimento, e, autorizado, apresento com enorme satisfação:


POR ALDO NASCIMENTO – http://lingualingua.blogspot.com.br/


Das maiores asneiras que já ouvi sobre a Expo-Acre, esta é a pior: “festa popular”.


Existe a festa do gado


A Expo-Acre é o espetáculo do cavalo, do comércio, do gado, da indústria; é o espetáculo de grandes terras. Para sua abertura, a tradicional Cavalgada exibe nobres cavalheiros com o poder econômico de comprar luxuosas caminhonetes, carretas, cavalos de raça, expondo sobre eles o padrão da moda country, a fartura de bebidas alcoólicas, o modelo feminino de beleza.


A Cavalgada, por ser o exibicionismo dos que exercem o poder na cidade, ostenta o narcisismo da riqueza, da griffe de roupas bem acochadinhas, da bota de couro mais cara, do cinto de couro mais viril.


Enquanto mortais pensam na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), enquanto as bienais do livro de São Paulo e do Rio de Janeiro representam riqueza cultural a cada dois anos, a pecuária acriana, que gera milhões ao estado, seduz a massa com musiquinhas pseudossertanejas, com seu vestuário norte-americanizado, ou seja, o gado no pasto gera não só riqueza econômica para poucos; mas, sobretudo, o seu efeito mais nefasto para a identidade de uma região: alienação cultural.


No lugar do caipira, este homem simples do roçado, a festa do corte aplaude seu mito: o caubói. Nossas crianças, portanto, não precisam de festas de livro, elas sorriem quando seus pais as fotografam ao lado deste boi.


 


 


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Roberto Vaz

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