Jairo Carioca – da redação de ac24horas
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A confirmação de pagamento em folha suplementar do Prêmio de Valorização Anual (VAN) dos militares com corte de quase 50% criou um novo cisma entre a Caserna e o Palácio Rio Branco. Tudo leva a crer que o governador Sebastião Viana segue insatisfeito com os índices de violência registrados na capital. A justificativa oficial do corte parcial da gratificação é que a Policia Militar deixou de cumprir três dos cinco itens do decreto que regulamenta o benefício, entre eles, o índice de combate aos crimes contra o patrimônio e contra a pessoa física. Militares fazem protesto nesta sexta-feira (26) nas ruas centrais de Rio Branco.
Beneficiados com a isonomia do Risco de Vida garantido para agosto deste ano, a lua de mel com o governo foi rompida depois de um telefonema do assessor especial Antônio Monteiro. Segundo Abrahão Pupio, da Aprabmac, o representante do governo confirmou o pagamento dia 02 de agosto da VAN com o percentual de apenas R$ 540.
“Todos os militares da PM e do Corpo de Bombeiros que se esforçaram e se desdobraram nas ruas no combate a violência esperavam pela gratificação de R$ 900”, afirmou Pupio.
Pupio acrescenta ainda que números de ações do Corpo de Bombeiros como a prevenção contra incêndios e palestras educativas sobre segurança no trabalho “contam apenas para gestão”. A Aprabmac reivindica a inclusão desses números na lei, “o que contribuiria e muito com os índices exigidos”, acrescentou.
O presidente da Associação dos Militares do Acre, Isaque Ximenes contesta as cobranças do governador e diz que em contrapartida, o estado reduziu o duodécimo da Policia Militar em 20% e a redução de estruturas. Para ele, o militar não pode ser responsabilizado pela violência que assola a cidade de Rio Branco.
“É essencial entender que a violência não é responsabilidade apenas do trabalho militar, a causa é muito mais social e de políticas públicas do que de comando”, comentou Ximenes.
A associação disse que além do contingenciamento de despesas, o governo reduziu efetivo e até viaturas para o combate da violência na capital. O governador Sebastião Viana teria dado um prazo de três meses para a Policia Militar cumprir as metas.
“Essas metas não estão adequadas a Policia”, protesta Ximenes.
O OUTRO LADO
A reportagem procurou o comando da Policia Militar para falar sobre as denúncias levantadas pela AME, entre elas, a de redução de efetivo e da frota de veículos no combate a violência, e sobre o pagamento reduzido da VAN.
Um dos membros da assessoria de imprensa da corporação, o sargento Nerilson, levou a pauta para conhecimento do ajudante de ordem do Coronel Anastácio, o Major Atauhualpa. Cerca de dez minutos depois, ele informou que segundo o comando, a Policia Militar não poderia se manifestar individualmente sobre o assunto.
Ainda de acordo a assessoria, nos próximos dois dias, o Sistema de Segurança Pública – SISP – formado pela Policia Militar, Policia Civil, Detran, Iapen e Corpo de Bombeiros, vai se manifestar sobre os assuntos, principalmente, sobre o pagamento da VAN.
A reportagem tentou falar com o assessor especial do governador, Antonio Monteiro, através do telefone informado pela diretoria de imprensa da assessoria do governador Sebastião Viana. As 13h08, Monteiro não atendeu ao telefone, mas através de mensagem informou que estava em reunião. As 14h56 a reportagem voltou a telefonar para o assessor especial e obteve a mesma resposta: “estou em reunião”.