O Ministério da Educação decidiu aplicar o Revalida, exame obrigatório para quem cursou medicina fora do Brasil poder atuar como médico no país, também para estudantes da carreira matriculados em instituições brasileiras, de acordo com pessoas ligadas à área médica ouvidas pelo G1.
Procurado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) confirmou nesta quinta-feira (11) que uma edição do exame será aplicado para uma amostra de estudantes do sexto (e último) ano de cursos de medicina no Brasil como um “pré-teste”, mas não detalhou quantos alunos farão a avaliação, de quais universidades, a data, nem se será um exame pontual ou permanente. O G1 apurou que a prova deve ser aplicada ainda neste semestre.
Os novos médicos que serão contratados pelo programa anunciado pelo governo federal no dia 8 de julho, o “Mais Médicos” estarão dispensados do exame. Eles terão uma autorização temporária de três anos para exercer a medicina sem ter de validar o diploma no Brasil.
Como o índice de reprovação do Revalida é muito alto (veja tabela ao lado), a intenção do governo é aplicar entre os alunos brasileiros que estudam no país para testar habilidades e competências.
O Revalida é um exame nacional criado pelo Ministério de Educação que representa a porta de entrada tanto para estrangeiros quanto brasileiros que se formaram no exterior exercerem a medicina no Brasil. Ele é uma exigência para que o diploma seja válido no país.
Pelo exame, enquanto o médico não for aprovado e não obtiver a revalidação do diploma pelas instituições do ensino público, ele fica impedido de atuar no país. Se um médico for reprovado no Revalida, ele pode se inscrever para fazer o exame do ano seguinte.
Em 2012, 884 pessoas de várias partes do mundo se inscreveram para o Revalida, e apenas 77 (menos de 9%) conseguiram a aprovação no exame.
O Brasil respondeu pela grande maioria dos inscritos (560), mas apenas 7% dos candidatos foram aprovados. O país ficou na sexta colocação no ranking de índices de aprovação. Os países que obtiveram o maior êxito neste quesito foram Venezuela (27%) e Cuba (25%), apesar de o número absoluto de inscritos ter sido pequeno. Nenhum candidato com nacionalidade de países da Ásia, África ou América do Norte conseguiu passar na prova do MEC.
Diplomas que mais ajudam no Revalida
Os dados do Inep sobre as provas aplicadas em 2012 indicam que os cursos de medicina de Portugal são os que melhor preparam os médicos para a aprovação no Revalida. No ano passado, dos oito diplomados no país incritos na prova, três conseguiram passar, o equivalente a 37%.
No lado oposto da tabela estão as universidades bolivianas, que expediram a maioria dos diplomas de quem se inscreveu no Revalida mais recente. Apenas 4% dos 411 inscritos na prova formados em instituições bolivianas conseguiram a permissão do governo federal para exercer a medicina no Brasil.(veja na tabela abaixo).
A Venezuela ficou na segunda posição no ano passado. As instituições do país aprovaram 27% de seus estudantes que participaram da prova.
Entre os 26 candidatos que se formaram em medicina na Espanha, 19% conseguiram a aprovação. Na edição de 2011 do Revalida, porém, todos os 16 candidatos formados em instituições espanholas foram reprovados. Estudantes de instituições de outros dez países europeus não especificados pelo Inep tiveram índice de aprovação de 24%.
O Brasil não figura na tabela porque quem se formou no país não é obrigado a prestar o exame para exercer a profissão.
Padronização do teste
O exame foi criado em 2011 com o objetivo de unificar o processo de revalidação em consonância com as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de medicina. Antes do Revalida, cada instituição de ensino superior estabelecia os processos de análise seguindo a legislação.
Segundo informações divulgadas no site do Inep, o exame cobra habilidades e competências das cinco grandes áreas da medicina: cirurgia; medicina de família e comunidade; pediatria; ginecologia-obstetrícia e clínica médica. Há níveis de desempenho esperados para as habilidades específicas de cada área.
O exame é aplicado em duas etapas: avaliação escrita, composta por uma prova objetiva, com questões de múltipla escolha, e uma prova discursiva. Numa segunda etapa, é realizada a avaliação de habilidades clínicas.
G1
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