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Multidões nas ruas

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Roberto Vaz

Marcio Bittar *


 A onda de protestos que varre o país desde o mês de junho tem um componente diferenciado das grandes manifestações ocorridas no Brasil nos últimos 30 anos; é perceptível a falta de sintonia entre os manifestantes e a política tradicional.


Durante o movimento das “Diretas Já” e do Impeachment do Collor, os partidos mobilizaram as massas e direcionaram as manifestações. Agora os protestos ocorrem sem a liderança de partidos políticos.


E a ausência não se resume aos partidos. Instituições políticas tradicionais como MST, CUT, UNE, UMESB, dentre outras, não foram protagonistas dos protestos.


As manifestações foram motivadas por uma sensação de “mal-estar coletivo” e essa inquietação difusa é alimentada por uma gestão de governo que não dialoga com a população, criando uma nova forma de conscientização que deve nos levar a refletir sobre a necessidade urgente da política se reaproximar da população.


Em 20 anos o Brasil passou por profundas mudanças, experimentou a estabilidade monetária, a criação de programas de transferência de renda e o desenvolvimento econômico, fruto do trabalho de várias mãos e vários partidos. Só que, nos últimos anos, o país está paralisado, o que gerou a revolta na população.


O povo brasileiro não suporta mais as filas intermináveis nos hospitais públicos, nem os exames médicos que nunca são feitos; não tolera enfrentar longas viagens para o trabalho em ônibus velhos e superlotados nem as escolas sucateadas e o sistema de ensino defasado. A população exige mais e melhores serviços públicos, todos com o “padrão FIFA” de qualidade.


A Copa do Mundo, e as graves denúncias de corrupção que cercam o evento, foi o catalisador dos protestos. Os brasileiros surpreenderam os adeptos da velha forma de fazer política, e não se conformaram com o “pão e circo” oferecido pelo governo. A população exige que o mesmo padrão de excelência utilizado na construção dos estádios seja aplicado nos serviços públicos prestados pelo Estado.


Os manifestantes ocuparam as ruas, de forma livre e pacífica, sem medos, exigindo a punição dos condenados no mensalão, clamando pelo fim da corrupção no governo, e querendo respostas e diálogos por parte do poder central.


No meu estado, o Acre, a população aproveitou o momento para demonstrar sua insatisfação contra as crises de corrupção no governo estadual e contra os envolvidos na operação G7. Protestaram, também, contra as obras defeituosas, caras e intermináveis, feitas pelo estado, e exigiram o cumprimento das velhas promessas de campanha.


É importante entendermos que sociedade está contra a política, de uma forma geral, portanto a oposição precisa fazer suas reflexões e repensar suas práticas. Não podemos repetir os erros cometidos nas eleições municipais de 2012, quando a oposição comprometeu-se a marchar unida, respeitando à vontade das ruas, mas, por vaidades e projetos pessoais, cada partido preferiu rasgar o compromisso firmado, lançando várias candidaturas que levaram à derrota eleitoral na Capital e em várias cidades do interior, frustrando, mais uma vez, o eleitor.


Este é o momento de ouvirmos a sociedade, se tirarmos lições desse processo, e corrigirmos nossos erros, todos sairemos maiores. E essa será a grande vitória desse novo movimento social.


Este momento histórico é a melhor novidade da política brasileira dos últimos anos exatamente por obrigar os organismos políticos tradicionais a repensar suas condutas, e se todos nós ouvirmos a mensagem que chega das ruas, o Brasil estará preparando para um novo salto de desenvolvimento econômico e, principalmente, social; estará preparado para ocupar seu espaço entre os países de primeiro mundo. 


 * Márcio Bittar é Deputado Federal – PSDB/AC, Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados e Presidente Estadual do PSDB/AC


 


 


 


 


 


 


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