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Esta conta não é minha!

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Roberto Vaz

*Ray Melo


É impossível relatar gastos com a comunicação do governo do Acre sem citar a Companhia de Selva, empresa de publicidade responsável por gerenciar a verba de mídia governamental que neste ano pode chegar ao montante de R$ 14 milhões. Muito dinheiro, não é mesmo?


Mas ai o leitor se pergunta: o que eu tenho a ver com isso?


Simples!


O dinheiro é nosso, oriundo de impostos de todos os acreanos.


A crise institucional que pousou no Estado nos últimos meses evidencia isso. Nesta semana, o ex-líder do governo da Aleac, deputado Moisés Diniz (PCdoB) resolveu falar aquilo, que de repente, sempre quis expor, mas por circunstâncias nada republicanas e por defender “o projeto” não o fez.


Mesmo fazendo parte da base de apoio ao governador Sebastião Viana, o comunista Tarauacaense deu um tiro de basuca na neblina que envolve os gastos oficiais com mídia. Ele criticou os gastos do governo com publicidade, afirmando que é injusto ter R$ 14 milhões para a mídia e R$ 3 milhões para a Denfesoria Pública, instituição responsável por defender aqueles que não tem dinheiro para bancar um advogado particular. Ou seja: a maioria dos acreanos.


Isso com certeza não estará na propaganda oficial.


O desabafo de Diniz foi como um soco no estômago do governador. Soco este, que após algumas horas ao telefone celular, fez Diniz abrandar seu posicionamento e dizer que os gastos são necessários e previstos em lei.
Que saia justa, hein?


Não bastasse essa mudança brusca, o jornalista Fabio Pontes, que escreve no Blog Política na Floresta, levantou um assunto interessante e que causa calafrios em alguns. A Cia de Selva tem direito a 20% do valor que o governo repassa em contratos e aditivos. Ou seja: 80% do valor é destinado para o desenvolvimento de peças publicitárias do governo – Criação – e para o pagamento da veiculação dessa mídia nos meios de comunicação (Jornais, sites, TVs e outdoors, etc.)


Ele revelou que de janeiro a maio, a TV Gazeta (da qual seu patrão é proprietário), emissora que abrange 80% do estado, e líder em audiência, recebeu em média 48 mil reais por mês, o que daria em torno de R$ 600 mil por ano. No ponto de vista dele, pela lei de mercado, as concorrentes diretas, que são apenas três, deveriam receber quantia igual ou inferior. Neste caso, o valor gasto com todas, seria, no máximo, de R$ 200 mil por mês, ou R$ 2,4 milhões por ano.


Como Pontes fez questão de destacar, emissoras de rádio e jornais impressos não têm metade da audiência das TVs e, pela lógica, o gasto com esses veículos seria menor que os R$ 2,4 milhões já citados. Ou seja: dos R$ 14 milhões destinados a propaganda do governo, menos de cinco estariam sendo pagos aos veículos de comunicação do estado.


Afinal de contas, para onde está indo o resto desse dinheiro?


Indiretamente, os donos de veículos de comunicação, que de bobos só tem a cara e o jeito de andar, vem há muito tempo questionando o direcionamento do dinheiro público.  Para eles, o governo paga muito pouco para manter o controle a mãos de ferros sobre seus negócios e algumas insatisfações já são percebidas em notinhas de jornais e reportagens investigativas envolvendo gestores ligado a administração estadual.


Muitos poderiam falar que parte desse dinheiro poderia ser usado para bancar o Whisky do sócio-proprietário da Cia de Selva, Davi Sento-Sé e as viagens de seu fiel escudeiro Gilberto Braga, mas isso seria uma afirmação maldosa demais e ilegítima. Afinal de contas, farras e bebidas não custam tão caro como uma campanha política ou uma reeleição.


Captaram a mensagem?


A neblina tenebrosa que envolve os gastos com mídia não faz parte do Hall de informações que o governo do Acre disponibiliza no Portal da Transparência. Sabe-se muito pouco aonde o dinheiro é aplicado. Aliás, sabemos apenas via Diário Oficial. Lá, sempre aparece aditivos em cima de aditivos para empresa responsável por gerenciar a mídia. Estamos falando de muito dinheiro. E como todos sabem [o Ministério Público pode confirmar] que publicar em Diário Oficial não significa dizer que está legal, apenas torna o ato público.


Não podemos nem mesmo dizer que esse valor seria usado para a aprimoramento do Sistema Público de Comunicação que se encontra falido, defasado e mal gerenciado há anos. Aliás, a TV Aldeia, que deveria ser a principal voz do governo na televisão, não chega a registrar um traço na audiência.  Apesar do esforço de poucos profissionais da casa, o produto não chama a atenção e fica cada vez mais longe do significado real de Comunicação Pública.


*Ray Melo é jornalista e escreve em ac24horas – raymelo.ac@gmail.com


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


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