Para ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o atual formato do plebiscito proposto pela presidente Dilma Rousseff resultará em uma reforma política que aumenta o monopólio dos partidos políticos.
“O que estão propondo é para dar mais verticalização e maior monopólio para os partidos políticos”, disse Marina com exclusividade ao iG , na manhã desta quarta-feira (3). Para a idealizadora da Rede, os parlamentares precisam consultar mais a sociedade antes de encaminhar. “O Congresso não é a resposta, ele é uma ferramenta. Se for apenas entre o Palácio e o Congresso, eles não entenderam nada.”
Marina esclarece que acredita na necessidade de uma consulta popular, mas que não concorda com as perguntas e nem como ele foi decidido. “Não estou contra o plesbicito, estou contra a maneira que ele está sendo feito.”
Em sua campanha presidencial de 2010, Marina defendeu a criação de uma constituinte para elaborar uma reforma política, proposta igual a defendida incialmente por Dilma, e depois retirada. A ex-senadora disse ter amadurecido a ideia e que, após conversar com juristas, entende que a proposta não seja a ideal, mas que também não concorda com que o próprio Congresso elabore a reforma. “Quando os políticos viram uma classe, eles perdem a legitimidade para mediar os embates entre diferentes classes”, defendeu.
Marina criticou os atuais políticos que lutaram pela democratização do País na década de 1980 e agora não escutam o que a juventude está pedindo nas ruas, repetindo a forma tradicional de fazer política. “Nós influenciamos muito esses jovens que vão às ruas. Agora, além de decepcionar essa juventude, ainda querem desautorizar. Se você tem uma agenda, você consegue conversar com esse novo sujeito político em vez de quere encapsula-lo.”
Manifestações
Marina voltou a atribuir as manifestações que acontecem em todo País ao “novo sujeito político” que ela identifica na juventude atual, o que ela chama de “novo ativismo”. Para a ex-senadora, os jovens que vão às ruas não se identificam com as entidades clássicas como partidos e sindicatos, e procuram uma maneira direta de participar politicamente.
A ex-senadora alerta para que o momento não se perca em uma “fragmentação” de bandeiras, que pode levar o movimento a se perder sem produzir mudanças. “Qual é o problema do novo ativismo? É de se fragmentar, de virar uma coisa hedonista.”
Rede
Marina, que articula a criação de seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, rejeita o rótulo de pré-candidata à Presidência em 2014 e critica o adiantamento da agenda eleitoral.”Não se pode mais disputar o poder pelo poder, é preciso um intervalo para poder se discutir sobre o que se fazer sobre saúde, educação”, afirmou.
A ex-senadora disse que os apoiadores da Rede não se identificam com os rótulos de “oposição e situação”, pois no atual jogo político, “oposição por oposição só vê defeitos e situação por situação só vê as qualidades”, e é preciso enxergar além disso, defendendo as coisas boas que estão sendo feitas e exigindo melhorias no que está ruim.
Mesmo após recolher as 500 mil assinaturas necessárias para abrir a Rede, Marina busca ainda mais adesões, já contando com o descarte de 40% das fichas, e para isso procura um total de 800 mil apoios até o dia 10 de julho.
Fonte: IG São Paulo
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