Categories: Crônicas de um Francisco

O mordomo de Hitler

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Roberto Vaz

Querida Hellen, estou escrevendo essas breves linhas muito ansioso! Esse verão foi atípico! Sinto náuseas e muitas vezes tenho a má impressão de que os trópicos estão aqui. Não vejo a hora de ver a neve sobre o telhado, e passear sobre os lagos congelados aqui de Berghof.


Do pouco que meus conhecimentos sabem, e do muito que ouço, como por confissões das paredes dessa bela casa, a guerra está se desenvolvendo fora de nosso controle. Perdemos várias possessões na África e na Ásia, mas mesmo assim, ainda estamos conseguindo manter as frentes no Atlântico e contendo os inimigos do Leste.


Não creio que resistiremos muito tempo! Ouço todos os dias dos seguidores do Führer que ainda somos fortes! Nossa máquina de propaganda respira bem. Nossas mentiras se repetem incansavelmente para se tornarem verdades.


Tudo e qualquer coisa é motivo de espetáculos e de apoio ao ditador. Pequenas vitórias nos confins do mundo são mostradas como enorme força de bravura e coragem de nosso povo.


Parece haver controle, somos forçado a acreditar que todas as instituições estão debaixo de nossos braços. Mas você sabe minha doce Hellen! A Alemanha sofre e agoniza. Já são vários anos massacrados por essa ideologia estúpida e tola. Podemos coagir o povo a ir para as ruas e cantar os nossos hinos e marchas, mas ninguém acredita mais no que ver, nem no que repete pra agradar os ouvidos dos líderes da nação.


Ontem à noite, foram fuzilados vários profissionais da imprensa que discordaram do projeto do Führer. Suas famílias foram poupadas, morrerão de fome no Sul de Arbeitsdorf se não quiserem ajudar nos preparativos do grande plano.



A morte visita formalmente todos os que dão os menores sinais de que não aceitam as ordens do governo nazista. Na semana passada, nem umas crianças que brincavam na praça escaparam: foram enforcadas por terem ajudado um estrangeiro que se mostrava faminto. Diversidade e contraposição parece ter sumido de nosso belo e complexo idioma!


Não tenho pressa em minha vida! Sei bem que isso um dia passará. Quando voltar para casa, prometo que deixarei de fumar e de que a levarei mais vezes ao teatro depois do jantar.


Quanto a mim, permaneço aqui servindo o monstro, pois não posso abdicar de minha sina e possibilitar que algo possa ocorrer com vocês. Mande um beijo para Lithsder e diga a Klauss que não perdoarei a debilidade dele no xadrez.


Cuidado com o que dizem, e tenham atenção no que pensam! Peço mais uma vez que não desafiem quem levanta a bandeira nazista. Hitler nunca se expõe, escondidos em suas mansões secretas, manda seus guiados e seus fantoches tratarem de todos os problemas que surgirem. Cuidado com eles, pois darão a vida para salvar e defender seu grande ditador. Seu grande monstro social.


 


Por Francisco Rodrigues Pedrosa    f-r-p@bol.com.br


 


 


 


 


 


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Roberto Vaz

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