– Boa tarde! Sou novo na região, meu caminhão quebrou… e tô meio perdido. O senhor poderia me dizer onde eu poderia encontrar pessoas cansadas de tantas coisas erradas no poder público, e que não aguenta mais as mentiras diárias desses jornais “chapa branca”?
– Olha, não sei não! É melhor o senhor perguntar lá em Florestanópolis.
– Tá certo! E o senhor poderia me dizer onde é que a Polícia Federal está tendo muito trabalho nesses últimos dias?
– Polícia Federal? Ave Maria! Também não sei não. Seria bom o senhor se informar ali na frente, dobrando à direita, em Florestanópolis.
– Puxa! Que pena! O senhor sabe me dizer onde eu acho uma oposição destrambelhada, desarticulada, fraca e que não tem um projeto político definido?
– Ah! Uma que quer apenas o poder para repetir os erros atuais?
– Isso, isso! Sabe onde posso encontrar?
– Não, não! Mas tenho pra mim que se o senhor seguir em frente e perguntar lá em Florestanópolis, o senhor vão achar.
– Nossa! Que cidade mais atraente! Agora venha me falar que se eu buscar sindicatos pelegos, coniventes e que se submeteram aos donos do poder, por troca de favores dos mais variáveis possíveis, tornando-se um bando de lencinhos dentro da geleia, eu vou também encontrar lá?
– Tá ficando esperto hein! É assim mesmo. Tem isso também lá em Florestanópolis. E se quiser o senhor vai ver ex-governador ganhando pensões imorais pro resto da vida, só porque passaram quatro anos no poder.
– Sério? Mas o que eles dizem sobre isso?
– Não dizem nada! Vão pras televisões que lhes apoiam e fazem uma carinha de dengo e de coitadinho. O senhor precisa ver. Dá pena.
– Pena?
– É, pena dos bestas que acreditam nas lorotas deles.
– Mas moço, onde é que eu vou encontrar apresentadores de televisão que pareciam umas gralhas chocas, denunciando tudo de errado na cidade, mas que quando foram eleitos, deram pra ficar caladinhos ou puxando o saco do governador, satisfeitos com seus gordos salários e sua vida mansa?
– Credo! Que falta da identidade! Olha, eu não tô certo não. Mas se o senhor for lá em Florestanópolis, o senhor vai encontrar com certeza.
– O chato de ser novo num local é isso. Não sabe de nada.
Tô indo! Muito grato pela ajuda. Só me diga mais uma coisa. Seu quiser ver ruas mal feitas, gasto excessivo com publicidade, endividamento irresponsável, denúncias de superfaturamento de obras públicas, servidor coagido a balançar bandeira pra não perder o emprego e um montão de cargos comissionados pra abrigar os bajuladores de plantão, onde que eu acho esse trem, sô?
– Ah! Isso aí eu sei bem. O senhor pode descer do carro, se quiser, pode dar uma boa caminhada e o senhor chega a Florestanópolis. Lá tá uma festa.
– Festa? Muito bom isso!
– É sim! Mas o senhor sabe que em festa de lagarta ninguém convida beija-flor.
– Festa de lagarta ninguém convida beija-flor. De onde o senhor tirou isso?
– Aprendi lá em Florestanópolis!
Por Francisco Rodrigues Pedrosa [email protected]