As vagas da edição de 2014 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) só serão definidas no segundo semestre, mas a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mais seis universidades públicas já decidiram aderir ao sistema que usa as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na seleção de alunos. Com isso, o Sisu já garante, para o ano que vem, pelo menos 13 mil novas vagas, revela levantamento feito por jornalistas do G1 pelo Brasil*. Ao menos seis outras instituições estudam entrar no processo de seleção.
O número de vagas deve ser ainda maior, já que algumas universidades já participantes do Sisu aumentarão a oferta, como a Federal de São João Del Rei (MG), que neste ano destinou 10% das vagas ao Sisu e em 2014 oferecerá 100% delas. Isso deve representar cerca de 1.500 novas vagas.
Quem quiser concorrer às vagas deve se inscrever na edição de 2013 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que tem inscrições abertas até o dia 27 de maio. As provas acontecerão nos dias 26 e 27 de outubro.
Neste primeiro semestre, o Sisu ofereceu 129 mil vagas em 102 instituições do ensino superior no primeiro semestre de 2013. O número representa quase o triplo das vagas na primeira edição, de 2010, e o dobro de instituições. Veja o aumento no quadro abaixo.
Novas adesões ao Sisu
Para o primeiro semestre de 2014, além da UnB e da UFMG, já decidiram que vão participar do Sisu outras três federais: doTriângulo Mineiro (UFTM), da Grande Dourados (UFGD, em Mato Grosso do Sul) e da Integração Latino-Americana (Unila, no Paraná). Três estaduais – a Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (Fecea) – também decidiram trocar o vestibular pelo processo seletivo organizado pelo MEC.
Além das instituições que já confirmaram presença, outras seis universidades dizem que estudam adotar o Sisu ainda na próxima edição: as federais do Amapá (Unifap), Bahia (UFBA), da Fronteiras Sul (UFFS, de Santa Catarina), do Pará (UFPA) e de Campina Grande (UFCG, da Paraíba), além da Universidade Estadual de Rio Grande do Norte (Uern).
No caso das instituições que participaram da última edição, 81 já confirmaram, por meio da assessoria de imprensa que seguem no Sisu. As demais ainda não decidiram o formato da seleção, mas historicamente a adesão ao sistema se repete, mesmo que com um número diferente de vagas.
Até agora, apenas uma instituição decidiu não mais aderir integralmente ao Sisu. A Fundação Universidade do Tocantins (Unitins) diz que, depois de testar a adesão de 100% das vagas ao Sisu em 2013, decidiu reduzir o número por causa da quantidade de vagas remanescentes. O motivo, segundo a assessoria de imprensa da instituição, é a incompatibilidade do calendário.
Enem como modelo único
Em entrevista ao G1, o ministro Aloizio Mercadante afirma que a adesão é definida de forma autônoma pelas instituições, mas diz que o número de universidades no Sisu cresce “à medida que o Enem está cada vez mais consistente, com mais credibilidade”. Ele considera positivo o resultado do último exame, já que nenhuma questão objetiva foi contestada por mais de um curso pré-vestibular, e, no caso das redações, que recebem o maior número de críticas, apenas seis de mais de 4 milhões de provas tiveram a correção contestada publicamente.
“Acho que [o Enem 2012] foi muito exitoso, e está dando segurança para as universidades aderirem ao Sisu e ao Enem. O importante é que cada federal que adere ao Sisu tem uma economia de recurso escolar. E é mais um espaço democrático para que estudantes do Enem possam participar.”
Mercadante estima que o custo de manutenção de um processo seletivo às instituições que ainda têm o vestibular tradicional ultrapassa os R$ 5 milhões.
Para Jaime Tadeu Oliva, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo (USP), os brasileiros ainda estão se acostumando ao Enem e ao Sisu como alternativas ao sistema de seleção que predominou nas universidades durante décadas. Segundo ele, algumas das críticas ao novo modelo tentam legitimar o sistema antigo. “Mas o vestibular tradicional, situado em cada universidade, seguindo o modelo de cada estado, de cada cidade, ele também foi produtor de um conjunto de vícios, macetes, truques e mercantilização do processo de ingresso”, diz.
Segundo ele, estudantes, pais e professores se acostumaram com um processo “todo voltado apenas para os modelos de prova, não para o conhecimento”. Oliva diz que não há provas concretas de que a seleção feita pelas universidades garante um bom desempenho dos candidatos durante o ensino superior. Ele atribui a maior aprovação no vestibular aos gastos com cursinhos e escolas que preparam o estudante especificamente para as provas do processo seletivo.
“Do ponto de vista do conhecimento, da qualidade de ensino, [esse modelo] não é sustentável. Por outro lado, o ensino médio também se comprometia muito com esse tipo de ensino”, afirma Oliva.
Embora isso não queira dizer que todas as instituições devam abandonar o modelo tradicional, Oliva defende que a alternativa apresentada pelo Enem ja é positiva por reduzir a predominância do sistema anterior.
“O fato também de ser uma prova única e, portanto, de não privilegiar regiões ou universidades, também obriga a repensar o modelo. Você sai daquele comodismo de simplesmente investir nos conteúdos de certas especialidades e você tem que pensar em um aluno mais global”, afirma o professor.
Fonte: G1
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