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Filho de secretário preso diz que imagem de bandido nunca mais poderá ser desfeita

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Jairo Carioca – da redação de ac24horas
jscarioca@gmail.com


Em carta emocionada, o filho do secretário Wolvenar Camargo, Caetano Camargo, relata a trajetória de vida do pai desde sua chegada ao Acre, há 32 anos atrás, até a imagem de sua prisão, na última sexta-feira (10). Para ele, o que fizeram com seu pai é uma injustiça. “Sabe aquele mineiro de nascença e acreano de coração? Esse é o meu pai (…) relata em um dos trechos da carta.

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Camargo lembra de uma das passagens mais difíceis que a família enfrentou no Acre em que Wolvenar Camargo sentava junto com sua mãe na varanda de casa, para escutar o jornal pela TV do vizinho. “Tratá-lo assim como um bandido é uma forma de descaso que nunca mais poderá ser desfeita”, desabafa o filho.


Wolvenar_filhoVEJA NA ÍNTEGRA A CARTA:
Posso ser leigo, não entender como as leis, os artigos, os parágrafos se desenrolam, porém o pouco que eu imaginava ter conhecimento caiu por terra. Imaginava eu que todos nós perante a lei somos inocentes até que se prove o contrário e que antes de qualquer coisa, todos nós temos direito a defesa e de termos conhecimento do que estamos sendo acusados antes de qualquer represália.



De repente acordo um dia e descubro que realmente eu sou um sonhador (como pessoas que convivem comigo dizem, que vivo nas nuvens, no mundo da lua). Em uma manhã tão normal como outra qualquer vejo meu pai, sim meu pai Wolvenar Camargo Filho cercado pela polícia na minha casa. Sabe aquele mineiro de nascença e acreano de coração? Esse é o meu pai, uma pessoa guerreira e corajosa que se formou em arquitetura e que como um bom cabeça dura que sempre foi (como poderia ser diferente um descendente de italiano e pra quem acredita ainda por cima nasceu ariano) ao conhecer o Acre pouco antes de sua formatura já havia decidido que iria voltar pra cá.



Foi assim que há mais ou menos 32 anos, com uma mala na mão e um sonho em mente, chegou aqui sem nada, e fez daqui seu lar, escolhendo esta terra e a aceitando de coração, começando a crescer aqui e inclusive constituindo sua família. Mesmo passando dificuldades e estando longe de todos seus familiares e pessoas queridas, não desistiu e batalhou, e como batalhou.



Chegando aqui para morar em uma humilde casa (lembro-me de uma história marcante que ele e minha mãe contam, que como não tinham condições sentavam em sua varanda para poderem escutar o jornal da TV do vizinho) e com muito esforço conseguir fazer sua vida aqui, sempre trabalhando árdua e honestamente para conseguir tudo que conquistou até hoje. Fez nesta terra, da qual hoje sou filho, seu nome profissional sempre demostrando sua competência, responsabilidade, esforço, honestidade e sempre tendo como maior riqueza o seu nome, sua ética e sua honra.
Um pai que mesmo não tendo muito, nunca deixou faltar nada a nós três, seus filhos. Que mesmo em momentos de grandes dificuldades fazia questão de nos manter bem, de nos prover estudos, de nos dar tudo que podia, e sempre foi assim. Um pai totalmente amoroso que sempre nos ensinou a sermos corretos, educados e que nos mostrava sempre que a base de tudo são os estudos, que se não batalharmos e estudarmos não seremos nada nesta vida. Uma pessoa que sempre lutou tanto, que sempre se dedicou ao máximo ao seu trabalho e sempre defendendo seus ideais.
Realmente posso dizer uma das pessoas mais fortes que conheci em minha vida, que mesmo em frente a um câncer que lhe acometeu e lhe deixou sequelas, não se deixou abater, levantando sempre a cabeça e enfrentando seus problemas de frente. Uma pessoa que por tanto empenho em seu trabalho, começou a apresentar sinais de cansaço tendo sua saúde afetada, mas que mesmo assim, nunca diminuiu seus esforços em relação ao seu trabalho e ao cuidado dos filhos.



De repente me vejo perdido em meus pensamentos. Acho que por um sentimento de indignação e impotência, vejo a imagem de meu pai sendo atingida de uma forma tão covarde, sem nenhum direito de defesa, sem realmente não haver nenhuma prova concreta, sem nenhuma explicação plausível. Simplesmente quiseram assim e assim foi feito. Não que eu ache que não deva haver investigação, que os fatos não devam ser apurados, mas deveria primeiramente haver respeito na forma com que as coisas são tratadas. Deveria haver consideração, tratar meu pai como culpado sem nem ao menos mostrar provas contundentes, sem ter um julgamento, sem haver uma real explicação. Tratá-lo assim como um bandido é uma forma de descaso que nunca mais poderá ser desfeita.



Meu pai que sempre fez de tudo para melhorar o Estado que tanto ama, que por escolha fez dele seu Estado do coração, que sempre batalhou para que houvesse um futuro melhor e que, principalmente, sempre priorizou a transparência. Isso sem dúvida nunca poderei chamar de justiça, muito pelo contrário, tudo que está ocorrendo, tudo que vejo falar e nada provar, tudo o que temos passado, só pode ser descrito com uma só palavra. O que fizeram com meu pai é uma INJUSTIÇA.
* Caetano Camargo, 28 anos, filho do Wolvenar Camargo


 


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