O governador do Acre, Tião Viana (PT), foi informado na manhã desta sexta-feira, 10, pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), sobre a Operação G-7, que investiga um esquema de fraude em licitação e desvio de verba pública no Estado. Segundo Cardozo, a informação ocorreu em meio a realização da ação dos agentes e foi dada pelo telefone por volta das 8 horas de Brasília.
“Eu liguei para o Tião Viana. Sempre que temos uma operação da Polícia Federal que envolva escalão mais elevado de governo, eu, no momento devido pelas normas, comunico ao governador e me coloco à disposição”, disse Cardozo em Brasília. Na operação, a Polícia Federal prendeu o sobrinho de Tião Viana, Tiago Paiva, diretor de Análise Clínica da Secretaria Estadual de Saúde, o secretário de Obras e outros servidores públicos do Estado e de Rio Branco.
Cardozo afirmou, no entanto, que quando ligou para o governador não sabia da prisão de Tiago Paiva. Questionado sobre a reação de Tião Viana, o ministro disse que ele apoiou a ação. “O governador falou que a Polícia Federal tinha de cumprir a sua missão. E, na avaliação dele, se houvesse irregularidades, a PF tinha que cumprir o seu papel”.
No decorrer das investigações, iniciadas em 2011, a PF analisou seis contratos de obras públicas e estima que R$ 4 milhões foram desviados. O valor total dos contratos é de R$ 40 milhões. A polícia confirmou as prisões do ex-secretário de Estado de Habitação e ex-superintendente da Caixa, Aurélio Cruz; e do diretor executivo da Secretaria de Estado de Habitação.
O nome da operação é uma referência ao grupo das maiores economias do mundo. De acordo com as investigações, sete empresas se revezavam nas licitações e apenas simulavam a concorrência. “Com o cartel, elas praticamente dominavam todas as licitações do Estado na área da construção civil”, afirmou o superintendente regional da Polícia Federal do Acre, Marcelo Sálvio Rezende Vieira.
A Polícia Federal disse ainda que as obras da Cidade do Povo, projeto orçado em R$ 1,1 bilhão e que prevê a construção de 10,5 mil moradias em Rio Branco, eram objeto de interesse do grupo. Outros servidores e empreiteiros também são investigados. Os nomes e o número exato de envolvidos não foram informados. A PF informou que todos devem responder pelos crimes de formação de cartel, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, fraude à licitação e desvio de recursos públicos.
O sobrinho do governador, de acordo com a PF, estava envolvido no desvio fraudulento dos recursos do SUS. “Pessoas ligadas ao governo do Estado facilitaram a contratação de uma empresa que utilizaria recursos do Sistema Único de Saúde”, disse o superintendente da PF.
Agência Estado
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