Morreu nesta quarta-feira o ex-governador Orleir Cameli. Na vivência de mais de 30 anos de colunismo político posso afirmar que, não passou pelo Acre um governante mais acossado pela imprensa, membros do MP, deputados e senadores, que o Orleir. Ao longo do seu governo se juntaram num grande bloco para brecar a sua administração e criar clima para uma intervenção federal.
Rolo compressor
Chegou a um ponto que às 17 horas, na maioria das vezes às sextas-feiras, o grupo se reunia no gabinete de um Procurador que por aqui passou para montar estratégias para a sua queda.
Nessas reuniões, conhecidas entre os jornalistas como “maldade das cinco”, em referência ao horário de 17 horas, se fazia uma espécie de cronograma de ataques para a próxima semana.
Fato e ações
Dalí, saiam as denúncias a serem publicadas, que serviriam de base para novas ações judiciais contra Orleir Cameli. A meta era juntar um calhamaço para justificar uma intervenção federal.
Mundo estranho
Orleir Cameli, quando se elegeu, não tinha a idéia do que era a política no macro, ser prefeito em Cruzeiro do Sul, sem oposição, onde fazia o que queria, diferia de ser governador do Acre.
Fenômeno eleitoral
Sua eleição foi um fenômeno. Um nome conhecido só em Cruzeiro do Sul, sem traquejo político, se candidata, bate todos os líderes da política acreana e se elege governador.
Obras e complicações
Levou o asfalto a Sena Madureira, na direção de Brasiléia, mas seu sonho era asfaltar a BR-364 até Cruzeiro do Sul. Foi seu erro. Todos os seus adversários se uniram para impedir esse fato.
Muito simples
É qual o motivo? Muito simples! Se conseguisse essa sua meta se tornaria o maior líder político do Acre. E isso não interessava aos partidos tradicionais que, até então dominavam o cenário.
Perda de apóio
Aos poucos os aliados de primeira hora e os conquistados no primeiro ano de mandato foram se afastando. Chegou ao ponto de só ter na bancada federal o deputado Osmir Lima (PMDB).
Presa fácil
Sem respaldo político foi o início da sua derrocada. Não tinham mais paz para nada. As denúncias e ações pipocavam aqui e eram bisadas na Câmara Federal e no Senado Federal.
Grande prato
Uma operação de leasing, dentro da legalidade, feita pela sua empresa para a aquisição de um Boeing 727, foi vendida na mídia nacional pelos senadores da oposição como um escândalo.
Manchetes nacionais
O fato de terem encontrado no avião algumas peças de reposição da aeronave não declaradas e do piloto ter problemas com a justiça alimentaram as manchetes nacionais e regionais.
Perdeu a paz
Orleir perdeu a paz. Não estava preparado para essa avalanche. Seu próprio partido, o PFL, não lhe deu em Brasília o apoio que esperava. FHC lhe fechou as portas e os recursos federais.
Momento propício
Formaram um pacote com as denúncias e os senadores Nabor Junior (PMDB) e Marina Silva (PT) foram encarregados de pedir ao Ministério da Justiça uma intervenção federal no Acre.
Cena insólita
O deputado federal Osmir Lima (PMDB) viveu uma cena insólita. Quando chegou para falar com o Ministro da Justiça, Nelson Jobim, ele deu de cara com Nabor e Marina saindo do local.
Fala do ministro
“Sabe o que vieram fazer?” Foi a pergunta de Jobim a Osmir. Vieram pedir intervenção federal e foi preciso os convencer que estamos numa democracia, contou o ministro ao parlamentar.
Intervenção negada
Experiente, Jobim sentiu se tratar de uma disputa política e nem quis entrar no detalhe do pedido de intervenção federal, o que seria um golpe contra um governador eleito pelo povo.
Perda do gosto
Orleir Cameli passou a ficar pouco tempo no Estado. Era uma forma de escapar dos ataques diários que tinham lhe tirado o gosto de governar. Assim levou até o fim do seu mandato.
Fora da política
Com a proximidade de uma nova eleição mandou chamar o amigo deputado federal Osmir Lima (PMDB), e lhe revelou: “Osmir não serei mais candidato á reeleição; para mim chega!”
Tentativa em vão
Osmir Lima ainda tentou demovê-lo: “Orleir, você está bem no Vale do Acre, no Juruá, em Sena Madureira, seu problema é a Capital, onde basta fazer política, você ganha”. Foi em vão.
Governo de estranhos
Um de seus equívocos foi de trazer pessoas de fora que, de uma forma ou outra estavam ligadas às suas empresas para ocupar postos chaves no governo. Foi munição para a oposição.
Pau e pedra
Por cima de pau e pedra o governo Orleir Cameli foi produtivo no aspecto de realizações. E muito ativo. A sua falha foi não saber lidar com a oposição e não manter uma base política.
PT no poder
Por mais estranho que pareça foi o responsável pela chegada do PT ao poder. O seu apóio ao candidato Jorge Viana (PT) foi fundamental para vencer no Juruá e ele se eleger governador.
Descanse em paz, Barão!
Depois de deixar o governo Orleir Cameli abandonou a política. Convidado a disputar vaga na Câmara Federal (ganharia de barbada) nunca quis. Até o fim da vida deu apoio aos candidatos majoritários do PT. Seu governo lhe rendeu de adversários cerca de quarenta processos. Se manteve estóico com a doença. A família foi seu único refúgio. O que mais se pode dizer, além de: descanse em paz no outro plano e para o qual todos irão, Barão Orleir Cameli!
Por Luis Carlos Moreira Jorge
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