Não sei bem pra quem escrevo. Mas não escrevo só pra mim. Não quero me agradar, quero agradar, trazer prazer em uma leitura que possa ajudar de alguma forma. É um sentimento estranho querer que encontrem nas letras tortas que profiro alguma forma de entender esse mundo belo e radical.
Não busco a incompreensão. Não faço tipo com letras difíceis para demonstrar erudição. Gostaria de chegar ao homem que pesa o peixe no mercado e ao que discute as últimas notícias da bolsa de Frankfurt. Os parágrafos que crio têm sempre vários lados, várias facetas e apontam sempre para quem aponta. Minha letra é vida. Desata-se, não permite encarceramento, não se tranca em nós e convida a quebrarmos os modelos ruins que herdamos de quem não nos edifica.
Li certa vez que “não sou palavras, nem me defino por conceitos. Sou um ser móvel que ler situações e age”. Os conceitos nunca se solidificaram em mim. Minha vida tem uma necessidade do novo. No alto edifício do passado, estou segurando, com uma das mãos, à haste da bandeira no 23º andar.
Sou um grande baú para guardar o inusitado e fazer com que a novidade se sinta bem. Quero deixa-las às teias de aranhas, e quando o sol chegar, que o orvalho nos repasse o que a noite ofertou.
Sejam bem vindos à fortaleza do massacre, ao ressuscitar dos mortos e ao bem comum do povo.
Quando assisti a essas peças, nos anos de 1900 e alguma coisa, percebi que nós somos totens de nós mesmos. Ainda lembro bem que no meio de uma delas, uma feiticeira alertava que o arco-íris tem apenas duas cores: a que encanta e a que agride. O resto são conchavos e retóricas tolas de um mercador que vaga em terras que já passaram.
Bom estar de volta e acordar rindo. Espero que aceitem essa declaração de amor, pois almejo que vejam a cor que encanta.
Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA [email protected]