O Viagra, remédio utilizado para tratar problemas de impotência em homens, é ineficaz contra a insuficiência cardíaca, segundo uma pesquisa realizada por cientistas americanos e divulgada nesta segunda-feira (11).
Os resultados contradizem estudos realizados anteriormente, que haviam sugerido que o medicamento poderia ser benéfico para pessoas com insuficiência cardíaca diastólica, já que ele pode elevar o fluxo sanguíneo para outras partes do corpo, informou a agência de notícias AFP.
A insuficiência cardíaca diastólica faz com que as cavidades inferiores do coração endureçam, prejudicando a função de bombear sangue do órgão e provocando fraqueza e desânimo.
A pesquisa foi divulgada no congresso anual da Sociedade Americana de Cardiologia (ACC, na sigla em inglês), em San Francisco. Ela também foi publicada no periódico “Journal of the American Medical Association” (JAMA).
Feita com 216 pacientes em 26 localidades dos Estados Unidos, a análise demonstrou que o remédio, cujo princípio ativo é o sildenafil, é tão eficiente quanto um placebo para melhorar os sintomas da insuficiência cardíaca.
Além disso, boa parte dos pacientes que tomaram o Viagra apresentaram reações adversas, em comparação com aqueles que ingeriram somente o placebo. Isso levou os pesquisadores a recomendar aos médicos que deixem de prescrever o remédio para pessoas com doenças cardíacas.
Resultados decepcionantes
“Os resultados do nosso estudo foram surpreendentes e decepcionantes”, disse Margaret Redfield, principal autora e professora na Clínica Mayo, em Rochester, nos EUA, de acordo com a AFP.
“Havia muita expectativa em torno deste estudo, com base em outras pesquisas, e tínhamos a esperança de encontrar algo que pudesse ajudar os pacientes”, disse Redfield. Há poucas opções de tratamento atualmente para a insuficiência cardíaca diastólica, ressaltou a pesquisadora.
Os pacientes estudados tinham idade média de 69 anos. Quase a metade (48%) eram mulheres. Após 24 semanas, não foi comprovada nenhuma melhora cardiovascular nos voluntários. Durante o período do estudo, efeitos adversos, como sufocamentos e baixa pressão arterial, foram mais frequentes nos pacientes que tomaram Viagra do que nos que tomaram o placebo.
Além disso, seis pessoas do grupo que tomou sildenafil morreram antes do fim da pesquisa, enquanto não houve óbitos entre aqueles que ingeriram o placebo, de acordo com a AFP.
“Houve mais (mas não muitos mais) pacientes que retiraram seu consentimento, morreram ou estavam doentes demais para fazer o teste de esforço cardiopulmonar no grupo tratado com sildenafil, o que poderia acentuar a ausência de benefícios observados”, destacou o artigo.
O Viagra e outros remédios similares – conhecidos como inibidores da fosfodiesterase 5 (PDE5) – são utilizados para tratar problemas de ereção e hipertensão pulmonar. Alguns médicos, no entanto, os receitam para pacientes com insuficiência cardíaca, porque alguns estudos em animais e humanos, majoritariamente preliminares, haviam sugerido benefícios com esse tratamento, segundo a AFP.
Os últimos resultados divulgados “devem desestimular esta prática, sobretudo levando em conta o alto custo da droga”, disse Redfield em um comunicado.
Do G1
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