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Operação Delivery: Vítimas acusam delegado de coação, intimidação e tortura psicológica

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Gleydison Meireles – Especial para ac24horas
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Após quatro meses de incessantes investigações a Polícia Civil do Acre deflagrou no dia 17 de outubro de 2012, a Operação Delivery, que na ocasião prendeu seis acusados de agenciar garotas para exploração sexual.


A operação caiu como uma bomba no meio da sociedade acreana, já que comentava-se sobre o envolvimento de pessoas influentes como supostos clientes da rede de aliciadores, desmantelada durante a ação policial. Chegou-se a falar em uma lista com mais de 300 nomes, que após denuncia oferecida ao Ministério Público do Estado (MPE), não passava de 22.

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Desde o principio, a legalidade da operação, bem como a lisura dos depoimentos colhidos das supostas vítimas, eram contestados por advogados dos acusados, mas foi no dia 28 de fevereiro de 2013, que um lado obscuro da Delivery, trancafiado nos porões do prédio do MPE, onde funciona a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Decco), começou a ser exposto, como aquela sujeira que é empurrada para debaixo de um tapete, que vai se acumulando, até que um dia não há mais como esconder.


Bem mais que desarticular um bando de aliciadores de menores, a Operação Delivery, com sua lista de supostos clientes, expôs pais de família, filhos, avôs, tios, primos e irmãos a sociedade rotulados como exploradores de menores, pedófilos.


Um das pessoas apontadas como “cliente” fez o seguinte desabafo durante uma conversa informal, “Eu, um senhor de mais de 60 anos, casado há mais de 50, avô de quatro lindas crianças, pais de dois filhos, hoje sou taxado de pedófilo, acusado de forma leviana e irresponsável… minha vida nunca mais será a mesma”, disse em tom de revolta ao questionar os meios usados durante a Operação Delivery para se chegar a suposta lista de clientes.


De acusado a acusador – Jardel Lima Nogueira, de 33 anos, apontado pela polícia como o chefe da rede de agenciadores, revelou em depoimento durante a audiência pública da CPI que investiga o Tráfico de Pessoas no Brasil, que teria sido coagido pelo delegado da operação, Nilton Cesar Boscaro, para incriminar um deputado e um desembargador, que viriam a ser o deputado estadual Wherles Rocha (PSDB) e o desembargado do Tribunal de Justiça do Acre, Samuel Evangelista. Segundo Jardel Nogueira, o método usado pelo delegado também foi aplicado às supostas vítimas da quadrilha.


As declarações de Jardel Nogueira abriu uma verdadeira “caixa de Pandora”, e pôs em xeque a lisura da Operação Delivery.


Na tentativa de esclarecer a sociedade alguns pontos apontados por Jardel Nogueira, a reportagem do ac24horas conversou com três supostas “vítimas”, que não só negaram envolvimento com os acusados na operação, como denunciaram sessões de tortura psicológicas, intimidação e coação, dentro do prédio do MPE, onde está localizada a Decco. Duas maiores e uma adolescente de 17 anos, se dispuseram a dar declarações, mediante a garantia do anonimato, e contar os meios usados pela polícia para obter os nomes dos denunciados.


As entrevistas foram feitas em horários diferentes e as denunciantes não tiveram contato anterior a gravação.


Gritos, xingamentos e arma em cima da mesa 


A primeira entrevistada foi uma estudante de 17 anos, grávida de três meses, que revelou os momentos de terror vividos na sede da Decco. A estudante denuncia intimidação e coação e diz que por várias vezes foi xingada de mentirosa e cínica.


Quando se preparava para conceder a entrevista a adolescente demonstrou toda sua indignação com o delegado Nilton Boscaro. “Tenho vontade de cuspir na cara daquele delegado”, disse. Questionada por qual motivo, ela afirmou que seria por conta dos xingamentos que ouviu do delegado.


Perguntada de como tinha transcorrido o seu depoimento na sede da Decco, a jovem declarou: “Meu depoimento foi horrível; eu cheguei lá e ele (delegado) me coagiu, por várias vezes… ele bateu na mesa, me chamou de cínica, dizendo que a Rede Globo estava me perdendo porque eu era uma atriz de primeira, que eu sabia muito bem atuar! Disse ainda que eu era mentirosa. Eu fui tratada como lixo”.


De acordo com a estudante, o delegado não permitiu que sua mãe acompanhasse o seu depoimento, e mesmo sendo menor de idade foi interrogada sem o acompanhamento de um responsável ou mesmo de um advogado: “prestei depoimento sozinha, não deixaram minha mãe entrar, não deixaram nem eu falar com minha mãe”, denuncia.

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Quanto às acusações feitas por Jardel Nogueira, de que o delegado escrevia nomes em uma folha de papel para que os depoentes afirmassem que eram os supostos clientes, o fato foi confirmada pela menor. “Realmente, eles escreveram bem antes de começar a gravar e queriam que eu, tipo decorasse tudo aquilo que eles tinham escrito que era pra mim falar exatamente como ele escreveu, pra mim falar no vídeo”.


A reportagem pergunta se ela lembra do que havia escrito no papel e a adolescentes diz: “Tinham nomes de várias pessoas, nomes como o do Narciso Mendes, do Ramadan Kalil, do Jamil (Kassem Mastub) e do Fernando Martins (vereador do PCdoB de Rio Branco)”.


Segundo declarações da adolescente, o delegado perguntou se ela conhecia algumas daquelas pessoas que estavam com o nome no papel e ela afirmou que conhecia apenas dois: um porque teria sido seu namorado e outro conhecia da televisão. Nesse momento a jovem disse que o delegado bateu forte na mesa e gritando a xingou de mentirosa e cínica e fez outra revelação assustadora. “Ele não queria ouvir um depoimento limpo; ele queria sempre incriminar as pessoas”, disse a jovem.


A estudante prestou quatro depoimentos na sede da Decco, e todos foram prestados sem a presença de um responsável, ela afirmou ainda que foi coagida e intimidada todas as quatro vezes. “As quatro vezes que eu fui a delegacia eles nunca deixaram minha mãe entrar. Todas as quatro vezes ele bateu na mesa, me chamou de mentirosa, disse tudo isso que disse da primeira vez”.


Quanto às últimas declarações do chefe da Polícia Civil, secretário Emylson Farias a jovem dispara. “Sinceramente, a minha vontade é de ir lá e ‘quebrar o pau’, porque nada foi dentro da lei, todos os depoimentos foram sujos colhidos na base da coação”. E finaliza: “Ah eu me sinto… sei lá… me sinto uma nada, pela forma como fui tratada.”


“Nunca me prostituí, apenas saio com quem eu quero,
eu sou de maior e o delegado não tem nada com isso” 


Horas mais tarde a reportagem de ac24horas encontrou a segunda entrevistada. Jovem, 20 anos, bonita, estudante de artes cênicas e sem meias palavras ela confirma todas as acusações feitas por Jardel de Lima Nogueira e a adolescente de 17 anos.


Trabalhando como modelo, a jovem disse que esteve na delegacia uma vez, mas que foram os piores momentos de sua vida, relatando com detalhes desde o momento em que foi levada de sua casa até a sede da Decco. A denunciante disse que no momento em que saiu com os policiais, vários clientes estavam no comercio de sua mãe e que ela se sentiu constrangida, pois todos ficaram olhando.


“Chegou dois caras na minha casa dizendo que eu teria que ir a delegacia naquele exato momento; no comercio da minha mãe haviam muitos clientes, e todos ficaram olhando, parecia até que eu era a criminosa da historia. Quando cheguei à delegacia, eles me botaram dentro de uma sala com dois caras, um delegado e um outro rapaz, que não sei o nome, e uma moça loira que acho que é a delegada, ai ele (delegado) começou a fazer um monte de pergunta pra mim. Primeiro mostrou um monte de fotos de vários caras perguntando seu os conhecia e eu disse que não conhecia e realmente eu não conhecia. E ele dizia: você conhece sim, você é uma mentirosa, como é que você tá mentindo na minha cara?  Mas eu não conheço, voltei a dizer,  ai ele pegou e começou a gritar, e a mulher mandava ele parar”.


A jovem disse ainda que neste momento o seu depoimento já estava sendo gravado, mas o delegado interrompeu a gravação. A modelo revelou que no momento em que a câmera foi desligada o delegado bateu forte por duas vezes na mesa e começou a gritar, sendo advertido pela mulher, que a jovem acha ser a delegada Elenice Frez, do Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente Vítima (Nucria).


A entrevistada disse ainda que Nilton Boscaro, em determinado momento pegou uma arma e botou em cima da mesa, como forma de intimidar a vítima. “Pensei até que ele ia me dar um tiro, mas ai depois eu fiquei mais calma”.


De acordo com a jovem, o depoimento seguiu e todas a perguntas do delegado foram rebatidas de forma incisiva.


“O delegado me perguntou se eu era menina de programa, se eu saia por dinheiro, e eu disse que não; ai ele disse que eu era uma mentirosa, que eu saia sim, eu falei que não, que não era, que eu não fazia isso, e ele falou assim: como é que tu mente assim na minha cara menina, tu é muito mentirosa! Ai eu falei: ah, mas eu tô falando a verdade… ai ele falou:  mas você não tá falando a verdade mesmo! Deus me livre, aquele homem é o pior de todos, trata todo mundo como se fosse um bicho, entendeu, acho que nem um animal se trata daquele jeito”


Questionada sobre os nomes escrito no papel, a modelo afirmou que o delegado intimidava e coagia as depoentes para que elas confirmassem vários nomes como sendo de clientes dos agenciadores. “É, ele escrevia, parecia que a gente era alguma analfabeta, ele começava a escrever um monte de nome ai perguntava assim: você conhece esse aqui? Ai eu falava que não… ai ele: você conhece o Narciso Mendes? Ai eu falei: conheço, quem não conhece ele da televisão? Ai ele disse: eu não conheço! Ai eu falei: então o senhor não assiste televisão”


Sobre outros nomes escritos pelo delegado a jovem revela que ele também perguntou se ela conhecia o arquiteto Ramadan Kalil e outras pessoas, e que o delegado queria que ela afirmasse que essas pessoas a contratava para programas sexuais.


“Entre os nomes que ele escreveu tinha só bicho’, só gente da alta’, não tinha nenhum lascado lá não! E ele pedia que eu afirmasse que eles me contratavam para sexo”, enfatiza.


A jovem disse que no momento está se recuperando do trauma sofrido por conta de toda a intimidação que sofreu na delegacia, e finaliza sua entrevista afirmando que não é garota de programa.


“Eu sou maior de idade e saio com quem eu quero e ele (delegado) não tem nada com isso. Não sou garota de programa, quem mal tem em sentir prazer e dar prazer para o parceiro? Mas ai se o cara dá um dinheirinho, o que tem de errado? Quem é que não gosta de usar uma roupa boa, uma bolsa de marca, um sapato de marca, acho que toda mulher gosta”.


“Antes do depoimento fiquei cerca de quatro horas
em uma sala sendo intimidada” 


Final da tarde e a equipe do ac24horas encontra a terceira denunciante, uma jovem alta, cabelos na altura dos ombros, bem vestida e maquiada, mas com um semblante entristecido.


A jovem de 21 anos foi uma das vítimas ouvidas durante a Operação Delivery, e assim como as outras duas garotas, fez denúncias pesadas contra os delegados. Segundo ela, foram horas de intimidação, coação e tortura psicológica antes do inicio do depoimento.


“Na delegacia fui levada para uma sala no subsolo do prédio; um homem ficou comigo e por cerca de quatro horas fui intimidada, coagida e torturada psicologicamente para falar algo que eu não sabia. Esse homem por várias vezes pedia para eu falar toda a verdade, mas quando eu começava a falar ele dizia que era mentira. A todo momento o delegado entrava na sala e perguntava se eu estava colaborando; batia na mesa, gritava, xingava e me chamava de mentirosa”, revela a jovem.


A denunciante conta ainda que momentos antes de subir para a sala onde prestaria depoimento, o delegado pegou uma folha de papel e começou a escrever nomes e valores, que ela acredita que fosse para decorar e falar durante depoimento.


“Horas depois de tudo aquilo, ele (delegado) perdeu o controle, pegou um papel e começou e começou a escrever como se desse a intenção que eu decorasse tudo aquilo para falar quando ele tivesse gravando o depoimento. Ele falava valores e anotava no papel dizendo que eu fazia programas a R$ 150,00, anotava nomes de pessoas que eu nem conheço como se fossem meus clientes. O único que eu conhecia era o empresário Narciso Mendes, porque uma vez fui a um churrasco na casa de um amigo e ele estava lá com a família, mas os outros eu não conhecia”.


A denunciante disse que chorava muito por conta dos gritos e xingamentos do delegado. Disse que em uma determinada hora em que ficou só com um investigador, falou tudo que sabia, que não fazia programas e nem conhecia as pessoas que o delegado afirmava que ela conhecia. De nada adiantou, pois segundo ela, o investigador afirmou que havia gravações… “eu pedi para ele mostrar essas gravações, mas nada foi mostrado”.


“Depois de toda pressão sofrida fui levada para a sala de depoimentos, e lá estavam uma moça loira, que acredito que seja uma delegada e um outro investigador. Na sala de depoimento o delegado mudou totalmente sua atitude, com uma cara irônica ficava só me olhando. Na sala, durante o depoimento, houveram momentos em que ele me agrediu verbalmente, mas sempre era contido pela delegada, que se apresentava mais amigável, mas que também me perguntava se eu conhecia o deputado Rocha e outros empresários. Antes de prestar depoimento eles ficavam me perguntando coisas pessoais, coisas íntimas, como por exemplo, se eu fazia sexo anal, se fazia sexo oral, se eu lembrava com quantos homens eu já havia feitos sexo… essas coisas que acredito que não fazem parte da investigação”, disse.


A entrevistada disse ainda que ficou tão abalada com a pressões sofridas que decidiu confirmar algumas coisas escritas pelo delegado. “Eu estava com quase cinco horas naquela delegacia, com fome, cansada e muito abalada psicologicamente, eu só queria sair de lá. No outro dia eu retornei para assinar meu depoimento; foi a coisa mais terrível na minha vida”, desabafa.


A entrevistada disse ainda que os delegados insistentemente perguntavam sobre o envolvimento dela com os pecuaristas Adálio Cordeiro e Assuero Veronez, o que sempre foi negado. De acordo com a jovem, ela conheceu Adálio Cordeiro quando trabalhava em uma joalheira onde o fazendeiro era cliente. Adálio, que de acordo com a denunciante tem uma coleção de relógios, sempre comprava na loja onde trabalhava e era um de seus clientes, na joalheria. Já Assuero Veronez, a jovem afirma veementemente que nunca teve envolvimento com ele, que o conhecia de lugares comuns e que até onde ficou sabendo nenhuma de suas amigas se envolveu com o pecuarista por dinheiro.


“Eles (delegados) queriam que eu afirmasse que me prostituía e que eles eram meus clientes. Isso é um absurdo. Depois desses depoimentos algumas conhecidas que também foram envolvidas nessa operação confidenciaram as mesmas coisas, os mesmo nomes e a insistência dos delegados em que elas afirmassem que o Assuero, o Adálio, o Narciso, o Ramadan e muitos outros eram clientes e que pagavam para manter relações sexuais com elas”, finalizou a jovem dizendo que depois dos horrores sofridos na Decco tem tomado remédios para conseguir dormir.


 


“Toda a operação aconteceu dentro da
legalidade”, diz Nilton Boscaro


Diante das pesadas acusações feitas pelas três jovens sobre coação, intimidação e tortura psicológica, a reportagem do ac24horas procurou o delegado Nilton Cesar Boscaro, titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Decco), que opera nas dependências do Ministério Público do Acre, na Rual Alvorada, Bairro Bosque.


Delivery_delegadoNas entrevistas as jovens acusam o delegado de ser uma pessoas truculenta e que teria induzido as denunciantes a acusar pessoas, que segundo elas são inocentes.


Nilton Boscaro disse que está tranquilo diante das acusações e tem a plena certeza que a Polícia Civil agiu dentro da legalidade.


O delegado disse ainda que todos os depoimentos foram tomados de forma legal, licita e que em momento algum as vítimas foram coagida, intimidadas ou até mesmo induzidas a incriminar algum dos citados.


“Estou muito tranquilo diante de tudo isso; tenho a plena certeza de que toda a investigação, a operação e os interrogatórios foram realizados dentro da Lei e de forma licita. Nenhuma das vítimas ou até mesmo os acusados forma coagidos, intimidados ou induzidos a nada, agimos dentro da legalidade, os depoimentos foram colhidos na presença de dois delegados, eu e a delegada Elenice Carvalho Frez do Nucria, e também diante de uma testemunha instrumentária, que é uma pessoas destinada a acompanhar os interrogatórios”, disse Boscaro.


Questionado quanto as acusações psicológicas e pressões aplicadas contra as denunciantes para que revelassem nomes de possíveis clientes, Nilton Boscaro foi taxativo.


“A Polícia Civil trabalha com inteligência e não com truculência; todos os depoimentos foram gravados, as vítimas foram interrogadas de forma tranquila, nenhuma sofreu qualquer tipo de pressão. Pelo contrario: todas ficaram a vontade para falar o que sabiam. Agora sim, algumas perguntas pertinentes a investigação foram feitas, mas em momento algum como forma de induzi-las a acusar qualquer dos citados”, declarou o delegado.


Demonstrando muita tranquilidade, Boscaro finalizou afirmando: “A Operação Delivery foi formatada ao longo de quatro meses de investigação, onde as equipes de investigadores se revezavam 24 horas por dia, sete dias por semana… então seria uma grande irresponsabilidade por parte da polícia usar de métodos ilegais, de coação, intimidação ou até mesmo de tortura psicológica para acusar alguém. Foram várias horas de monitoramentos, de fotos, de vídeos e tudo foi apresentado e aceito pela Justiça como prova, por isso volto a afirmar, a Operação Delivery aconteceu dentro da legalidade”.


SEM COMENTÁRIOS – A reportagem também entrou em contato com o membro do Ministério Público do Acre, promotor Danilo Lovisaro para comentar sobre as denúncias. Ao contrario do delegado Nilton Boscaro, o promotor não quis falar a respeito do caso e atribuiu as denuncias feitas pela jovens como uma estratégia de defesa.


“Vocês não vêem que isso é uma estratégia de defesa! O processo já foi judicializado e o Ministério Público não tem nada a declarar a respeito disso”, disse o promotor.


Assista depoimentos:


As imagens do vídeo estão com um tarja preta e com efeito para preservar suas identidades


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