Categories: Crônicas de um Francisco

Davi e Golias

Por
Roberto Vaz

O surgimento do rádio e da televisão, bem como o aprimoramento da imprensa escrita e mais tarde o nascimento da revolução virtual deram ao mundo um maior volume de informações e capacidade de participar do que acontece em qualquer parte do mundo, independentemente do momento.


Os livros perderam espaços. Fato. Temos hoje um novo tipo de leitor: mais veloz e mais prático. Não sei se mais completo, porém muito mais dinâmico e exigente com o que irá ferir seus olhos.


Sem discutir a qualidade do que escrevo, esse tem sido meu maior dilema: expor a trama das coisas que apresento, sem cansar em demasia o digníssimo leitor do ac24horas. Afinal de contas, sua leitura, atenção ou crítica são para mim satisfatórios aplausos.


Mas não nego nunca! Minha educação me fez preferir os livros, apesar de que não me abstenho dos outros modelos de informação. Gosto de blogs, reportagens e matérias jornalísticas e esforço-me para conciliar com a minha paixão: a suave dança dos dedos com as páginas de meus autores preferidos.


Mas um dia desses fiquei pensativo! Em casa, clima de satisfação pós-almoço, minha mãe do lado, meus dois irmãos e uma matéria na televisão.


O jornal era um bem conhecido de nossas horas do almoço. O apresentador informava-nos que foram encontrados não sei quantos cheques e um cofre que tinha sido localizado nas proximidades do SINTEAC.


Até aí tudo bem. Tudo dentro desse modelo de jornalismo. Cenas do material que tinha sido furtado, delegacia, entrevistado fazendo pose para falar e um repórter, no final, chamando o retorno para a redação.


Aí vem a coisa mais impressionante do programa. O apresentador,  avisa que a equipe de reportagem foi até o local onde o cofre tinha sido encontrado por populares.


O (A) repórter retoma a reportagem e nos mostra um caminhão, desses que guincham carros quebrados, puxando o cofre do meio do mato.


Isso mesmo!  A reportagem foi o caminhão puxando o cofre arrombado de dentro do matagal. Só isso. Apenas isso. Um guincho conduzindo o cofre onde estavam os cheques apreendidos.


Não! Não foi só isso! Ele (a) ainda perguntou a um senhor, responsável pela importante operação, quantos quilos pesava o cofre. Ele disse que não sabia.  Para nosso prejuízo, para destruir nossa cognição, ficamos sem saber quantos quilos pesava o cofre.


Pasmo, um tanto quanto confuso, querendo compreender o que tinha acabado de presenciar, baixei a cabeça e me calei.


Ouvindo as gargalhadas ao meu redor dos que estava na sala, lembrei-me de uma vez em que o jocoso jornalista Paulo Francis comentou, concedendo uma interessante entrevista, que “o jornalismo brasileiro era feito de ALTÍSSIMOS e BAIXÍSSIMOS.”.


Sem palavras!


POR FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA   f-r-p@bol.com.br


 


 


 


 


 


 


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Roberto Vaz

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