Categories: Crônicas de um Francisco

Eu também não sabia, Lula

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Roberto Vaz

Venho acompanhando de longe as manifestações do anterior presidente do Brasil. Vez e outra, acessando uma página qualquer de jornalismo nacional, vejo o cômico e digo: lá vem ele com frases tortuosas, cafonas, contrárias ao menor senso do aceitável por qualquer pessoa que suponha não ser bem um idiota.


Já na presidência, em muitas oportunidades, ao ouvi-lo, me imaginava estar em um botequim, entre amigos de copo, ou na rua com os amigos do bairro mexendo com a mulher que passa.


Não é preconceito! Tampouco tem a ver com sua declarada falta de instrução. Não é isso. Ou se for também isso, é menor que as consequências do uso desgastado de uma capa vermelha que esse senhor usou por tanto tempo para esconder quem realmente eram e o que queriam.


Dou-me por consternado com essa mudança tão radical que a imagem dele sofreu. O que vemos hoje não era assim há alguns poucos tempos. Algo bom para tecermos alguns comentários.


Aclamado por uma unanimidade avessa ao postulado de Nelson Rodrigues, o ex-presidente hoje se arrasta em festas panfletárias realizadas pelo partido que ele criou e agoniza sempre uma suspeita de que lhe perguntarão sobre o colossal escândalo que abalou as estruturas política da nação, e se ele sabia ou não de todo o processo (esquema) desenvolvido.


Recentemente, numa dessas paradas políticas “tira-piolho”, no meio de tantas bobagens, saiu uma pérola que me fez gargalhar:


 


“Se querem ver como PT é importante, imaginem esse país sem o partido. Hoje é impensável o Brasil sem o PT. E mais impensável ainda é o país sem essa experiência do nosso governo. E qual o milagre dos nossos 10 anos? É que a nossa chegada trouxe tudo que a CUT [Central Única dos Trabalhadores] sonhou durante a vida inteira. O desejo reivindicatório dos trabalhadores foi cumprido. Quantos companheiros morreram e não viram o PT chegar ao governo”,


 


 Não sei bem pra quem é dirigido a aviso de que hoje seria impensável o Brasil sem o PT. Bom, posso pensar fertilmente e indagar:


Seria para o Marcos Valério? Não sei. Paro José Dirceu, para o Genuíno? Não sei.


Seria para os que se penduraram na estrutura de poder nos infindáveis cargos comissionados do modelo “personal” puxa-sacos?  Não sei.


Pelo cartear do baralho, na total confusão que vemos hoje na política nacional, é extremamente possível pensar na inexistência desse ou daquele partido. Não mudam muito, se toleram por que se refletem. Salvos raras e louváveis exceções, suas diferenças são meramente espaciais: estar ou não no poder.


Não sei bem a que milagre ele se refere. Se for referente às relativas mudanças ocorridas no país nas últimas décadas, o santo desse milagre deveria ter outro nome: FERNANDO HENRIQUE CARDOSO. Apesar da manifesta oposição que ele sofreu, muitas vezes quadrada e burra do próprio PT, foi sua gestão que direcionou o Brasil para outras conjunturas e, mesmo com os possíveis equívocos cometidos, foi totalmente utilizado, usado e abusado quando esse ex-presidente assumiu a presidência. Mudaram muito pouco quando chegaram ao poder.


Uma das mudanças de que me recordo bem foi o compra de um novo avião presidencial.


Quanto à realização dos sonhos da CUT, sem palavras. Aqui, minha inteligência discutível pede pra eu parar. Não sei o que dizer disso.


Por fim a parte mais fúnebre, uma espécie de “momento espírita político,” cujo conteúdo possui dos gumes.


Dizer que muitos morreram e não viram o partido dele chegar ao poder me orienta, por uma questão particular, a imaginar que pode ter sido bom algumas pessoas não terem visto os rumos que essa entidade partidária tomou. Não sei, mas pode ter sido bom esses que ficaram pelo caminho não terem assistido o desenrolar vergonhoso de um personagem que deveria ter dado explicação mais convincente, sobre tudo que se passou, aos que lhe confirmaram o apoio e lhe deram a chance de mostrar na prática suas palavras e bordões operários.


O que ele faz é justamente o oposto: trabalha na perspectiva da negação absoluta do escândalo do mensalão, dispara contra quem o questiona nos muros de seu nicho ideológico e repudia qualquer crítica aos seus bichinhos de estimação.


Empatamos, senhor! Se não sabia, eu também não!


 


 


 


 


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