A ex-ministra e ex-senadora Marina Silva disse na noite desta segunda-feira (18) que a Rede Sustentabilidade, seu partido em fase de criação, se antecipa à reforma política no Brasil.
“Nós resolvemos antecipar algumas coisas que já podem ser feitas no sentido de mudança do sistema político e da forma de se fazer política no Brasil”, disse Marina, que participou hoje do programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Para a ex-senadora, seria “hipocrisia” defender a reforma política, mas não adotar as mudanças próprio partido apenas porque a reforma não saiu do papel.
Na entrevista, Marina criticou o modelo da política atual, onde haveria um “monopólio” dos partidos. “Estamos sofrendo um questionamento à forma verticalizada como os partidos operam”, disse. “Um esforço que está sendo feito é de questionar o monopólio dos partidos políticos.”
A ex-senadora lançou no último sábado (16) seu novo partido, que se chamará Rede Sustentabilidade. Agora, para que ele seja oficializado, é necessária a coleta de cerca de 500 mil assinaturas, em ao menos nove Estados, e a aprovação pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Esse processo precisa ser concluído até setembro deste ano para que a nova sigla seja credenciada para participar das eleições de 2014.
Segundo a ex-senadora, a Rede Sustentabilidade é formada por um novo perfil de ativistas, que chamou de “ativismo moral”.
“Hoje, com o avanço dos meios de comunicação, tem uma nova forma de ativismo, um ativismo moral”, disse. Esse novo modelo de ativismo seria, segundo Marina, formado por as pessoas que procuram espontaneamente o partido porque querem ser “protagonistas de uma mudança”.
Questionada se será fácil explicar o significado do símbolo do partido (#rede) para toda a população do país, Marina foi irônica: “O que mais nordestino entende é de rede”, disse.
Ela reconheceu, porém, que o grande desafio do partido será viabilizar as 500 mil assinaturas necessárias para garantir o registro na Justiça Eleitoral.
Sobre a afirmação feita pela ex-senadora no último sábado, de que o partido não será nem de esquerda nem de direita, Marina disse que não foi o ex-prefeito Gilberto Kassab (DEM) quem usou a expressão pela primeira vez.
“Não é verdade que o prefeito Kassab disse essa frase pela primeira vez. O Alfredo [Sirkis, deputado pelo PV-RJ] disse na campanha de 2010, e se inspirou em uma liderança francesa, que veio muito antes de nós.”
Em 2011, em processo de criação do PSD, Kassab afirmou que seu partido não seria “nem de direita nem de esquerda nem de centro”.
No último sábado, Marina disse que a Rede Sustentabilidade não será nem de esquerda nem de direita, mas estará “à frente” das outras legendas.
Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente na gestão de Lula, mas rompeu com o governo e deixou o PT em 2009. No ano seguinte, concorreu à Presidência da República pelo PV e teve 20 milhões de votos, ficando em terceiro lugar.
Depois das eleições, a ex-senadora se desentendeu com a cúpula do PV e deixou o partido. Nos últimos meses, vinha articulando a criação da nova legenda.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, da TV Cultura, o programa teve como entrevistadores Ricardo Balthazar (editor do caderno Poder da Folha), Ricardo Gandour (diretor de Conteúdo do Grupo Estado), Daniela Pinheiro (repórter da revista “Piauí”), Marina Amaral (jornalista e diretora da Pública – Agência de Jornalismo Investigativo) e André Luiz Costa (diretor de Jornalismo Bandnews FM), além da participação do cartunista Paulo Caruso.
Fonte: Folha Online