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Ex-petista Marina Silva pode fundar novo partido este mês, mas ainda não há consenso

Por
Roberto Gaz


Marina separa movimento entre os “apressados para fazer um partido” e “os que estão metabolizando um novo processo político” | Foto: Thays Cabette/minhamarina.org


Rachel Duarte


Neste mês o Brasil poderá ver nascer o novo partido político que dará sustentação a uma eventual candidatura da ex-senadora Marina Silva em 2014. Nos bastidores, ela admite a intenção de voltar a concorrer à Presidência da República, mas a cada rumor sobre a criação da nova sigla a ex-verde e ex-petista diz que o processo iniciado ao final da eleição de 2010, o Movimento Por Uma Nova Política, é mais do que um “partido de eleição”.  No dia 16 de fevereiro, em Brasília, ocorre uma reunião decisiva para definir os rumos da rede pró-Marina. Os simpatizantes partilham das ideias da ex-ministra do Meio Ambiente, porém a constituição de um partido político não é consenso.


A própria Marina separa os grupos entre os “apressados para fazer um partido” e “os que estão metabolizando um novo processo político”. No 2º Encontro Nacional do Movimento Nova Política, em dezembro de 2011, ela também tentou mostrar que o partido não existiria só para servi-la. “Não se faz um partido só por causa de eleição, senão teríamos feito naquela época (nas eleições de 2010). Apareçam aqueles que queiram mais do que um partido”, disse a ex-senadora.


Na medida em que diminui o tempo hábil de criação do novo partido para disputar as próximas eleições, mais os discursos parecem se modificar. “Se decidirmos dia 16 pelo novo partido não vamos criar na sociedade a ideia de que será o partido perfeito. Não será o dogma da solução de todos os problemas da sociedade, porque uma sociedade não cabe dentro de um partido”, disse Marina Silva em encontro realizado em janeiro de 2013.



“Eu não conversei com a Marina. Me disseram que ela ia me procurar e não o fez”, diz Eduardo Suplicy sobre discussões | Foto: Marcello Casal Jr. / ABr


Por enquanto a futura legenda tem sido tratada como “partido da Marina”, rótulo rejeitado pela provável candidata. Entre os possíveis nomes levantados, estavam Partidos da Democracia Direta, Partido Movimento Já e Brasil Vivo. O empresário Guilherme Leal, dono de uma fortuna de 1,6 bilhões de dólares segundo a revista Forbes, acompanha os encontros. Leal foi o candidato à vice de Marina na última eleição.


Alguns quadros políticos de peso em outras siglas acompanham a construção do novo movimento político, por nutrirem relações com Marina Silva ou apoiarem a ideia de um movimento independente. Entre eles, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Randolfe Rodrigues (PSOL) e Pedro Taques (PMDB-MT). Os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Walter Feldman (PSDB-SP) também estariam participando das discussões.


Suplicy diz que ‘em princípio’ quer permanecer no PT


Porém, a única confirmação até agora é a ex-senadora Heloisa Helena. “Eu não conversei com a Marina. Me disseram que ela ia me procurar e não o fez. Eu tenho carinho e admiração pela Marina. Uma pessoa disse que eu falaria sobre renda básica e cidadania em uma das reuniões do grupo, me disporei a fazê-lo”, diz Eduardo Suplicy.


Segundo o senador petista, algum possível descontentamento com o PT por não ter apoio do partido em sua candidatura à reeleição no Senado em 2014 não será o motivo de deixar o partido que fundou. “Pretendo propor ao partido uma prévia para que todos os interessados em concorrer possam disputar democraticamente. Quem vencer será o candidato”, esclarece citando a possível oferta da vaga em chapa com o PMDB para Gabriel Chalita. Mas admite: “quando ela saiu do PT, transmiti que continuaríamos lutando pelos mesmos ideais. Por isso que em outros objetivos maiores poderei estar com ela. Em princípio tenho intenção de permanecer no PT”.


Cristovam Buarque diz que ‘não vê sentido em trocar um partido por outro’



Cristovam Buarque diz que não vê sentido em novo partido: “Temo que caia na mesmice” | Foto: Márcia Kalume/Ag.Senado


Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) confirmou participação em um dos encontros do liderados por Marina, mas discorda frontalmente da ideia de transformar o movimento em capital eleitoral. “Temo que caia na mesmice dos outros partidos. O risco disso acontecer é muito grande quando se cria uma nova sigla, pois se burocratiza o processo. Surgem regras antigas que já deveriam estar enterradas na política e a necessidade de coligações que enfraquecem a robustez de um partido”, alerta.


Pelo menos enquanto não sai a Reforma Política, que pode contribuir com a mudança do sistema eleitoral, o senador trabalhista não concorda com a criação de um novo partido. “Eu tenho um grande entusiasmo no movimento, mas não na criação de um partido político. A ideia era organizar o movimento de pessoas autoras de processos, como os occupy e outros criados ao redor do mundo, utilizando as redes sociais e as ruas para se organizar. Achei que a Marina (Silva) iria fazer isso sem disputar a eleição e fazer um partido novo”, fala, salientando que não veria razão para trocar um partido por outro.


A decisão sobre o Movimento Por Uma Nova Política se tornar um novo partido político será dada no dia 16 de fevereiro entre as pessoas que estão construindo o processo de discussão e mobilização no país desde 2010. Membro do Partido Verde (PV) gaúcho, o médico Montserrat Martins salienta que as assinaturas necessárias para formação do novo partido, bem como as estratégias e plataformas de campanha, são questões que só serão tratadas após batido o martelo. Porém, apoiador de Marina Silva, ele já realizou a sua desfiliação do PV. “O que se esperava das eleições de 2010 era construir uma terceira via altamente comprometida com a sustentabilidade. A razão que mobilizou os quase 20 milhões de votos na Marina naquela ocasião, não está mais no PV”, afirma.


Nova sigla adotaria discurso da sustentabilidade do PV


Segundo Montserrat, as bandeiras verdes farão parte do discurso da possível nova legenda. “Priorizar o planejamento de governo para evitar problemas energéticos e de transporte. Utilizando e valorizando as novas tecnologias. E constituir uma bancada sustentável que contraponha os interesses e retrocessos na legislação aprovados pela bancada ruralista”, explica.



“O que existe de fato é uma rede pró-partido dentro do movimento”, afirma Montserrat Martins | Foto: Divulgação


Um grupo de 20 pessoas se reúne no Rio Grande do Sul para consolidar estas ideias e discutir a possibilidade do novo partido para lançar a candidatura de Marina Silva em 2014. Entre os envolvidos estão o advogado e jornalista Jorge Uequed e sua filha Gisele Uequed, candidata a prefeita em Canoas nas eleições de 2012 pelo PMN. Professores, profissionais ligados ao meio ambiente e antigos apoiadores de Marina Silva, como o especialista em Segurança e Direitos Humanos, Marcos Rolim, também integram as discussões.


“É um grupo de cerca de 50 pessoas, mas não divulgaremos nomes devido à indefinição sobre a criação da nova legenda. O que existe de fato é uma rede ‘pró-partido’ dentro do movimento que defende a criação da nova legenda”, explica Gisele Uequed. Segundo ela, os idealizadores da nova sigla amadureceram nos últimos dois anos para o pensamento de que “para mudar o sistema é preciso estar dentro dele”.


Sobre a junção de pessoas originárias de partidos que vão do PSDB ao PT, Gisele disse que as posições ideológicas da nova sigla seriam definidas em consenso a partir da fundação. Marina Silva definiu em um dos encontros do movimento que a ideia é fazer uma “agregação dispersiva”. “Todos podem ter causas diferentes. Uns defendem a descriminalização da maconha, outros são contra. Uns são a favor do aborto, outros são contra. Mas todos concordam com um Brasil sustentável, socialmente justo, politicamente democrático e culturalmente diverso. É isso que nos agrega”, disse.


 


 


 


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Roberto Gaz

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