Segundo os denunciantes, “a Rosana está cobrando R$ 100 para cortar as terras, depois que cortar tem que pagar R$ 1 mil – para a pessoa ficar com o lote”; tesoureira da CUT confirma cobrança, mas afirma que os valores foram definidos e acordados em assembleia com às 160 famílias de invasores
Ray Melo,
da redação de ac24horas
raymelo@ac24horas.com
Fotos: Gabriel De Angelis
A presidente da Central Única dos Trabalhadores do Acre (CUT-AC), Rosana Nascimento está sendo acusada de vender lotes para sem terra, na fazenda Canaã, localizada a cinco quilômetros do município de Acrelândia, sentido Rio Branco/Porto Velho. A denúncia foi feita por trabalhadores rurais.
Para os sem terra, a CUT/Acre está fazendo um tipo de estelionato ao fazer a propaganda de um produto que não tem. Os trabalhadores rurais estariam sendo convocados a se cadastrar na sede da entidade, que não tem um único pedaço de terra no Estado. “Quer terra vai na CUT, diz a propaganda que eles fazem”.
Os trabalhadores rurais denunciam ainda, que dois dos lotes demarcados na fazenda invadida pelos dirigentes da CUT/Acre seria de um filho de Rosana Nascimento e de uma membro da central, identificada como Zuila Santos, que estaria seguindo orientações da presidente da entidade.
Os sem terra estiveram na sede do O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), já que segundo eles, Rosana Nascimento teria informado que a instituição teria autorizado a demarcação do assentamento. “Eles disseram que não têm nada haver com a ocupação”, diz a posseira Ivanete.
Temendo represálias, Francisca Ivanete alegou, que “nós não podemos estragar nada. Se ele [repórter de ac24horas] colocar alguma coisa no jornal, nós vamos ser prejudicados”. Em seguida a posseira declarou que no Incra teriam informado que não teria saído nenhuma decisão judicial, sobre a área em litígio.
“O pessoal da CUT apareceu com um tal de Jesus deles lá, [na fazenda Canaã] já está tudo dividido. São 144 lotes, mais três que serão cortados para pessoas deles”, disse Francisca Ivanete. A sem terra disse ainda, que todo trabalho de demarcação foi autorizado por Rosana Nascimento, da CUT.
A posseira declarou ainda, que teve o lote tomado pela presidente da CUT. “A minha cunhada tinha repassado o lote dela pra mim, mas ela [Rosana] tomou meu lote e me jogou no olho da rua. Eu falei: Rosana não faz isso, pelos meus filhos. Ela disse apenas que não trabalha com lágrimas”, desabafa Ivanete.
A posseira teria sido expulsa da área segundo ela, porque teria repassado a taxa de R$ 100 – para o “homem que está cortando as terras”, na frente de outras pessoas. Questionada se outros posseiros teriam sido retiradas do local, ela disse que sim. “todas retirados por ordem da Rosana, que age como dona das terras”.
“Quando eu fui passar os R$ 100 – para o Jesus, a Rosana disse: não, na frente dos outros não. Dai eu perguntei: você está escondendo alguma coisa da gente? Irritada, ela falou: você acabou de ficar sem o seu lote, porque você me enfrentou. Aqui quem manda sou eu. É a CUT não você”, revela Ivanete.
Sobre o pagamento de R$ 1 mil, feito a CUT, a sem terra diz que teria questionado a presidente da entidade. “Eu cheguei para Rosana e perguntei: cadê o recibo, Rosana? Esse Dinheiro vai para onde, Rosana? Ela diz que vai para a firma credenciada, mas eles não dizem o nome desta empresa”, destaca.
Mesmo com a ordem para sair, a sem terra disse que vai permanecer no local. Segundo os denunciantes, os dirigentes da CUT teriam levado um suposto policial autorizado ao local, mas ao verificarem na delegacia de Acrelândia, o delegado do município não tinham conhecimento da questão.
Os posseiros dizem ainda, que bebidas alcoólicas e drogas estariam sendo consumidas no local. Desempregada e com três filhos, Francisca Ivanete diz que precisa do lote de terra, para tentar sustentar sua família. “Eu preciso da terra, mas ela prefere dar a pessoas que tem carro de luxo”.
Pessoas armadas também estariam circulando na fazenda invadida, com autorização da presidente da CUT. “Quando a polícia chega lá, ela manda esconder as armas. É perigoso para gente. Nós tememos pela nossa vida”, diz Antônio Alves mostrando que o local está cheio de bandeiras da CUT.
Na porteira de entrada da fazenda Canaã, a presença dos dirigentes da CUT é denunciada por uma bandeira da entidade. De acordo com as informações prestadas pelos sem terra, aproximadamente 150 famílias estariam acampadas na fazenda Jéssica. O proprietário estaria em negociações com o Incra.
Ao perceber a chegada da equipe de reportagem de ac24horas, membros da CUT e um suposto filho da presidente da entidade, Rosana Nascimento saíram do local em um fiat Punto, de cor preta. Horas depois, os posseiros informaram que os representantes da central sindical teriam voltado e os ameaçado.
A reportagem gravou vários depoimentos de posseiros que confirmam a prática de cobrança de taxas pelos dirigentes da CUT-Acre. O valor de R$ 100 estaria sendo pago diretamente para uma pessoa que faz a demarcação. Já a taxa de R$ 1 mil – estaria sendo paga aos membros da CUT, após a entrega do lote.
Se antecipando a divulgação da reportagem
Uma pessoa que se identificou como assessor da Central Única dos Trabalhadores do Acre (CUT-AC) entrou em contato com a reportagem para saber qual seria o teor da denúncias dos posseiros da fazenda Canaã. O assessor informou que a presidente Rosana Nascimento estaria viajando.
Questionado se teria alguém que pudesse prestar algum tipo de esclarecimento ou contatar a presidente da CUT, para que ela apresentasse sua versão dos fatos narrados pelos posseiros, o assessor informou o número do telefone da “professora Graça”, que estaria na ocupação da fazenda Canaã.
Ao verificar no site de central de trabalhadores, qual seria a função da “professora Graça” foi identificado que se trata de Maria das Graças França, que ocupa o cargo de tesoureira da entidade. A responsável pelas finanças da CUT só poderia atender a ligação no início da noite, quando retorna do assentamento.
Tesoureira da CUT confirma cobrança e diz que foi acordada em assembleia
Em conversa por telefone, a tesoureira da CUT, Maria das Graças França confirmou que as taxas estariam sendo cobradas e afirmou que os valores teriam sido acordados em assembleia com os sem terra. “Não é uma cobrança. Houve uma assembleia antes do Ano Novo, para tratar do assunto”, diz a professora Graça.
Segundo a dirigente sindical, para que as pessoas ficassem no lote, precisava fazer um serviço de GPS (Sistema de Posicionamento Global), para sondar e demarcar o solo de maneira precisa. “Pelo trabalho desta pessoa foi aprovado que cada um pagaria R$ 100 – para inicialmente dividir os lotes”, diz Graça.
Graça França disse ainda, que a CUT não estaria ganhando nada com o serviço. A segunda taxa de R$ 1 mil – seria o restante do pagamento de “Jesus”, o homem que estaria fazendo o corte dos lotes. “Temos documentos que comprovam, que tudo foi feito de forma consensual na assembleia”, enfatiza.
“Depois de assentadas, as 160 famílias que estão no local concordaram que pagariam mais R$ 1 mil – a pessoa que está há quase um mês fazendo o serviço. Quando estivessem em condições, eles pagariam este valor que poderia ser parcelado em até 10 vezes. A CUT não ganha nada, faz é gastar”, diz Graça.
Finalizando a conversa, professora Graça enfatizou: “A CUT não tem nada haver com as cobranças”. A tesoureira da CUT convidou a reportagem para uma reunião com o grupo que está trabalhando a questão do assentamento.
Servidores do Programa Terra Legal afirma que a fazenda Canaã é da União
Os servidores que trabalham no Programa Terra Legal informaram que a fazenda Canaã é terra pertencente a União. De acordo com eles, as terras que fazem parte da Gleba Porto Luiz, área com 24,5 mil hectares está em fase de regularização fundiária, com alguns fazendeiros comprovando a posse há algum tempo.
O engenheiro agrônomo, Pedro Gomes Júnior informou que ainda não teria chegado nenhuma denuncia oficial da cobrança de taxas aos sem terra, que estaria sendo feita pela CUT. Gomes Júnior destacou que a proprietária das terras teria dado entrada na regularização da fazenda e pedido a reintegração de posse.
Segundo os servidores do Programa Terra Legal, as regularizações dos fazendeiros que pedem a posse do local será feita dentro dos padrões de no mínimo quatro hectares e no máximo 1.500 hectares. A fazenda invadida seria de Simone da Silva Ale, filha de Waldemar Ale, que é dono outa fazenda no local.
“juridicamente a posse é de quem ocupa. A pessoa que alega ser proprietária do local deu entrada com o pedido de regularização junto a União. Este processo será analisado no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Não tem nada definido juridicamente naquele local”, diz Pedro Gomes.
Um ataque a tiros deixou João Vitor de Lima Machado, de 24 anos, gravemente ferido…
A família da assistente social Esmeralda Melo, 51 anos, que morreu vítima de um AVC…
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da 1ª Promotoria Cível da…
As obras de construção do novo prédio do Legislativo Municipal em Rio Branco estão com…
Com o objetivo de promover um ambiente propicio para negócios e fomentar o empreendedorismo feminino,…
Na manhã desta quinta-feira, 9, a governadora em exercício do Acre, Mailza Assis, visitou a…