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Gladson e Petecão fazem expedição Rio Môa

Por
Roberto Vaz


Luciano Tavares, de  Cruzeiro do Sul – AC
lucianotavares@ac24horas.com


Conhecer de perto as necessidades de quem mora nos locais mais isolados do Acre é o objetivo da missão política iniciada esta semana pelo deputado federal Gladson Cameli (PP).


A primeira agenda começou pelo Parque Nacional da Serra do Divisor, localizado no município de Mancio Lima, no Juruá, região conhecida como o principal reduto político do parlamentar.


Convidado por Cameli, o senador Sérgio Petecão (PSD) também integrou a comitiva, que percorreu as comunidades da República (aldeia indígena do Nukinis), São Salvador e Pé da Serra, na Serra do Môa, além de pequenos vilarejos.


Foram dois dias de visitas, entre 3 e 4 de janeiro, subindo o rio Môa até a Serra do Divisor.


Gladson Cameli, Petecão e assessores, saíram do porto do Rio Japiim, entrando pelo Môa, em Mancio Lima, em lanchas, acompanhados do comandante do 61º Bis, coronel Alexandre Guerra.


Depois de duas horas de viagem, sob forte chuva, a primeira parada: o grupo foi recebido na base do destacamento de fronteira, localizado na região da comunidade São Salvador.


No local, os parlamentares foram recebidos pelo alto comando do 61º Bis e a corporação, com honrarias de chefes de estado. Conheceram a base militar e o trabalho promovido pelo Exército na selva, entre as comunidades ribeirinhas, como o atendimento médico.



“Para nós é uma satisfação recebê-los aqui. Afinal, não é todo dia que a gente recebe autoridades como um senador da República e um deputado federal”, disse o comandante Alexandre Guerra.


“Esse trabalho promovido pelo Exército merece mais atenção das autoridades. Por isso estamos aqui numa visita institucional, eu e o senador Sérgio Petecão. Sinceramente, eu não conhecia esse trabalho. Só ouvia falar, mas agora conheço de perto. E vou lutar junto ao Ministério da Defesa para que melhore ainda mais essa estrutura, que já está boa, mas que precisa melhorar. Aqui nesse local o Exército é a referência mais forte do estado. Porque aqui o povo é atendido com medicamento, serviços de saúde. E sem falar que esse destacamento é também a referência de segurança nacional e local”, lembrou o deputado federal Gladson Cameli.


Terminada a visita no destacamento do Exército a missão coordenada por Cameli, ainda acompanhada pelo comandante Guerrra, se dirigiu à comunidade República, dos índios Nukinis, onde existem cerca 600 habitantes. No local, o coronel do Exército deixou a expedição.


A comitiva foi recebida na sede do povoado pelo cacique Zenaldo Nukini. No local, o prefeito de Mancio Lima, Cleidson Rocha (PMDB), se juntou ao grupo.


Na residência da professora Elcilene Costa de Oliveira, uma reunião com representantes da comunidade para ouvir deles sobre suas necessidades. A falta de acesso a saúde indígena é o principal problema enfrentado por quem mora na região.


E o problema se agravou há seis meses, depois que o governo federal deixou de repassar os recursos no valor de R$ 76 mil mensais para a prefeitura do município e transferiu para a conta de uma ONG do estado de São Paulo.


“O problema é que ficou uma burocracia grande. Quando o dinheiro era repassado para a prefeitura era fácil a compra de um material. A gente construiu um patrimônio indígena com esse dinheiro. Hoje aqui temos escola, posto de saúde… Vários benefícios por causa desse recurso que era tocado pela prefeitura. Agora, a burocracia atrapalha a chegada desse recurso, e por isso há uma grande necessidade”, afirma o líder indígena Paulo César.


O deputado federal Gladson Cameli disse que tentará mediar junto a Fundação Nacional do Índio e a Secretaria Especial dos Povos Indígenas a volta dos recursos para o domínio das prefeituras.


Para o parlamentar é um absurdo uma ONG paulista “que não sabe e nem conhece as necessidades do povo indígena no Acre administrar os recursos que sevem para suprir as necessidades básicas das comunidades de uma região que eles nem sabem onde fica. Isso não pode continuar assim vou tentar no governo federal mudar essa situação. Esse povo precisa ter seus direitos constitucionais assegurados para agora, com urgência. Com vida não se brinca. E a situação aqui é grave, sem saúde, sem assistência ao povo”, dispara Gladson.


O líder da comunidade, o cacique Zenaldo Nukini revelou que em 2012, 100 casos de malárias foram registrados na comunidade, com um possível óbito por causa da doença.


No posto de saúde não falta medicamento para malária, mas também é só. De acordo com os moradores falta até um simples AAS.


Da República, a missão política navegou até a Serra do Môa, na comunidade do Pé da Serra, numa viagem de mais uma hora pelo rio.


Gladson e Petecão, acompanhados pelo prefeito de Mancio Lima, Cleidson Rocha se reuniram com a comunidade na escola rural municipal Josefa de Queiroz.


Apenas um assunto dominou a reunião: a insegurança em relação à permanência das famílias no Parque Nacional da Serra do Divisor.


De acordo com os moradores, o Ibama quer tirá-los do local e o Incra assentá-los num projeto de assentamento no município de Porto Walter, mas eles se recusam a deixar a Serra. Querem continuar morando no local.


A comunidade do Pé da Serra possui cerca de 30 famílias. Algumas delas atravessaram de duas a três gerações habitando o local, e são considerados verdadeiros guardiões das riquezas da Serra do Divisor.


O deputado federal Gladson Cameli se comprometeu durante a reunião em contratar um advogado para defender as famílias.


Para Gladson o povo que mora na região é o verdadeiro dono das terras e precisa ser assistido pelo governo e não ameaçado. “Já me comprometi em ajudar essas famílias. Um bom advogado vai analisar o caso deles. Esse é um povo que merece respeito porque está aqui há anos. São famílias que residem aqui há mais de cem anos, que atravessam gerações”, disse o parlamentar.


O senador Sérgio Petecão também disse que não vê razão para que as famílias sejam removidas. “Essas pessoas estão aqui, e se acostumaram a viver com o local. Vivem com dificuldade, mas vivem. É melhor do que serem assentadas pelo Incra num assentamento e ficarem sem assistência como sempre tem acontecido”, disse o senador.


A comunidade do Pé da Serra possui mais de 100 moradores, que sobrevivem da caça e da pesca de subsistência, criação de pequenos animais, como porco e galinha, e da plantação de mandioca e milho.



Em sua agenda política de recesso do começo de ano, o deputado federal Gladson Cameli pretende visitar ainda as populações ribeirinhas do Rio Juruá, até Marechal Taumaturgo; ribeirinhos dos rios Envira e Tarauacá; moradores das margens do Rio Acre, em Brasileia e a comunidade do lago do Silêncio, em Sena Madureira.


 


 


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