Luna D’Alama
Do G1
Cair em tentação e cometer excessos diante de uma mesa farta são hábitos que se repetem a cada ceia de Natal. Se você exagerou na dose e não quer ver mais comida pela frente, ou se ainda está pensando em repetir o prato da última noite nas próximas refeições, especialistas ouvidos pelo G1 dão dicas para evitar problemas e se “desintoxicar”.
A nutricionista Andréia Naves sugere que, se possível, esses abusos alimentares sejam planejados com antecedência. É difícil prever o quanto você vai sair da linha no fim de ano, mas manter uma dieta saudável e uma boa hidratação duas semanas antes das festas ajuda a manter o equilíbrio do organismo.
Se você, porém, é como a maioria das pessoas e já perdeu a “compostura”, está na hora de correr atrás do prejuízo – que, em alguns casos, chega a até 2 kg extras, dependendo da quantidade de peru, tender, panetone, rabanada e outros doces que comer.
“Fazer um ‘detox’ durante os dez dias seguintes ao Natal ajuda a melhorar o funcionamento do fígado. Para isso, é fundamental ter uma alimentação rica em magnésio, cobre, selênio, ferro e vitaminas do complexo B”, cita Andréia.
Como fontes de magnésio, estão as castanhas e os vegetais de folhas escuras; de cobre, são os cereais integrais, as oleaginosas (como óleo de soja, milho e oliva) e sementes de abóbora e girassol – estas também contêm ferro e vitamina B.
Para obter selênio, uma boa opção é a castanha-do-pará. Já o ferro está presente no atum, nas folhas escuras e no feijão. E quem precisa de vitaminas do complexo B também pode consumir cereais integrais.
“Outros alimentos ainda ajudam a reduzir a carga tóxica no corpo, como frutas (maçã, damasco e frutas vermelhas), couve, couve-flor, brócolis, alho, cebola, limão, mostarda, pimenta preta e vermelha, gengibre, cebola, chá verde e ginseng. Alguns são termogênicos, que contribuem para queimar gordura”, aponta a nutricionista. Além deles, há alternativas como berinjela, nozes, açafrão-da-terra (cúrcuma) e ervas como sálvia, coentro, manjericão, alecrim e orégano.
Quem quiser pôr essas recomendações em prática pode fazer três receitas “detox”: salada sortida (com rúcula, alface americana, cebola, gengibre e cebolinha. Para o tempero: azeite de oliva, limão e ervas), arroz integral (com brócolis, amêndoas, nozes, cebola, alho e cúrcuma) e suco de frutas vermelhas (morango, cereja, amora e framboesa), água de coco e gengibre.
Olho grande
Um dos grandes perigos das ceias de Natal – que não precisa se repetir neste Ano Novo – é o “olho grande”, aquele desejo quase incontrolável de pôr no prato tudo o que é gostoso, afinal, é só uma vez por ano.
Segundo o endocrinologista Luciano Giacaglia, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o segredo é dar uma volta primeiro, olhar o que está à disposição e se servir do que mais gosta – em pequenas porções.
“Dependendo da pessoa, se já é diabética, por exemplo, um único descuido pode ter uma influência muito grande. Às vezes, o indivíduo chega a ficar uma semana descompensado por causa de uma refeição alterada”, alerta.
Entre os problemas de saúde que o excesso de açúcar, sal e gordura pode causar, estão distúrbios gastrointestinais, como diarreia, gases, inchaço, dor na barriga, azia, má digestão, gastrite, refluxo e náuseas. Isso porque a flora bacteriana que vive entre o estômago e o intestino não está preparada para receber tantos alimentos pesados de uma só vez
Quem já tem glicose, colesterol, triglicérides ou ácido úrico alto precisa redobrar os cuidados. Pacientes com hipertensão, arritmia cardíaca e histórico de pedra no rim, idem.
“Açúcar e sal demais podem favorecer problemas como labirintite, zumbido e tontura. O sódio também incha e aumenta a pressão arterial”, afirma o médico.
Obedeça à sede
Giacaglia lembra, ainda, que esta é uma época mais quente do ano, em que as pessoas se desidratam facilmente, dormem pouco e mal, diminuem as atividades físicas e convivem com muito barulho. Ou seja, um ambiente nada saudável, que pode piorar ainda mais com os exageros à mesa.
“Outro ponto importante é beber bastante líquido antes, durante e depois da comilança. Muitas vezes, a pessoa acha que está com fome, mas na verdade tem sede. Obedeça a isso e ingira água, que é o principal, além de água de coco, chás gelados e sucos de limão, acerola e maracujá”, enumera o endocrinologista.
Além disso, Giacaglia reforça a dica da nutricionista Andréia Naves de substituir a gordura e o sal por ervas e especiarias para realçar o sabor dos alimentos. Outra boa sugestão é investir em um belo prato de salada antes da refeição principal ou durante, o que aumenta a sensação de saciedade do organismo.
“Em todos os casos, mastigue lentamente e saboreie a comida antes de engolir. A comunicação entre os hormônios da satisfação e o cérebro leva de 15 a 20 minutos para ser concluída, ou seja, vale esperar esse tempo antes de repetir o prato”, destaca o médico.