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A cada dez acidentes com vítimas fatais no Acre, seis envolvem motociclistas

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Jairo Carioca – especial para o ac24horas
jscarioca@gmail.com


Os números são os piores possíveis. Este ano mais de 1.674 colisões envolveram motocicletas com veículos e 215 motocicleta com motocicleta somente no município de Rio Branco. Do total de 3.164 colisões registradas até o mês de julho, 60% tem moto envolvida. O Mapa da Violência de Trânsito mostra que o pico foi registrado em 2010. Dos 134 óbitos por acidente de trânsito, 77 foram provocados por motos.  Este ano, o mês de abril chegou a registrar 66,67% de acidentes com motocicletas. Ninguém consegue frear as estatísticas.

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As motocicletas estão no ponto focal do crescimento da mortalidade nas vias públicas


As motocicletas constituem o fator impulsor de nossa violência cotidiana nas ruas, fato que deve ser enfrentado com medidas estra­tégicas adequadas à magnitude do problema. Deveria, porque as autoridades de trânsito em todo o Brasil ainda estudam medidas para resolver o chocante número de acidentes. Foi o que revelou com exclusividade ao ac24horas, a diretora do Detran no Acre, Sawana Carvalho. Ela explicou que um estudo vem sendo feito no sentido de dificultar a emissão de carteiras de categoria “A”.


“A legislação de trânsito seguirá o modelo de países desenvolvidos como o Japão que implantou circulação de rua na formação de condutores de motos e reduziu em 80% o número de acidentes envolvendo a categoria”, disse Sawana.


Um grupo de trabalho foi formado na região norte com o compromisso de apontar para o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) implementações com objetivo de dá mais segurança e inovações na nova prática para obter a categoria A. Sawana não falou de prazos, mas disse que com muito esforço do Estado os índices de acidentes vêm reduzindo.


“Mesmo assim estamos trabalhando a redução dos acidentes com educação, fiscalização e engenharia de trânsito. No caso de motocicletas o que precisa também é o respeito à sinalização”, acrescentou a diretora.


Na prática, a realidade é bem diferente. Segundo dados do próprio Detran, de janeiro a julho a média de acidentes envolvendo motociclistas é de 59,7%. Além disso, o uso maciço da motocicleta é outro fator relevante. Do aumento de 1.800 veículos mês, 60% são de motocicletas. A colisão de motocicletas com outros veículos assusta. Foram mais de 1.674 somente até a metade do ano.


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Má-formação é reconhecida até por instrutores de auto escolas


A má-formação nas auto escolas é consenso entre os próprios instrutores. O instrutor Eder Carlos aceitou conversar com a reportagem durante a ministração de aulas práticas em um pátio improvisado, organizado no terreno da antiga escola Lindaura Leitão, na Izaura Parente.


“As dezenove aulas práticas não preparam o condutor de moto, essas manobras não significam nada do que o condutor vai enfrentar nesse trânsito louco de Rio Branco”, disse Carlos. Quando informamos das medidas que serão tomadas com relação à circulação de rua como prática na categoria “A”, Carlos nutriu suspeitas: “são promessas antigas que nunca saíram do papel”, completou.

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Outro instrutor que aceitou contribuir com o debate, Magide Silva Anute, frisou que na hora da prova, existe uma equipe examinadora do Detran e o rigor é bem maior do que na rua. “Quem diz se o condutor está preparado ou não são os examinadores do Detran”, afirmou.


Enquanto Detran e instrutores vão empurrando com a barriga a responsabilidade pela má- formação dos condutores de moto, os números chocantes têm que ser deixados de lado por quem precisa deste tipo de veículo para ganhar a vida. É o caso de Francisco Marcos Silva da Costa. Com apenas 18 anos, ele tira a habilitação “categoria A” por necessidade.


“Preciso trabalhar e minha condição é para comprar uma moto, por isso estou aqui”, contou.


Maria Osias da Silva, moradora do bairro Santa Helena, se assustou com as estatísticas apresentadas pela reportagem. “Não sei se vou terminar o curso!”, exclamou.


Uso de simuladores de veículos de duas rodas pode ser obrigatório


Além de dificultar os exames para retirar a carteira categoria “A”, outro estudo que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) vem realizando é o de obrigar os novos condutores a treinarem com ajuda de simuladores. A obrigatoriedade pode entrar em vigor já a partir do final de 2013.


A medida é vista com bons olhos pelos instrutores do Estado do Acre. “Isso vai evitar mais acidentes. Como é que nós vamos ensinar um aluno na garupa de uma moto, no meio de um trânsito tão violento como o nosso?”, perguntou o instrutor Magide Silva Anute.


Mas no meio de tantos questionamentos uma coisa a engenharia de trânsito do Detran no Acre tem certeza: reduziram os acidentes nas regionais II e IV por conta da implantação dos divisores. Os dados são confirmados pelo coordenador do juizado de trânsito, Afonso Evangelista. Ele afirma que em frente ao Araújo da Estação Experimental, em frente ao Supermercado Gonçalves e na BR 364, nas proximidades do Posto Correntão, a redução de acidentes evolvendo motociclistas foi para praticamente zero.


Juizado aconselha menos velocidade na condução de motos em Rio Branco


Para o coordenador do Juizado Especial de Trânsito, Afonso Evangelista, a segurança de quem anda com moto é pró-ativa, “quem faz a segurança é o próprio condutor e o excesso de velocidade com a falta de prática é o que mais influi nos acidentes”, acrescentou.


O horário de pico exige, segundo o Juizado, maior atenção nas avenidas Ceará, no centro de Rio Branco e nos bairros do Bosque e Estação Experimental. O maior índice de acidente de motos acontece nas segundas, terças e quintas-feiras. “No domingo, o índice de acidentes é praticamente zero”, concluiu Evangelista.



Os acidentes envolvendo motociclistas em Rio Branco são responsáveis pela maior movimentação do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco – HUERB. Mas dependendo da gravidade estes pacientes são transferidos para o Hospital das Clinicas – HC, que mantém uma equipe permanente para cirurgias diárias na área de ortopedia.


No Pronto Socorro de Rio Branco, de janeiro a novembro deste ano, mais de 2.333 procedimentos foram iniciados somente com pacientes envolvidos em acidentes de motos. Vitimas de atropelamento, foram 455. Acidentes de trânsito incluindo motos foram 1.664. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde.


Até o início da noite desta segunda-feira (3), a assessoria de imprensa da secretaria de saúde ainda não havia informado o gasto anual do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar vítimas graves, números que devem ser tão alarmantes quanto os já apresentados. Para a próxima série especial, a reportagem tenta apurar o índice de pacientes com politrauma, o percentual de pacientes com mais de um trauma e os de fatura complexa.


 


 


 


 


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