A situação dos haitianos em Brasileia, no Acre, beira a calamidade. O representante da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos na cidade, Damião Borges de Melo, está desesperado com a falta de recursos para atender aos imigrantes, cada vez mais numerosos. Há poucos dias eram 200. Nesta quinta-feira (28) são 350 abrigados em uma pequena casa sem energia elétrica há dois meses, onde existe apenas um banheiro e 150 colchões. Para comer, nada. “Ainda hoje chegaram mais 13”, conta Damião. Seis serão levados ainda nesta quarta-feira por uma empresa mineira e amanhã mais 32 seguem para uma indústria comunidades no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. “Quando as empresas levam os trabalhadores, eu peço que deixem algum dinheiro para a alimentação dos que ficam e assim vamos levando”, lamenta Damião, acrescentando a preocupação com a chegada do final do ano e o provável recuo nas contratações. “Não sei o que será desse povo. Eles estão sofrendo aqui o mesmo que se estivessem no Haiti.”
Ainda nesta semana deve chegar um alívio para todo esse sofrimento. O Ministério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome destinou R$ 270 mil para o governo do Acre atender aos haitianos em Brasileia. A expectativa do órgão é de que a verba sirva para pagar despesas como alimentação e moradia durante os meses de dezembro deste ano e janeiro e fevereiro do próximo ano. A Portaria 244, de 21 de novembro passado, estabelecendo a suplementação de verba, foi publicada na última quinta-feira (22) no Diário Oficial da União. No início do ano, o estado recebeu R$ 360 mil do MDS para a mesma finalidade.
O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, informou hoje que a verba já foi empenhada em Brasília e, seguindo os trâmites, deve estar na conta da Secretaria de Estado de Assistência Social amanhã. Os recursos serão destinados ao Fundo de Assistência Social, que pode desenvolver ações humanitárias para pessoas em estado vulnerável em fronteiras. “Confirmado o depósito do dinheiro, nossa prioridade será a alimentação”, disse Mourão. Ele afirmou que em poucos dias também estará pronto um outro imóvel, num antigo clube, bem maior, para abrigar os imigrantes. “É necessário fazer uma reforma rápida nas instalações elétricas e hidráulicas e isso é coisa rápida”, garantiu.
Damião disse que conta muito com essa possibilidade, pois no imóvel atual a fossa está aberta e ele teme que as pessoas adoeçam pela falta de higiene.
O problema é que os haitianos não param de chegar. Diferentemente do que avaliou o presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), Paulo Sérgio de Almeida, em entrevista à RBA, não há um recuo no volume de entrada, segundo Damião. Para ele, se o governo federal não tomar uma medida para conter esse fluxo haverá um caos social. Dos que chegam ao país em busca de uma vida melhor, apenas 20% estão saindo para trabalhar, majoritariamente no Rio Grande do Sul.
Damião foi designado há dois anos para cuidar da questão dos haitianos. “Eles só têm a mim, e eu não tenho mais o que fazer”, disse. “Neste momento, eles estão se alimentando só de manga, porque está na época. Dá para acreditar nisso?”, contou, afirmando ainda que não tem mais como fazer campanhas de pedido de ajuda, pois está neste ritmo desde o início da chegada em massa dos imigrantes, a partir de outubro de 2010, dez meses após o Haiti ser devastado por um terremoto. Nesse período, já passaram por Brasileia 3,7 mil haitianos.
Os haitianos têm sido avaliados pelo governo brasileiro como bons trabalhadores e pessoas de boa formação. E, segundo Damião, são dotados de excelente caráter, tendo jamais se envolvido em atos de criminalidade. “São pessoas sofridas em busca de uma oportunidade. A maioria deixou as famílias passando fome.”
O problema é que eles chegam sem nada porque na viagem do Haiti para o Brasil são explorados por coiotes e policiais na Bolívia, Peru e Equador. “Alguns chegam até sem peças de roupa”, conta. De acordo com Damião, em uma viagem de Quito, capital do Equador, por exemplo, até Brasileia, eles gastam entre US$ 2,5 mil e US$ 3 mil, por conta da exploração dos coiotes, quando poderiam chegar com apenas US$ 100.
Evelyn Pedrozo, da Rede Brasil Atual
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