Quem participou apenas do primeiro turno das eleições 2012 tem até a próxima terça-feira (6) para apresentar a prestação de contas no Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TER). Poucos candidatos e pouquíssimos partidos escapariam da Justiça Eleitoral se a prestação de contas fosse submetida ao rigor das lupas. No Acre, essa linha existente entre o realismo e a hipocrisia não é diferente.
Entre brigas, intrigas e estratégias, destaque para a questão financeira, setor de arrecadação de dinheiro pelos comitês financeiros dos partidos. Os valores arrecadados pelos dois principais candidatos que se enfrentaram no primeiro e segundo turno dariam para solucionar muitos dos problemas da capital. São cifras milionárias, ainda não disponíveis em sua totalidade no site do TSE.
Eleição não se faz sem dinheiro. E com eleições cada vez mais profissionais, a competição exige muito dinheiro. Há regras para o uso dos recursos e para as doações oficiais. Mas de onde vem tanta grana, uma vez que a campanha visual feita por cada partido não condiz com o que está sendo declarado?
Até mesmo no ninho dos tucanos, que se apresentaram como os defensores da ética e da moralidade, os “boatos” sobre desvio de fundos de campanha são muitos. Uma fonte do partido, afirmou que uma semana antes das eleições o tacho foi raspado e no desespero para garantir ajuda de custo a fiscais e delegados no chamado dia “D”, uma “vaquinha” foi feita com a participação das principais lideranças de oposição.
A famosa “vaquinha” não chegou ao seu principal destino: os fiscais e delegados. Para agudar ainda mais a crise, a fonte revelou ao ac24horas que R$ 300 mil arrecadados pelo partido também deixaram de ser utilizados na estratégia que deveria garantir a “vitória” do partido. Os coordenadores de campanha do PSDB não informaram quanto foi arrecadado em doações e fundo partidário. Nas informações do Tribunal Superior Eleitoral, R$ 350 mil foram declarados como repasses apenas da Direção Nacional do PSDB.
No dia seguinte poucos souberam por que o esquema não funcionou. Mesmo assim o assunto vazou: os R$ 300 mil reais que seria gastos na reta final foram usados para pagar algumas contas consideradas inadiáveis. Só que até agora, o partido não apresentou os recibos e nem as justificativas. O principal comandante do processo, o ex-candidato Tião Bocalom, disse em entrevista coletiva que “ninguém errou” e que o partido perdeu por causa do uso da máquina pública por parte do adversário, a Frente Popular do Acre.
Agente duplo no PMDB
As informações que têm sido comentadas a boca miúda parte de um agente duplo do PMDB. Apesar do alto clero do PMDB manter segredo sobre as desavenças durante o primeiro turno, o candidato a prefeito derrotado, Fernando Melo, revelou a amigos que foi vítima de vazamento de informações da estratégia de sua campanha.
Segundo ele “um agente duplo” trabalhou para o PSDB e o PT. Este agente seria um influente membro do partido que chegou a controlar toda parte ligada a mídia. Ele também teve livre acesso à produtora contratada pelo PSDB chegando a participar de longas reuniões com os marqueteiros contratados dos Estados da Bahia, São Paulo e Rondônia. Deste último estado, veio o reforço para as estratégias de Segundo Turno.
Ainda segundo informações apuradas pela reportagem, na última semana de campanha Fernando Melo chegou a jogar a toalha. Em reunião com os dirigentes peemedebistas Melo chorou, reclamou e só não anunciou a desistência pela insistência do senador Sérgio Petecão, seu padrinho político na oposição. Chegou a dizer que “isso aqui é uma palhaçada”, referindo-se ao vazamento de assuntos importantes para os adversários. Acusou mas não teve provas para fazer valer a sua vontade de trocar integrantes da equipe. Dessa forma, teve que engolir o agente duplo até o fim.
Agentes do mal – O lado negativo envolvendo os petistas teria sido o pacto feito por militante para que delinquentes se juntassem ao exército vermelho. Em troca teriam proteção. O objetivo era intimidar pessoas que defendiam a candidatura de Tião Bocalom e proteger os que levavam o nome de Marcus Alexandre. Verdade ou não na Baixada do Sol um mar vermelho se formou nos três últimos dias que antecederam a eleição do segundo turno. Tudo isso com o financiamento de suposto dinheiro público.
Levantamento feito pela Transparência Brasil dá a dimensão do custo oficial das eleições municipais de 2004 e 2008. A soma dos gastos de campanhas de prefeitos e vereadores, em 2008, ultrapassou a casa dos 2 bilhões de reais. Um aumento superior a 700 milhões de reais se comparado aos gastos na disputa para a prefeitura, que teve, no último pleito municipal, um número menor de candidatos. Na competição para a prefeitura houve aumento acima de 50 milhões de reais. Havia também um número menor de candidatos inscritos.
Esse é o núcleo da questão formado a partir desse furacão político que atingiu o PT em 2005, chamado de “mensalão”, julgado em definitivo no Supremo Tribunal Federal (STF). Tudo nasceu da aliança entre o PT e o PTB em torno da eleição municipal de 2004.
Da redação de ac24horas