Luis Carlos Moreira Jorge
Se existe alguém na FPA que pode comemorar é o governador Tião Viana. A não ser ele, talvez, ninguém acreditasse que pudesse eleger Marcus Alexandre, um engenheiro com pouco tempo de Acre, para vôos políticos altos, sem traquejo, e nenhuma experiência na difícil arte de conquistar votos. Quebrando todos os paradigmas fez de um desconhecido prefeito de Rio Branco. E contra um candidato com o recall na disputa do governo de ter sido o mais votado na Capital.
Tião Bocalon (PSDB) não era ninguém que pudesse ser menosprezado. Tanto é que a vitória sobre ele se deu por menos de 3 mil votos, o que corresponde 1,54% dos votos.
Tião Viana conseguiu ainda se sair bem no que pode ser considerado o mais difícil para um político: a transferência de votos. E foi mais ousado. Peitou a ala radical do PT que queria o deputado Sibá Machado (PT) e também o seu aliado PCdoB, que apresentou o popular nome da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), mas impôs a candidatura de Marcus Alexandre (PT). Colocou todas as suas fichas nesse jogo. E num jogo que o seu time, o PT, estava no seu pior momento político desde a fundação da FPA. Dos 14 partidos que tinha na fundação, a FPA ficou com apenas nove.
Se perdesse, ele estaria hoje sofrendo os mais diversos questionamentos e sendo responsabilizado pela derrota. Foi como o general romano Júlio César (47 a.c), que saiu desacreditado perante o Senado de Roma para uma decisiva batalha e ao ganhar, proferiu a célebre frase latina “Vini,Vidi, Vinci”. Tião Viana poderia repeti-la no português aos que descreram na sua vitória: Vim, Vi, Venci.
A eleição na Capital deixou também a lição que a oposição não está morta para outros embates. E que, a quase metade da população ficou ao seu lado. É um sinal que precisa ser avaliado. E que, se os seus dirigentes tomarem juízo e, se reunirem-se em torno de um projeto comum, com candidaturas majoritárias únicas para o Senado e para o Governo, será uma adversária respeitável para 2014. Por isso não há que se dormir sobre os louros. O já ganhou! de alguns secretários estaduais e municipais quase complica o segundo turno.
“binômio usado nas disputas majoritárias da cansada dobradinha PT-PCdoB se mostrou atacado pela fadiga de material”
O livro “A Arte da Guerra” ensina que o general, mais do que comemorar uma vitória tem que aprender com os pontos fracos descobertos durante a batalha. Um deles é que o governador Tião Viana precisa aproximar ainda mais o seu governo da população. Conseguiu avançar. Mas não o suficiente. A magra vitória mostrou isso. O programa “Ruas do Povo” é um caminho que pode continuar sendo explorado. No aspecto político ficou claro que tem de fazer uma repactuação na FPA. O binômio usado nas disputas majoritárias, da cansada dobradinha PT-PCdoB se mostrou atacado pela fadiga de material. Ou muda ou complica. Tem de conter a gula do seu partido é abrir o seu governo. Elegeu-se com um leque de aliados de nove partidos. E ao grosso modo a sua administração esta dividida com 90% dos cargos de secretários e outros de confiança com o PT, 15% com o PCdoB e 5% com o PSB. Os demais partidos aliados estão com cargos inexpressivos. E tem agora um componente novo na Assembléia Legislativa, o surgimento do PEN, com sete deputados estaduais, a maior bancada da Casa, uma pedra nova jogada no tabuleiro político da FPA. A vitória apertada na Capital e a derrota da FPA em treze municípios do interior é um indicativo de que tem de dar uma guinada no seu governo. Precisa de secretários mais políticos. Não adianta um secretário fazer uma obra e ficar trombudo, como se o cargo fosse eterno e não tivesse chegado aonde chegou pelo voto dos políticos. E outros ficarem brincando na hora de expediente no facebook. Foi preciso a pesquisa apontar um empate técnico, serem chamadas às falas, para se dedicarem à campanha na reta final do segundo turno.
Outro aspecto negativo a se destacar é que muitos dos seus secretários já estão em campanha aberta para deputado estadual. Isso é muito ruim! Alguns já procurando até fazer acordos com vereadores no interior. O fato cria um conflito com a sua base de apoio na Assembléia Legislativa, pois, cristaliza uma disputa desigual, porque de uma forma ou de outra usam os cargos para interesses políticos. E em determinado momento esses interesses vão superar o de se dedicar à coletividade. É salutar que quadros qualificados se interessem em disputar cargos eletivos. Mas então que se dediquem só a esse objetivo. O ex-governador Binho Marques foi perfeito, ao reunir o secretariado e solicitar que, os que tivessem a intenção de ser candidato que pedissem demissão e deixassem as vagas para quem quer se dedicar à gestão até o fim do governo. Deveria repetir a fórmula. E não é do desconhecimento do governador Tião Viana haver um grande descontentamento na sua base de apoio na Assembléia com o uso do cargo por alguns secretários pensando em 2014.
No mais, o governador Tião Viana tem todas as razões de estar comemorando.
É o grande vencedor dessa eleição.
Uma vitória para refletir.
*Luis Carlos Moreira Jorge, jornalista.
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