Ray Melo,
da redação de ac24horas
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O secretário de Polícia Civil Emylson Farias disse em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, 22, que o suposto atentado a tiros na casa do senador Sérgio Petecão (PSD), “não passou de factoide com objetivo político partidário”.
Sérgio Petecão teria denunciado no sábado à noite, que sua casa teria sido alvejada por vários tiros, depois de uma movimentação suspeita de pessoas que ocupavam o Fiesta de cor prata, próximo a sua casa. O senador foi conduzido à delegacia em uma viatura da Polícia Militar.
Segundo Emylson Farias, o que teria acontecido foi uma tentativa de assalto ao policial militar Glaucio Souza da Silva, que mora a 150 metros da casa de Petecão. O militar teria reagido, quando dois homens tentaram roubar sua moto e teria trocado tiros com os bandidos.
“Um PM estava chegando a casa dele e foi abordado por dois homens que anunciaram o assalto. Ele reagiu e baleou um dos acusados, enquanto o segundo elemento conseguiu se evadiu. Foram efetuados dois disparos pelo policia e quatro pelos assaltantes”, diz Farias.
Versão dos investigadores da Polícia Civil
A versão dos investigadores da Polícia Civil foi destacada por Emylson Farias. Segundo ele, a vizinha de Sérgio Petecão, identificada como Karine estava chegando a sua casa, quando percebeu uma movimentação suspeita e resolveu acionar a Polícia Militar.
“Ela teria avistado um Fiesta de cor prata ao chegar a sua casa. Logo em seguida escutou os estampidos e assustada voltou até a Avenida Getúlio Vargas até que os policiais militares chegassem ao local. Ela encontrou o senador no portão da casa dele”, enfatiza Emylson.
Na versão do secretário, Sérgio Petecão teria se dirigido a sua vizinha que estava visivelmente abalada e teria feito a seguinte pergunta: “vizinha, quer vender o terreno?”. Percebendo o abalo emocional, Petecão voltou a indagar: “aquele barulho, foi pra você?”, se referindo aos tiros.
Segundo Emylson Farias, foi a partir deste momento que o senador teria começado a “encenação”. “O senador fez questão de usar o veículo da Polícia Militar, para ser fotografado, para construir uma simulação de realidade, criando um factoide político partidário”.
Em todas as declarações que fez a imprensa, o senador Sérgio Petecão não teria insinuado que o caso tivesse relação com política, mas o secretário Emylson Farias declarou em vários momentos da entrevista que Petecão queria tirar proveito político da situação.
Suspeitos eram adolescentes que foram buscar uma amiga
Os ocupantes do Fiesta de cor Prata seriam apenas adolescentes que teriam ido buscar uma amiga que mora próxima à casa de Sérgio Petecão. “A PM abordou os jovens que teriam entre 17 e 18 anos. Eles foram apenas buscar uma amiga para irem a um churrasco”, diz Robert Alencar.
“A tentativa de assalto aconteceu na Rua Seta. Uma ocorrência não tem relação com a outra. Trabalhamos de forma técnica e usamos mais de 10 investigadores para colher as imagens de câmeras de segurança. Os adolescentes não tiveram envolvimento com este caso”, afirma Robert Alencar.
Varredura na casa de Sérgio Petecão
Acompanhado do delegado Robert Alencar, o secretário Emylson Farias disse que foi feita um varredura em toda propriedade de Petecão, mas nenhum indício de impacto de balas foi encontrado. “Apenas uma bala foi encontrada, mas não podemos afirmar que tenha relação com o caso”, destaca Farias.
Emylson Farias continuou sua explanação e afirmou que toda a estrutura da Polícia Civil teria sido mobilizada para atender a investigação do caso que envolveu Petecão, deixando de atuar em assaltos e outros tipos de crimes praticados no fim de semana.
“Toda polícia foi mobilizada e outras ocorrências deixaram de ser atendidas, para se atender uma ocorrência que já se sabia que era falsa. É revoltante que a polícia seja mobilizada para construir um fato político. Não é a primeira vez que isso acontece”, protesta Farias.
De acordo com o secretário, em 2010, um caso semelhante foi registrado no assalto a uma produtora de vídeo que atuava na campanha eleitoral. “Os acusados foram presos e a ligação com crime político foi descartado”, lembra Emylson Farias.
Providências da Polícia Civil
Para a Polícia Civil o caso está encerrado. O secretário da pasta informou que o inquérito será enviado a Polícia Federal e ao Senador Federal. O senador Sérgio Petecão poderá responder por falsa comunicação de crime.
Emylson Farias finaliza deixando um recado: “segurança pública não é objeto de política partidária”.