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Herdeiro do carlismo, ACM Neto avança em Salvador: 47% contra 39% de petista

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Roberto Gaz

“Vocês verão a volta triunfal do carlismo na Bahia. O carlismo é uma legenda que não se apaga, queiram ou não os cronistas políticos”, disse o senador Antonio Carlos Magalhães em 2006, um ano antes de morrer, após sofrer sua maior derrota: a perda de uma hegemonia de quase duas décadas no governo do Estado.


A mais concreta chance de retomada se dá agora, seis anos depois, com o herdeiro ACM Neto (DEM), que disputa com Nelson Pelegrino (PT) o segundo turno em Salvador.


Para o governador Jaques Wagner (PT), cuja vitória provocou o discurso de Magalhães, ainda não há uma figura capaz de “reaglutinar” essa corrente política na Bahia.


“Mas, se o neto ganhar, óbvio que vai se tornar uma liderança aqui”, afirma.


Apesar disso –e do discurso do avô–, ACM Neto diz não representar nem mesmo uma maneira “repaginada” ou mesmo “nova” do carlismo.


“Esses rótulos que a imprensa dá são todos inadequados. Todo mundo sabe do orgulho enorme que tenho do senador Antonio Carlos. Agora, não há que se falar em reedição do que quer que seja.”


Aos 33, ele vem adotando apenas o nome “Neto” em parte de suas peças publicitárias, trocou antigos aliados do DEM por rostos jovens do partido e acena para alianças como a com o PV, de sua vice, e com o PMDB do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que “todos sabiam que tinha diferenças públicas” com seu avô.


Rival na disputa, Pelegrino diz que a fuga do “carlismo” é pautada por pesquisas.


“Mas eu diria que ele corresponde ao que há de pior no grupo do avô, com opressão, mentiras e cooptação de pessoas”, afirma o petista.


Porém, ao mesmo tempo em que lembra que ex-carlistas como César Borges e Otto Alencar hoje são aliados do PT, ACM Neto passou a citar cada vez mais o avô “e seu amor incondicional pela Bahia”.


No maior evento da campanha até aqui, um comício em setembro com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), se emocionou ao falar de ACM –a quem recorre ao prometer ampliar o Bolsa Família na cidade.


“O PT solta boatos na periferia de que vou acabar com o programa, mas a origem dele remete ao Fundo de Combate à Pobreza, de ACM”, diz.


Para o professor Paulo Fábio Dantas, da Universidade Federal da Bahia, ACM Neto tenta se equilibrar entre o ônus e o bônus dessa corrente.


“É ainda recente a memória social sobre o lado autocrático e oligárquico dessa tradição. Por outro lado, também se mantém a imagem carismática e de espécie de déspota eficaz do avô”, afirma.


O cientista político Joviniano Neto diz ser impossível uma desvinculação. “Parte da força dele vem da marca ACM.”


Pela última pesquisa Ibope ele tem 47% das intenções de votos ante 39% do petista.


NELSON BARROS NETO
DA FOLHA, DE SALVADOR


 


 


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