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Família denuncia negligência médica por morte de mulher no Pronto Socorro de Rio Branco

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Paciente de 31 anos morreu de infecção generalizada
após complicações em uma cirurgia de apendicite; família
diz quemédicos demoraram para diagnosticar doença


 

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Ray Melo,
da redação de ac24horas
raymelo@ac24horas.com


A família de Neêmia Santos da Silva, de 31 anos, que morreu de infecção generalizada na madrugada desta segunda-feira, 15, após complicações de uma cirurgia de apendicite, está denunciando suposta negligência médica no atendimento da paciente que estaria internada há oito dias, e teria passado por três cirurgias, no Pronto Socorro de Rio Branco.


Os familiares de Neêmia Santos da Silva dizem que os médicos demoraram para diagnóstica a doença. A paciente teria sido medicada com remédios para dor e recebeu alta nas três vezes que procurou atendimento no Pronto Socorro. Neêmias só passou por exames quando procurou a UPA do segundo distrito, já em estado grave.


Depois de passar por exames detalhados na UPA, os médicos diagnosticaram que a paciente estaria sofrendo de apendicite. Transferida para o Pronto Socorro passou por uma cirurgia de urgência. Os médicos informaram aos familiares que apendicite estaria supurada, provocando um quadro infeccioso na paciente.


Segundo os familiares de Neêmia, a equipe média pode ter errado ao colocar a bolsa de colostomia na paciente. “Nos primeiros dias, saiu uma pequena quantidade de líquido. Procuramos os enfermeiros, mas eles disseram que era normal. As dores aumentaram, então resolvemos procurar o médico”, diz Nagila Cristina de Araújo.


“O atendimento no Pronto Socorro é de péssima qualidade. Os médicos não pedem exames e mandam os enfermeiros aplicar remedios injetáveis para dor. Minha irmã esteve por três vezes no hospital, com fortes dores abdominais, mas em nenhum momento recebeu o atendimento adequado”, desabafa Nagila Cristina.


De acordo com Nagila Cristina, após procurarem os médicos, sua irmão foi examinada e passou pela segunda intervenção cirúrgica. “Os médicos disseram que havia fezes na cavidade abdominal de minha irmã. Alertamos os enfermeiros, mas não fomos ouvidos. Foi isso que deu origem a infecção que a matou”, enfatiza.


Revoltada, Nagila Cristina afirma que vai denunciar a situação ao Ministério Público Estadual. “Vamos registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e vamos pedir a atuação da Justiça para investigar se houve negligência médica no caso. Não é a primeira morte que acontece nestas circunstâncias, neste hospital”, desabafa.


Na segunda cirurgia, os médicos teriam retirado parte do intestino de Neêmia Santos. Os familiares informaram ainda, que a terceira intervenção foi feita com o consentimento dos parentes. “Novamente os médicos disseram que encontraram fezes e muito pus. Como é que depois de duas cirurgias ainda havia fezes junto aos órgãos?”, questiona Nagila.


“Foram oito dias de sofrimento. Avisamos diariamente, sobre o vazamento na bolsa de colostomia. Ninguém deu ouvidos aos nossos apelos. Quero Justiça para a morte de minha irmã, que sofreu com a negligência de um atendimento precário e sem nenhuma qualidade ou humanização”, destaca Nagila.

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A família alega ainda, que havia leito disponível na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas Neêmia Santos da Silva teria sido colocada em alojamento comum.



Diretor do Huerb nega que tenha acontecido negligência


Segundo o diretor do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), Giovanni Casseb, a paciente Neêmia Santos da Silva deu entrada na unidade duas vezes: uma dia 5 de outubro e a outra dia 6. Conta o médico, que na primeira vez, ela se queixava de cefaléia, tontura e dor abdominal e foram administrados medicamentos e liberada. Na segunda vez ela foi transferida da Upa para o Huerb com retorno da dor abdominal e depois de avaliada pelo cirurgião foi submetida a procedimento cirúrgico que evidenciou apendicite aguda. Após a cirurgia, ela foi encaminhada para a enfermaria.


“No dia 10 de outubro, a paciente apresentou dor abdominal e foi examinada pelos cirurgiões que indicaram novo procedimento cirúrgico já que ela apresentou uma complicação do procedimento, o que para a literatura médica, é classificada como esperado em alguns casos de apendicite”, destaca o diretor.


O gestor disse ainda, que após a cirurgia, a paciente foi encaminhada para a unidade de semi-intensiva pois necessitava de observação médica contínua. No dia 14, o quadro se agravou e o cirurgião indicou revisão da cavidade abdominal e a nova cirurgia verificou abscesso entre as alças intestinais, outra complicação esperada no pós-operatório de apendicite.


“O quadro agravou-se e ela foi a óbito às 2h15 desta segunda (15) por causa de choque séptico (infecção generalizada com queda da pressão arterial). É bom esclarecer que todo paciente submetido a procedimento cirúrgico corre risco de complicações durante ou após o procedimento”, diz Giovanni Casseb.


Para Giovanni Casseb, em nenhum momento da internação faltou assistência médica, “pois a paciente foi acompanhada por diversos cirurgiões e submetida a todos os exames laboratoriais e de imagem necessários e ficou na semi intensiva que tem estrutura de UTI e equipe de plantão 24 horas (médicos, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e enfermeiros). Infelizmente o organismo da paciente não resistiu à infecção mesmo com toda terapia que foi submetida.


O diretor clínico apresenta como justificativa para o óbito de Neêmia Santos, uma estatística dos casos de apendicite aguda.  “A literatura médica afirma que cerca de 20% dos pacientes vítimas de apendicite podem vir a falecer. Toda a equipe do Huerb lamenta profundamente porque trabalha todos os dias para salvar vidas e nunca com negligência e descaso”, finaliza Giovanni Casseb.


 


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