Em evento discreto, apenas para funcionários, o presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, anunciou nesta semana o novo plano de negócios da companhia: R$ 5,632 bilhões até 2016. A cifra supera em 8,3% a aprovada no último plano (2011 a 2015) e direciona ainda mais os holofotes para o segmento de logística. A BR já caminhava para a ampliação dos desembolsos nessa área. Mas, nos bastidores, comenta-se que a holding Petrobrás, sob o comando de Maria das Graças Foster, reforçou a cobrança por mais investimentos das distribuidoras em malha logística no País. A subsidiária BR entrou nesse pacote e aprovou um orçamento mais polpudo até 2016, de R$ 2,5 bilhões. No plano anterior, o desembolso era de R$ 2,2 bilhões.
A decisão de focar mais em logística tem como pano de fundo o crescimento da demanda por derivados de combustíveis. No primeiro semestre, mesmo com a desaceleração da economia, o consumo aumentou 5%, bem acima da alta de apenas 0,2% do Produto Interno Bruto, ou “Pibinho”, como ficou conhecido.
O grande desafio, hoje, da indústria de distribuição é conseguir expandir a malha logística fora do eixo habitual de consumo. Isso porque boa parte do aumento da demanda tem migrado para as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, que vêm apresentando uma velocidade maior de crescimento do consumo.
É um deslocamento que reflete o aquecimento da economia local, que propiciou um forte aumento no volume de veículos vendidos. Entre 2006 e 2011, a demanda por combustíveis nessas regiões gira em torno de 7%. Tanto consumo obrigou a Petrobrás a importar um volume histórico de derivados no final do ano passado para conseguir manter o abastecimento do país.
O forte crescimento da demanda já gerou problemas para as distribuidoras, inclusive a BR. Em julho, a companhia teve dificuldades para abastecer alguns postos no interior do País por conta de “complicações logísticas”. Ao elevar os desembolsos, a companhia espera diminuir os gargalos estruturais inerentes a regiões fora do eixo habitual de consumo. No evento desta semana, Lima Neto listou alguns projetos prioritários para a companhia, como a construção da Base de Cruzeiro do Sul, no Acre, e de Porto Nacional, no Tocantins.
Fora da área de logística, a BR destacou no plano a ampliação e modernização da fábrica de lubrificantes, a instalação da fábrica de Graxas no Rio de Janeiro e as adequações necessárias a operação do diesel de baixo teor de enxofre.
Eletrobras
O presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade, disse que a empresa vai entregar óleo combustível e diesel para a Eletrobras até 1.º de setembro mediante a apresentação de garantias pela estatal. A partir dessa data, as entregas serão feitas apenas com pagamento antecipado.
Andrade disse que não tinha mais nada a acrescentar sobre notícias a respeito de uma possível cobrança na Justiça de uma dívida de R$ 2,4 bilhões da Amazonas Energia, subsidiária da Eletrobras, com a BR Distribuidora.
A dívida refere-se a óleo combustível e diesel entregues a termoelétricas no norte do País e não pagos pela Eletrobras desde 2009. (Mônica Ciarelli, colaborou Cynthia Decloed). As informações são da edição deste sábado do jornal O Estado de S.Paulo.