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Fernando Lage: “O discurso da oposição é vazio”

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Por Archibaldo Antunes


Aos 61 anos de idade, o empresário Fernando Lage continua sendo um idealista. Seu sonho de ver o Estado em franco desenvolvimento o tem levado, porém, a trocar de posição no tabuleiro da política local. Depois de integrar, pelo DEM, na condição de primeiro suplente, a chapa do senador Sérgio Petecão (PSD), ele decidiu deixar o partido para filiar-se ao recém-criado PEN (Partido Ecológico Nacional).

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Essa manobra se deu após a retirada da candidatura do deputado Jamyl Asfury à Prefeitura de Rio Branco e significou um regresso à Frente Popular do Acre, aglomeração política da qual Lage saíra com a ideia de que a oposição lhe ofereceria maiores condições de ver florescer seu sonho desenvolvimentista. Ledo engano, porém, como revela na entrevista reproduzida nesta página.


Formado em administração de empresas pela Universidade de Rondônia, com MBA em gestão empresarial pela Universidade Gama Filho, Fernando Lage contabiliza mais de três décadas e meia de experiência como empreendedor. É casado com Eliane Mansour Macedo Lage e tem quatro filhas.


O senador Sérgio Petecão, de quem o senhor é primeiro suplente, disse, há dois dias, que só se licenciaria do mandato em caso de grave doença. Como o senhor recebe essa informação?


Fernando Lage – Com tranquilidade. Petecão é o titular do mandato e acredito que esteja cumprindo uma meta política.


Fazia parte dos seus planos assumir o mandato de senador por algum tempo?  


Pra mim seria uma experiência muito positiva. A política nos dá a oportunidade de fazer mais por mais pessoas. E eu me sinto uma pessoa preparada para exercer um cargo desse e ajudar o Estado.


Depois de um período na oposição, o senhor voltou para a Frente Popular do Acre através do PEN. Por que o senhor decidiu retornar à base governista?


Houve um período na Frente [Popular] que o projeto de desenvolvimento do Acre estava atendendo minhas expectativas. E eu pensei, naquela oportunidade, que na oposição nós poderíamos ter uma perspectiva de desenvolvimento mais rápido. Então nós tentamos construir esse projeto na oposição, mas com o tempo eu revi essa posição, até porque a Frente Popular nos dá maior abertura para discutirmos melhor os temas do desenvolvimento e isso atende nossas expectativas de desenvolver o Acre no período mais curto possível.


Todos que deixam a oposição, independente das razões, afirmam que lá não existe projeto para o Estado. O senhor concorda com essa afirmação?  


No período em que estivemos na oposição, sempre cobramos isso. É necessário que se tenha um planejamento estratégico para sabermos aonde chegar e de que forma, com quais projetos, traçando metas, etc. Infelizmente, não tivemos essa contemplação lá. O que a oposição faz é única e exclusivamente criticar a maneira do atual governo de fazer as coisas, sem oferecer propostas alternativas, dentro de uma concepção de desenvolver o Estado com equilíbrio e antenada com o resto do mundo. Nós não podemos ficar dissociados aqui do que acontece no mundo.

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E na quais fatores o senhor atribui a ausência de um projeto alternativo à da Frente Popular?


Acredito que seja a ansiedade de disputar o poder pelo poder. Isso acomoda os grupos, que só pensam no imediatismo de chegar ao poder, sem qualquer planejamento estratégico, sem o qual não se pode avançar.


O senhor acha que foi subaproveitado na oposição?


Com certeza. Porque nós poderíamos estar com um projeto alternativo para oferecer ao eleitorado. Se o eleitor dá uma demonstração de que tem vontade de mudar o rumo da política, é preciso ter uma alternativa confiável de mudança. Isso pra que possamos motivar o eleitorado. E isso se faz com uma discussão muito ampla, ouvindo os setores da sociedade. Simplesmente dizer que o atual projeto não contempla não atende as expectativas de quem quer mudar.


E como o senhor avalia que a oposição, mesmo sem projeto de governo, tenha um candidato na frente das pesquisas eleitorais?


Acredito que seja a exposição do candidato na mídia, em três eleições majoritárias. Naturalmente que essa exposição dá certa vantagem ao sujeito. Mas é um momento de expectativa que, pelo trabalho eleitoral que vem sendo feito pelos demais candidatos, tende a mudar. Na medida em que as propostas são apresentadas, a tendência é de mudança.


O deputado estadual Jamyl Asfury, que também trocou o DEM pelo PEN, tem reclamado da forma como o Democratas foi reconduzindo à coligação encabeçada por Tião Bocalom (PSDB). O que o senhor tem a dizer sobre esse assunto?


Estávamos no partido que possuía uma comissão provisória. Isso não nos dava segurança. A ponto de o Jamyl ter que retirar sua candidatura a prefeito. Isso nos incomodou, pois estávamos construindo o partido e essa construção teve de ser interrompida por falta de espaço democrático e de liberdade na coligação.


Além do fato de a oposição não ter atendido suas expectativas, quais seriam, se é que existem, as outras razões para o senhor regressar à FPA?


A principal razão foi essa. A oposição não apresenta uma alternativa para o Acre, e isso, pra mim, fica dissociado do discurso – um discurso um tanto quanto vazio. E como vou estar em um projeto em que não posso discutir os rumos a serem tomados? Isso me incomodou bastante.


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