Ícone do site ac24horas.com – Notícias do Acre

Opinião: De olho no apoio dos evangélicos, petistas esquecem suas ideologias e se revestem de cristandade protestante

Confrontos ideológicos entre petistas e evangélicos sempre foram frequentes por conta, entre outras coisas, do kit anti-homofobia, apoios a Parada Gay e a descriminalização do  aborto.


Quem não lembra a simulação de um “boquete”, na Parada Gay do ano passado, evento patrocinado pelo governo do Acre, que provocou enorme repercussão negativa para a atual administração estadual, arranhando inclusive a relação com lideranças evangélicas?


E o vídeo gay que earia sendo veiculado em uma escola da rede pública, e que foi tema de discussão entre deputados da base evangélica e membros das secretarias de educação, e de justiça e direitos humanos? Por causa da atitude discordante dos políticos crentes, o chefe da pasta, Daniel Zen disse em seu blog que a bancada evangélica é homofóbica e fundamentalista, declaração que causou mal-estar, na época, nas relações entre o mandatário e os parlamentares governistas cristãos.


Mas, o pleito eleitoral chegou e os petistas precisam da classe evangélica para eleger seu candidato, o ainda desconhecido Marcus Alexandre. Afinal, de acordo com uma pesquisa feita no ano passado pela Data/control e o jornal A tribuna os evangélicos equivalem a 53,3% do total da população do Acre, e em Rio Branco a manifestação de massa do grupo religioso como a Marcha Para Jesus tem levado milhares de pessoas a rua, se consolidando com um dos mais importantes eventos do Estado.


Embora haja discordâncias de cunho ideológico, a dinastia dos Viana, o governador Sebastião Viana e seu irmão, o ex-governador e hoje senador Jorge Viana, apesar de católicos fervorosos, participantes de procissões, tentam fazer os elos dessa ligação que hora por outra ameaça se romper.


E o meio usado pelos petistas para seduzir o mais crescente grupo religioso da atualidade são as promessas, embora ainda não cumpridas, das construções de um hospital evangélico e de um parque gospel, entre outras. Uma tentação para um povo que até meados da década de 1990 era visto como segmento secundário.


Este ano, especialmente nesta época de pleito eleitoral, nunca se viu uma amizade tão estreita como a que se vê entre petistas e líderes religiosos.


Em seu Twitter, por exemplo, Sebastião Viana distribui e recebe comprimentos a toda hora de pastores, que para agradar o mandatário citam até versículos bíblicos com mensagens de edificações espirituais.


Seguindo a moda da troca de bajulações, a “reciprocidade” é retribuída por tabela pelo candidato petista a prefeitura de Rio Branco, Marcus Alexandre. Em suas reuniões, para se referir a alguém que diz que ele será o candidato vencedor das eleições, Alexandre parecendo ter sido (na linguagem mais cristã possível), discipulado agradece dizendo “você está profetizando”.


Em seus discursos, em quase uma semana e meia de campanha, no período eleitoral, o petista seguindo a risca a estratégia de seus marqueteiros tenta criar inimizade entre cristãos e o candidato Tião Bocalom, responsabilizando o tucano por intervir nos sonhos do pastor Agostinho, líder da Igreja Batista do Bosque, que sonhava em ter o deputado Jamyl Asfury, como um prefeiturável, o que foi interrompido de acordo com petistas por articulação de Bocalom.


As igrejas evangélicas tem sido ponto frequente de reuniões do petista. Para se ter uma idéia, somente ontem (segunda-feira, 16) foram duas reuniões com os crentes: uma no templo da Assembleia de Deus de Madureira, no projeto Benfica, na Vila Acre, durante a manhã, e a outra com líderes da Igreja Batista Trindade, no bairro Cidade Nova. Tudo isso para “mostrar o respeito” do PT pelo evangélico e reafirmar o compromisso das administrações petistas com o segmento.


Luciano Tavaresé evangélico e repórter de ac24horas


 


Sair da versão mobile