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Cientista político diz que eleitor oferece uma oportunidade aos partidos de oposição

Por
Roberto Vaz

Com a realização das convenções que homologam os candidatos a prefeitura de Rio Branco, o ac24horas procurou o Cientista Político Nilson Euclides da Silva para falar do contexto eleitoral envolvendo a ameaça a hegemonia da Frente Popular na capital, intrigas na oposição e se o eleitorado evangélico tem o poder para mudar esta, que é considerada por muitos, a eleição mais disputada dos últimos anos.


ac24horas: Professor, com as convenções homologando os candidatos a prefeitura da capital, o senhor acha possível ainda, por exemplo, o PSDB de Tião Bocalon aglutinar o PMDB do ex-petista Fernando Melo?


Nilson: O PMDB quer marcar posição neste pleito porque assim como outros partidos enxergam que existe uma crise de liderança petista junto ao eleitorado da capital, e isso incentiva a apresentação de uma candidatura por parte do PMDB. Por outro lado, acho que as lideranças do PMDB e o próprio candidato Fernando Melo não perceberam que esta é uma chance que os eleitores da capital acriana estão oferecendo a eles (oposição) de frear a continuidade da FPA, e principalmente colocar em xeque a força de Jorge e Tião Viana. Diante deste quadro, avalio que o Tião Bocalon vai ter muito trabalho pra fechar uma chapa com o PMDB, mas em política tudo é possível porque “às vezes é preciso dividir pra conquistar”.



Ac24horas: Essas contendas dentro da oposição entre PSDB e PMDB podem fortalecer o candidato da FPA, Marcus Alexandre? É possível o candidato dos irmãos Viana virar o jogo?


Nilson: Eu já disse em outra oportunidade, que o melhor seria que a oposição viesse fechada em torno de um nome. Mas, o fato disto não estar ocorrendo não significa necessariamente um fator negativo para as oposições. Na verdade esta é uma questão que serve como base de um discurso que o governo faz para tentar evitar a consolidação da principal chapa da oposição. O que vai contar na campanha será a capacidade do principal candidato da oposição (Bocalom) manter ou ampliar o seu desempenho junto ao eleitorado.


Ac24horas: Como o senhor deve ter lido, na convenção da FPA no último sábado, o alto escalão do petismo no Acre criticou ferrenhamente Tião Bocalom. Esse pode ser o foco da campanha da FPA, ataques à oposição?


Nilson: Não tenho dúvida que esta será a tónica da campanha. O que o principal candidato da oposição não pode fazer é entrar neste clima dos bons contra os maus. Isso só interessa ao candidato petista que precisa se firmar como um nome e uma liderança política (o que ele ainda não é) que não se limita a obediência cega às lideranças do partido (leiam-se os Vianas).


Ac24horas: Como o senhor avaliar o cenário político até o dia 7 de outubro?
Nilson: Esta será uma eleição difícil para a FPA e para as oposições. Mas, se o comando da campanha do principal candidato da oposição usar do bom senso, e aproveitar as fragilidades da candidatura da FPA pode torna-la mais fácil.


Ac24horas:  Por quê?


Nilson: A liderança de Jorge e Tião Viana está sendo contestadas pelo eleitorado e por parte dos seus aliados; segundo a um desgaste do discurso e da forma petista de governar que esta sendo catalisado pela opinião pública e por parte de setores mais populares da sociedade acriana; e terceiro existe uma leitura equivocada das lideranças petistas em relação ao atual quadro político eleitoral da cidade.


Ac24horas: É possível a oposição liquidar a fatura ainda no primeiro turno? O que seria necessário isto acontecer?


Nilson: Será uma eleição difícil, e hoje não é possível se afirmar ou fazer prognósticos de que teremos uma eleição de um turno. Acho que se o desempenho do candidato do governo não alcançar os trinta por cento duas semanas antes do pleito, isto pode acontecer sim. Mas, acho difícil isso não ocorrer, porque afinal de contas a estrutura da FPA (funcionários com cargos na administração, a militância profissionalizada do PT, o espaço que o governo tem na mídia entre outros) são instrumentos poderosos que serão utilizados para alavancar a candidatura de Marcus Alexandre.


Ac24horas: Em que aspectos as eleições deste ano podem influenciar em 2014? Quem briga hoje pode ser amigo amanhã? (Referência as intrigas levantadas entre PMDB e PSDB)


Nilson: Cada eleição tem suas peculiaridades. Mas, ganhar as eleições municipais pode ser considerado um passo importante para a sucessão em 2014. O PT sabe disso, mas acho que as oposições ainda não perceberam a dimensão que o resultado das próximas eleições pode ter para 2014.


Ac24horas: O senhor acha que os evangélicos terão peso nestas eleições?


Nilson: Acho que se da uma importância muito grande para esta questão, e se esquece de que o eleitor antes de ser evangélico, católico, espirita, umbandista ou quaisquer outras crenças ou religião é um cidadão. E por isso, quer asfalto, escola, creche, emprego, saúde e outras coisas que infelizmente a religião não vai lhe proporcionar.


Ac24horas: Como o senhor ver a atuação da Missionária Antonia Lucia querendo lançar uma candidatura “ungida por Deus” na capital?


Nilson: Bem, eu não ouvi a candidata dizer isso! Mas, se disse eu acho que esta é uma questão que não diz respeito a analise política. Trata-se de uma questão que ultrapassa a dimensão de uma análise política. Acho que esta é uma pergunta que deve ser respondida por quem afirma ser o “escolhido ou escolhida de Deus” ou por alguém que tenha a prerrogativa de ter Deus como conselheiro político.


Ac24horas: Essa candidatura evangélica só beneficiária a Frente Popular?
Nilson: O único fato ligado a religião que poderia beneficiar qualquer uma das candidaturas que estão se apresentando ao eleitorado, seria se algum dos candidatos declarasse não acreditar em Deus. A negativa em relação a esta pergunta poderia sim provocar estragos em qualquer candidatura, mas até onde eu sei todos eles acreditam em Deus e, portanto não acho que a influência de qualquer liderança religiosa possa ser maior que a de Jesus Cristo.


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