da redação de ac24horas
jscarioca@globo.com
A reportagem do ac24horas teve acesso ao documento denominado como Dossiê-Acre, que desnuda o jogo de interesses que impulsiona a construção discursiva de uma determinada ‘identidade’ do povo acreano. O relatório de 44 páginas condena o que chama de “vozes oficiais” que propaga ao mundo um Estado auto realizado por meio da economia verde.
O trecho mais critico diz que a imagem de Chico Mendes foi forjada supostamente como “patrono da economia verde” com o objetivo de viabilizar ambiciosos planos de manejo e de facilitar o comércio de carbono e serviços ambientais, gerando lucros para empresas e ONG´s.
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Ainda de acordo o dossiê, o esverdeamento da economia tem resultado na multiplicação dos conflitos territoriais, o aumento da degradação ambiental, da concentração de renda e na reprodução ampliada da pobreza.
– Observadas de perto, ver-se-à que o verde da propaganda é insuficiente para ocultar a cinza da realidade. O fracasso social e o despotismo da experiência acreana são provadas pelo fato de que, nas paragens acreanas, conjuga-se sempre o “falar manso” com “o uso do porrente” – diz um dos trechos iniciais do dossiê.
A entrevista com a presidente do sindicato dos trabalhadores rurais da cidade de Xapuri, Dercy Teles, é um dos pontos mais importantes do relatório que trazem contundentes detalhes da vida dentro da floresta, das represálias que seus trabalhadores sofrem por parte dos órgãos ambientais e o sofrimento das comunidades indígenas, quase impotentes para denunciar a invasão de suas terras e os descasos de saúde e educação nas suas comunidades.
O documento diz que o Acre não pode ser tomado como exemplo a ser seguido, mas como um alerta contra a espoliação representada pela economia verde.
A cheia que atingiu ¼ da população é a reflexão inicial trazida pelo dossiê que assegura como grave conseqüência da cheia, o número alarmante de famílias pobres vivendo nas áreas de risco. Os ambientalistas afirmam que o baixar das águas revelam as entranhas da “Eco Cidade de Rio Branco e que os indicadores econômicos e políticos trazem à tona a essência da economia.
O documento é fruto da continuidade do trabalho de ambientalistas, pesquisadores e extrativistas que assinaram a Carta Acre, em novembro do ano passado. A assinatura da carta culminou com o extenso debate sobre o Projeto de Manejo da Floresta Estadual do Antimary.
O ac24horas vai continuar apresentando em uma série de materiais especiais, os principais pontos do Dossiê: o Acre que os mercadores da natureza escondem.
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