Veneza Acreana: Engenheiros aprovam ideia de construção de barragem no rio Acre

A proposta do deputado Eduardo Farias (PC do B) de converter o rio Acre em um grande lago nas imediações de Rio Branco começa a se expandir. O represamento do rio para formar um reservatório de água potável  e como forma de prevenir as enchentes é totalmente viável e depende apenas de um estudo técnico mais detalhado e de vontade política, segundo o engenheiro Claudio Luis Peretti,  do setor de gerenciamento de barragens da Cesp (Companhia Energética do Estado de São Paulo), terceira maior empresa geradora de energia hidrelétrica do Brasil.

“É possível não só garantir o abastecimento de água, como também produzir um pouquinho de energia, dependendo do que a sociedade priorizar”, afirmou Peretti depois de percorrer o rio na manhã desta segunda-feira junto com uma comitiva de jornalistas, do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Acre (Senge), da Federação Nacional dos Engenheiros, do CREA-Acre,do deputado Eduardo Farias e do vereador  Ricardo Araújo, que também é engenheiro.

Peretti está em Rio Branco para participar como conferencista do Seminário “Áreas de Risco e Abastecimento de Água- Engenharia Para Rio Branco”, que será realizado nesta terça-feira, 19, a partir das 8h30 no anfiteatro da Ufac. Aproveitando a estadia do engenheiro na capital, o deputado Eduardo Farias organizou o passeio pelo rio Acre em três voadeiras entre o Porto da Cadeia Velha e a terceira ponte, no bairro Sobral.

Eduardo Farias explicou que o rio está hoje com 3,90 metros de profundidade, mas que chegou a 17 metros na última enchente. “Esta enchente teve um custo para o Estado de R$ 22 milhões só em Rio Branco. Portanto, se a construção de uma barragem custar em torno de R$ 100 milhões, podemos dizer que estará paga em dez anos com a economia destas despesas, sem falar no custo emocional que afeta as famílias que vivem sob ameaça de enchentes”, argumenta o parlamentar.

Um lago no centro de Rio Branco, de acordo com Farias, além de acabar com as cheias e a escassez de água, vai valorizar a paisagem da cidade, gerar mais alternativas de lazer, como a prática de esportes aquáticos e valorizar as propriedades das margens. “Mas, tudo isso vai depender dos estudos técnicos e de uma ampla discussão com a sociedade, com os moradores ribeirinhos, os pescadores, o Ministério Público”, explicou.

Assim que os estudos estiverem mais adiantados, Farias informou que a proposta será submetida a uma audiência pública. De acordo com ele, a idéia já tem a aprovação do governador Tião Viana que garantiu cobrir os custos dos estudos técnicos. O engenheiro Tião Fonseca, presidente do Senge, também concorda com a necessidade da barragem, desde que os moradores das margens sejam ouvidos. “Uma obra como esta causa grande impacto, pois os ribeirinhos usam as margens para fazer o roçado. Sem as margens, onde eles vão plantar? Tem que encontrar uma alternativa”, observou Fonseca.

Peretti lembrou que é muito cedo para fazer prognósticos, mas acredita que a barragem deve ser construída acima do centro de Rio Branco, onde a água é mais limpa e as margens são menos povoadas. “É um desafio grande, mas que pode ser superado sem dificuldades desde que haja estudos técnicos aprofundados e gestão política”, avaliou.

João Maurício Rosas