André Gonzaga (Assessoria FEM)
“O CD não pode ser a finalidade, não pode morrer aí. O músico precisa circular. A gente fala sobre chegar em outros estados, mas o nosso próprio estado não conhece a sua produção”. Essa é uma reflexão de Jussara Almeida, coordenadora de educação integral da Escola Barão dos Solimões, que foi externada durante o Juntos Amazônia, realizado de 5 a 8 de junho, em Porto Velho.
A ação foi organizada pelo Fora do Eixo (FdE) com a presença de artistas, produtores, coletivos e pontos de cultura do Acre, Amazônia, Roraima, Rondônia e Venezuela. A programação gerou shows musicais e intervenções de teatro, debates, seminários e mesas redondas sobre diversos assuntos, como a economia solidária, integração entre Brasil e Venezuela, a nova cara da cultura brasileira e alternativas para a autogestão de carreira.
Para entender melhor, o FdE é uma rede de comunicação entre os coletivos por onde circulam as bandas que, em apenas em seis anos, passou de quatro para mais de 120 filiados. As reuniões e trocas de conhecimento acontecem, geralmente, por meio das ferramentas disponíveis na internet. O Juntos Amazônia foi o encontro presencial, uma forma de juntar esses gestores para propor atividades conjuntas que promovam, em especial, a produção da região Norte.
A fórmula não é nova, o artista continua tentando promover o trabalho que faz. A diferença é em relação ao pensamento. A mudança de pensamento de que o mercado das gravadores é algo quase que utópico, difícil. Sem procurar crescer e vender o próprio peixe, o mais provável é morrer na praia. Ou se trabalha e encara uma maneira de buscar a sua forma de autogestão ou é esperar outro mercado se estabelecer para que as coisas mudem.
Os coletivos de cultura entenderam isso e atuam com um modus operandi de guerrilha, fazendo a circulação das bandas e auxiliando também na construção de políticas públicas. É preciso ocupar espaços no governo, como nas câmaras temáticas e nos conselhos de cultura. “É a cara da nova cultura brasileira que procura se fazer ouvir, ter voz, e ter cada vez mais visibilidade no país por meio de políticas que realmente contemplem a comunidade e os artistas”, comenta Karla Martins, gestora do Coletivo Catraia (AC).
Outra alternativa seria a implantação de microrrotas para escoar a produção e estimular os músicos. “Esse encontro serve pra selar de vez o intercâmbio entre as cidades do norte”, disse Caio Mota, representante da Casa Fora do Eixo do Amazonas. A rota já é utilizada por algumas bandas e possibilita a realização de mini-turnês entre os estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará e Amapá.
Mas alguns ainda conseguem chegar mais longe, como a banda Caldo de Piaba que passou por Alagoas, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, em 2010, com a turnê “Caldo da Peste, Piaba no Nordeste”. Eles bancaram as passagens e os coletivos de cultura da cidade de destino entraram com a organização do evento, hospedagem, alimentação e o translado. “A rede é uma tecnologia social que possibilita chegar mais longe e ter contato com mais pessoas”, disse o músico e produtor cultural Rafael Bode, do Coletivo Caos (RO).
Coletivos e Pontos de Cultura – a utilização da troca de serviços dos coletivos com a iniciativa privada despertou a atenção dos representantes dos pontos de cultura do Acre. Em Cuiabá (MT), o Espaço Cubo estabeleceu esse tipo de relação com diversas empresas. Eles conseguiam os recursos que precisavam para a realização de projetos e eventos e, em contrapartida, também ofereciam algum tipo de serviço, a chamada economia solidária. O resultado foi a criação do Cubo Card, uma moeda social.
Para Derivaldo Albuquerque, um dos coordenadores dos Pontos de Cultura do Acre pela Fundação Elias Mansour (FEM), a próxima tarefa será aplicar, no Estado, as experiências aprendidas e até mesmo trabalhar em parceria com os coletivos de cultura. “Agora a nossa ideia é visitar todos os pontos, fazer um diagnóstico situacional e traçar um comparativo. É preciso entender melhor a funcionalidade de cada um e ver como podemos trabalhar com a ideia de trocas para fortalecer a prática de cada projeto”, explicou.
Projetos como o do professor Sérgio Aragão, responsável pelo Ponto de Cultura da Associação de Moradores do Bairro Bento Marques, em Tarauacá, que envolve a comunidade nas mais diversas manifestações da arte. “Esse intercâmbio colabora para novas ações num processo em rede que pode se tornar infinito. O importante é acrescentar, fazer com que as pessoas se sintam incluídas e ter a possibilidade de criar um ambiente melhor para todos”, comenta.
Integração – o venezuelano River Maduro, representante do Coletivo Terapaima Vive, participou do Juntos Amazônia para promover um diálogo entre os dois países. Ele apresentou o seu trabalho, teve acesso a lógica dos coletivos brasileiros e sinalizou interesse de se tornar um colaborador da rede. “É uma luta coletiva e não individual. Juntos somos mais fortes”.
E é com essa mesma força que o FdE deve chegar nesta quarta-feira, 13, para a abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. De que forma será essa participação? “Intensa, acompanhando discussões, realizando coberturas colaborativas e fortalecendo nossas conexões. Serão, aproximadamente, 200 agentes Fora do Eixo de todo o país presentes no evento”, conclui Karla Martins.
Há 602.671 jovens aprendizes contratados no Brasil, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego…
Empresas do setor siderúrgico pretendem investir R$ 100,2 bilhões no Brasil até 2028. O valor…
William Bonner ficou visivelmente emocionado com uma reportagem de Bette Lucchese sobre uma família que…
Brasiléia, município localizado no Acre, tem se destacado pela sua adesão ao programa "Criança Alfabetizada",…
Uma grande conquista para a indústria acreana. É o que representa o decreto assinado na…
O governo do Estado do Acre celebrou na tarde desta segunda-feira, 20, a promoção de…