Jairo Carioca,
da redação de ac24horas
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A pilha de irregularidades apontadas por empresários do setor de construção civil em Rio Branco mostra porque uma das mais importantes secretarias do atual governo, a de habitação, já teve quatro secretários em menos de dois anos. Por trás dessa dança de cadeiras, existe uma quebradeira de pelo menos 50 pequenos empresários e a demissão de centenas de trabalhadores na desaquecida indústria da construção civil. São mais de 600 unidades habitacionais paralisadas. Mais de R$ 15 milhões, incluindo recursos de infraestrutura repassados pelo BNDES, estão em jogo. No residencial Andirá, um dos contratos firmados com a empresa Z. L. Construções está estagnado. O projeto é uma parceria entre o governo federal [programa Minha Casa, Minha Vida] e o governo do Acre [Projeto especial de superação da pobreza em áreas urbanas e rurais – modelo PSH].
Entre as irregularidades apontadas estão à contratação de obras sem o título de propriedade do terreno, ordem de serviço autorizada sem o financeiro e a não readequação dos projetos. Procurado, o novo secretário de habitação evitou falar sobre o assunto. Na caixa, segundo o ac24horas apurou, todos os processos estão na mesa do novo superintendente. O Ministério das Cidades deixou de enviar recursos para o programa no Acre. A maior parte dos projetos foi assinada pelo ex-secretário Gilberto Siqueira [governo Binho] e Wolvenar Camargo Filho. Mesmo com tantas irregularidades, empresas foram incentivadas a fazer empréstimos e receberam, ainda, termos aditivos das obras.
O mapa do abandono começa pelo residencial Andirá, erguido próximo ao Conjunto Xavier Maia. O mato toma de conta de 450 unidades habitacionais no pacote de obras fechado pelo governo com mais de cinco empresas. O único que aceitou gravar entrevistas foi o empresário Josias Januário da Silva. Disposto a rescindir todos os seus contratos com o governo, o empreiteiro disse que cansou de ser empurrado com a barriga. Ele acumula prejuízos orçados em mais de R$ 1,5 milhão.
– Quando entrei neste negócio do governo tinha meio milhão em caixa. Eles me incentivaram a fazer um empréstimo de R$ 500 mil na Caixa e não me pagaram. As obras que eram para durar 6 meses já passam de dois anos e meio. Estou devendo, com trabalhador batendo a minha porta. Não quero mais negócios com esse governo – garantiu o empresário.
Januário garante que assim como ele, mais de cinqüenta pequenas empresas do setor de construção civil quebraram. Além do mato, as unidades erguidas estão sendo depredadas por vândalos. Portas, janelas, conexões hidráulicas e elétricas estão sendo furtadas.
– Com o calote, não tenho como manter nem vigias nas obras. Estou com processos na Justiça do Trabalho, não sei a quem recorrer. Estou me humilhando para esse governo pelo menos rescindir o contrato – apelou Januário.
Poderoso Sassay ganhou o considerado filé das obras no Andirá, mas projeto de infraestrutura não saiu do papel
O poderoso Carlos Sassay, presidente do Sistema de Federação das Indústrias do Acre ganhou o projeto de infraestrutura das obras do Andirá, mas até hoje o asfalto, a construção de calçadas e meio fio ainda não saiu do papel. A empresa do grupo Sassay é a única que ainda mantém vigia no canteiro de obras abandonadas na região. Conforme a reportagem apurou, a Construterra assinou contrato de R$ 5 milhões para executar a infraestrutura local. Os recursos considerados como o filé do setor de construção civil do Acre são oriundos dos empréstimos feitos pelo governo do Acre junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento [BNDES]. O dinheiro está em caixa, mas as obras ainda são um enigma.
Em outros conjuntos entregues pelo governo, a situação da infraestrutura construída é precária. O asfalto está derretendo e enormes crateras fazem parte do cenário de abandono em que se encontram os residenciais recém entregues.
Outros canteiros com obras paradas:
RESIDENCIAL ANDIRÁ 450 CASAS
CASAS DO JOAFRA 100 CASAS
RESIDENCIAL CARANDÁ 74 CASAS
Secretária virou trampolim político
Numa demonstração de que a secretária é um verdadeiro trampolim político, o governador Sebasttião Viana nomeou até o diretor do Deracre, Marcus Alexandre para assumir a secretaria de habitação no último dia 12 de março. O “todo poderoso” do governo acumulou os cargos de diretor- presidente do Deracre, Coordenador do Ruas do Povo, e do mutirão de limpeza no bairros atingidos pela enchente.