Talvez se tivesse seguido carreira eclesiástica como irmão marista, o hoje deputado Moisés Diniz (PC do B), líder do Governo na Assembleia Legislativa, estaria menos decepcionado com a política.
Diniz, que em 1984, por pouco não se tornou Padre, disse que “esse pode ser meu último mandato. Eu diria que há um anjo dentro de mim me pedindo, insistentemente, para que esse seja o meu último mandato”.
A declaração, para muitos, não é o que se pode chamar de sincera. Diniz é o mais cotado entre os aliados ao governador Sebastião Viana para presidir a Assembléia Legislativa. E, de fato, seria seu último ano de mandato legislativo se a cúpula comunista levar adiante a ideia de lançá-lo candidato a prefeito de Tarauacá, sua terra natal.
O comunista atribui sua decepção a criminalização da política ao que considera uma utopia: o fato de acharem que político com mandato pode tudo.
“A gente vai cansando por não ver todos os objetivos realizados. Muitas vezes você encontra ações que estão próximas de ti, que tu não seria capaz de fazer. Por exemplo, de plantar uma notinha no jornal contra um amigo teu, com quem você convive. Aí vem alguém e planta em relação a ti. Isso me magoa profundamente. São pessoas que estão no teu entorno que convivem com a gente”, desabafa o líder em relação aos colegas de parlamento.
Outro ponto que incomoda o parlamentar é o rumo do embate entre oposição e situação. Para Moisés Diniz, as duas frentes partidárias há muito tempo saíram do debate no campo das ideias e passaram a se ofender mutuamente, inclusive com baixarias.
“Eu, o Edvaldo Magalhães, o Jorge Viana, Tião Viana, Petecão, Marcio Bittar e Flaviano, precisamos nos renovar, construir mais espaços de tolerância, de diálogo. Isso esta se expressando na Assembleia. Um deputado de oposição não pode comparar um governador com um traficante de drogas e nem um deputado do governo pode fazer o mesmo com um senador Petecão, porque isso depõe contra a política, que ainda é o espaço mais privilegiado de defesa de uma população”, diz o parlamentar ao lembrar-se do discurso em que o deputado oposicionista Gilberto Diniz (PT do B) comparou o governador Sebastião Viana a um traficante de interior.
Não é a primeira vez que o comunista se diz decepcionado com a política. No ano passado no auge das discussões com o deputado Major Rocha (PSDB), sobre o “caso Antimary”, Moisés Diniz disse da tribuna da Aleac que sentia vergonha de ser deputado por causa do rumo dos debates na Casa.
Leia sobre o caso:
>>> Golpe Verde no Acre: Revista IstoÉ denúncia devastação da Floresta Estadual do Antimary
>>> Entidades vão à Assembléia Legislativa para defender manejo florestal no Antimary
>>> Denúncias do Antimary foram protocoladas nos Ministérios Públicos Federal e Estadual
>>> Denúncia de irregularidades em manejo florestal apresentada por Petecão nos EUA pauta debate na Aleac
Devido a essas declarações e desabafo para pessoas próximas de que não estaria satisfeito com o tratamento dispensado pelo governo, chegou-se a comentar nos bastidores que o parlamentar desistiria da liderança do governo, o que até hoje é negado por ele: “pretendo continuar como líder até o fim do meu mandato”.
Luciano Tavares,
da redação de ac24horas
lucianotavares.acre@gmail.com
Deputado Moisés Diniz ameaça abandonar a política, dizendo-se traído e decepcionado com o que chama intolerância no embate entre situação e oposição.
Você acha que:
( ) O deputado faz jogo de cena e tenta minimizar o desgaste sofrido pelo governador Sebastião Viana no episódio do Jogo da Solidariedade
( ) Duvido que ele largue o osso, afinal está bem cotado para assumir a presidência da Aleac e controlar um dos orçamentos mais pomposos do estado
( ) Vejo sinceridade nas palavras do parlamentar, que tem se saído ético e fiel á confiança dos seus eleitores
( ) Não aposto um vintém, mas em política tudo e possível
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