Jairo Barbosa – [email protected]
O desejo das irmãs Érica (10), Tayna (9) e Taynara (7), era de está na sala de aula, junto das colegas que passam todos os dias em frente a casa das garotas, no residencial Jequitibá, no Calafate. Mas o sonho de seguir os estudos foi interrompido porque os pais delas não conseguiram vagas nas escolas da região.
As três irmãs moravam no bairro Ilson Ribeiro, em Rio Branco-Ac, de onde mudaram no final do ano passado para o novo residencial, onde imaginavam que iriam seguir na sala de aula. A mãe, Maria Aparecida Mota, conta que por semanas percorreu as escolas Almada Brito, Juvenal Antunes e Edilson França á procura de vagas paras as filhas que iriam cursar a 4 e 2 séries respectivamente.
“Andei por todas as escolas daqui e não consegui vaga. Só apareceu lugar na escola lá do Ilson Ribeiro, mas não tem condições das minhas filhas irem a pé até lá. É muito longe, e as meninas são pequenas. A gente queria vaga mas escolas perto da nossa casa, mas infelizmente elas ficaram sem estudar”, lamenta a mãe que se emociona ao ver as filhas chorando para irem á escola.
Érica, a mais velhas do trio, disse que sonha ser médica e queria muito está na sala de aula. Ela brinca em casa fingindo está diante da professora e até simula tarefas para casa. A menina diz que fica triste quando vê as colegas indo para escola e ela não.
“Eu queria estudar. É muito ruim ficar em casa. La na escola eu vou aprender e fazer novas amizades. Queria que alguém fizesse alguma coisa por nós”, pediu a garota.
A mãe das meninas ainda revela que no residencial há outras crianças que também ficaram fora da sala de aula por falta de vagas. Sem receber qualquer benefício social, a família vive da renda que o pai, Edson Pessoa, consegue limpando quintais.
Coordenação diz que vai procurar família
O caso das irmãs que ficaram fora da sala de aula não era do conhecimento da Secretaria de Educação, foi o que garantiu a Coordenadora de Zoneamento de Escolas da Secretaria Estadual de Educação, Alda da Silva Diógenes. Ela disse que em casos como esse, a equipe da coordenação procura a família para resolver a situação e colocar os alunos da sala de aula. A coordenadora disse ainda que na região do Calafate há escolas que estão passando por reformas e ampliação para aumentar o número de vagas nas salas de aula.
“A gente está procurando encaixar todos os alunos que procuram a gente aqui e vamos procurar essa família. Tem escolas passando por reformas, mas nesse caso vamos verificar o que aconteceu. Há situações em que os pais acabam desistindo de matricular os filhos. Não sei se é esse o caso, mas garanto que logo que terminar de falar com você (repórter), vou ligar para a mãe dessas crianças”, garantiu ela à reportagem.
No ano passado, defasagem escolar no Acre atingiu 29,1%
Censo realizado pelo Ministério da Educação revelou que entre 2010 e 2011, a defasagem escolar atingiu índices alarmantes em três regiões do país. Na Região Norte, o estado do Pará foi o que apresentou os índices mais preocupantes: 39,9% no ensino fundamental e 59,2% no ensino médio. No ensino fundamental, o Pará é seguido pelo Amazonas, com 35,8%, Acre, com 29,1%, Amapá, com 27,1%, Rondônia, com 26,9% e os estados de Roraima e Tocantins com 22,8%. No ensino médio, o estado do Amazonas apresentou um índice de 51,0%, o Amapá, 42,6%, seguido dos estados do Acre (36,3%), Tocantins (34,2%), Rondônia (30,3%) e Roraima com 23,5%