Romerito Aquino – De Brasília
O Acre teve a menor redução do número de casos de malária na Amazônia e no Brasil de janeiro a outubro do ano passado, quando foram notificados no estado 17.176 casos contra os 28.125 casos registrados no mesmo período de 2010, com redução de 38,9%, percentual bem superior à queda de 23% observada em toda a região.
Os dados são do Ministério da Saúde, que divulgou ontem o balanço da situação da malária nos primeiros 10 meses de 2011 nos nove estados da Amazônia Legal, que respondem por 99% dos casos de malária do Brasil. Em toda a Amazônia, de janeiro a outubro, foram registrados 217.298 casos contra os 281.586 casos notificados no mesmo período de 2010. As internações na região também diminuíram de 3.859 em 2010 para 3.215 no ano passado, com redução de 17%.
Resultado do reforço das medidas tomadas pelo governo Tião Viana para combater essa doença que tanto atormenta a população do interior, a redução dos casos de malária no Acre segue uma tendência de declínio da doença no estado, que tem contado, nos últimos anos, com a ação dos mosquiteiros impregnados de inseticidas que impedem a ação dos mosquitos nas residências amazônicas.
Muito usados nos países asiáticos, os mosquiteiros impregnados com inseticidas foram trazidos para o Acre pela ação política do então senador e hoje governador Tião Viana e já se transformaram na principal arma usada pelo Ministério da Saúde para combater a malária em toda a região amazônica.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comemorou os resultados da redução da doença na Amazônia. “Estamos animados porque vencemos mais uma batalha e conseguimos a diminuição dos casos de malária. Agora, vamos agir antecipadamente para intensificarmos o trabalho nas áreas consideradas endêmicas”, disse Padilha.
A diminuição do número de casos foi verificada na maioria dos estados da Amazônia Legal. Além da queda de 38,9% no Acre, a redução na malária se deu em 23% no Amazonas, 17% no Maranhão, 28% no Mato Grosso, 30% em Rondônia, 33% em Roraima 33%, 30% no Tocantins e 18% no Pará. Somente no Amapá foi registrado acréscimo de 8%, quando o número de infecções pelo Plasmodium falciparum passou de 39.978 de janeiro a outubro de 2011 para 24.634 no mesmo período de 2010. O Plasmodium falciparum é um dos três protozoários do gênero que causam a malária na região, provocando a forma grave da doença.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, assinalou que a diminuição dos casos de malária é conseqüência da descentralização das ações de prevenção e controle da doença, da inclusão de derivados de artemisina no tratamento dos pacientes e do atendimento até 72 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas. “O engajamento de gestores, agentes de saúde e entidades parceiras, também contribuiu para a diminuição desse quadro”, assinalou Barbosa.
Mais de um milhão de mosquiteiros com inseticidas
O Ministério da Saúde informou que os 47 municípios mais vulneráveis a malária irão receber do Ministério da Saúde R$ 15 milhões de repasses financeiros. Os recursos são direcionados à instalação de mais de um milhão de mosquiteiros com inseticidas.
Além dos recursos, esses municípios já receberam 194 microscópicos para ampliar a rede de diagnósticos da malária, 39 novas caminhonetes e 250 mil testes rápidos para diagnóstico da doença subsidiados pelo Fundo Global de Luta Contra Aids, Tuberculose e Malária. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o mosquiteiro é uma arma fundamental para reduzir cada vez mais os casos de malária no Brasil.
A malária é uma doença infecciosa aguda, causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium. A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, que se infecta ao sugar o sangue de uma pessoa doente.
Os criadouros preferenciais do mosquito transmissor da malária são os igarapés, por terem como características água limpa, sombreada e parada. Em seres humanos, se não for tratada, a malária pode evoluir rapidamente para a forma grave e levar a óbito. Entre os sintomas, os mais comuns são dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. O período de incubação varia de oito a 17 dias, podendo, entretanto, chegar a vários meses em condições especiais.
A malária tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Ainda não existe uma vacina disponível contra a doença. Contudo, algumas medidas de proteção individual contra picadas de insetos devem ser utilizadas, principalmente nas áreas de risco. O uso de mosquiteiro impregnado com inseticida; de telas nas portas e janelas; de repelente e, ainda, evitar locais de banho em horários de maior atividade do mosquito – manhã e final da tarde – são exemplos de medidas que devem ser adotadas para evitar a transmissão.
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