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Governo descumpre promessa e famílias das Baixadas da Habitasa, Cadeia Velha e Usina amargam mais uma enchente

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O Rio Acre ultrapassou sua cota de transbordamento na tarde do domingo, 08, e mede 14,28 metros. Com esse nível o manancial provocou alagamento nas Baixadas da Usina, da Cadeia Velha e da Habitasa.

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A subida da água foi rápida. Rápido também foi o socorro dos homens da Defesa Civil e Semsur, que usando barcos e caminhões transportavam os móveis das famílias para os abrigos improvisados pela prefeitura, no Parque de Exposições e em escolas da rede pública de ensino. Os afetados pela enchente também contam com o apoio de familiares e se ajudam mutuamente. Até geladeira é usada como transporte.


A Defesa Civil não soube informar a quantidade de atingidos e desabrigados na região. Mas segundo a contagem dos próprios moradores, a cheia deve ter afetado cerca de trezentas famílias.


Um córrego que passa pelas regiões afetadas e deságua no Rio Acre é o responsável pelo alagamento.
Acostumados com a mesma situação todos os anos, os moradores não reclamam da cheia e sim da promessa do governo não cumprida de contemplar com unidades habitacionais, famílias que moram em regiões de vulnerabilidade, como é o caso deles.


Maria Zilene da Silva, 53 anos, por exemplo, mora com o esposo Antonio Ferreira da Silva, 55 anos e o filho James Ferreira da Silva, 20 anos, numa casa de madeira com precária estrutura, quase caindo.


Dona Maria, é beneficiária do Bolsa Família. Ela recebe por mês do programa social do governo, 130 reais, se cadastrou em 2003 no Minha Morada, mas até hoje não foi comtemplada com nenhuma das mais de dez mil unidades habitacionais do programa governamental.


“Todos os anos a gente vive essa alagação. O pessoal do governo já teve aqui, pegou o nome da gente, mas não serviu de nada”, diz Maria Zilene.


Outro caso de esquecimento do poder público é o de Maria Costa de Oliveira e de sua filha, a pequena Arleane Costa Lima, 11 anos, portadora de necessidade especial. Há dez anos, Mãe e filha moram na Baixada da Usina. Há seis meses dona Maria diz que foi informada pela equipe de assistência social do governo de que teria sido sorteada numa casa, mas só, até o momento ela sabe apenas o que é morar num local com as mais diversas vulnerabilidades. “Me ligaram. Disseram que eu tinha sido sorteada, mas nunca mais ligaram. Aí eu fui lá atrás na Sehab, mas a moça disse que meu nome não tava lá. Eu quero meus direitos! Cadê os deputados, os governantes. Eles só vem aqui na época de pedir votos!”, desabafa.


O Programa Minha Morada é executado pelo governo do estado, o Minha Casa Minha Vida, pelo governo federal. Ambos foram lançados em agosto de 2009, no Acre, pelo então Presidente Lula e o ex-governador Binho Marques, em solenidade que contou ainda com a presença do então senador Tião Viana, hoje governador.


No caso do Minha Morada, Binho Marques explicou na época que seria destinado a famílias que moram em regiões de fundo de vale, na beira de igarapés ou córregos. Também seriam priorizadas pessoas beneficiadas com o Programa Bolsa Família. Bastaria à família manter a criança na escola de forma regular, esse seria o “pagamento” da residência.


Porém até o momento a regra não é cumprida por parte do governo no caso das duas famílias mencionadas, e de outras centenas atingidas que cumprem a risca as exigências.

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Atingidos por alagamento prometem manifestação


Desconfiados com a promessa do governo e temendo estarem sendo enganados, os moradores preparam um manifesto. Os que serão levados para os abrigos do governo, dizem que só sairão desses locais, depois da garantia de que eles serão contemplados com “moradia digna”, disse seu Antônio Ferreira da Silva.
“Chega de enganação. A gente quer sair desse sofrimento”, diz o morador.


Luciano Tavares,
da redação de ac24horas
lucianotavares.acre@gmail.com


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