Jornal Rondônia Ao Vivo
Carlos Nascimento, 50 anos, que afirma ter trabalhado como cinegrafista nas emissoras de TV Cruzeiro do Sul e TV Rondônia, em Cruzeiro do Sul e Porto Velho respectivamente, afiliadas à Rede Amazônica, hoje precisa pedir esmolas para ter o que comer.
Seu aspecto é o mesmo de quem vive pelas ruas. Magro, de barba grande e cabelos em desalinho, Carlos usa roupas sujas e rasgadas. Vive descalço suplicando por moedas nas portas dos restaurantes de Cruzeiro do Sul, depois de cultivar o hábito de beber durante quase toda a vida.
“Além de cinegrafista trabalhei como editor de imagens nas décadas de 80 e 90. Assim que voltei para Cruzeiro do Sul, em 2007, distribui meu currículo e pedi emprego a todas as (quatro) empresas de TV, mas não fui chamado por ninguém”, disse Carlos.
Com o mesmo nome do âncora famoso do SBT, Carlos Nascimento de Cruzeiro do Sul ainda sonha em voltar a manusear uma câmera. Enquanto isso, o pioneiro na produção de imagens de TV mora de favor na casa de um amigo diarista, no Bairro da Baixa.
O jornalista vive o mesmo drama de milhares de brasileiros que não conseguem se aposentar pelo INSS. Mostra as cicatrizes das cirurgias que fez no abdômen e vive batendo na porta dos políticos da cidade em busca de novas oportunidades, mas elas estão sempre fechadas para ele.
Seus olhos enchem de lágrima quando lembra das duas filhas que teve quando morou em Rodrigues Alves. Uma delas se forma em Medicina na Bolívia nos próximos meses. “Como a situação ficou muito ruim, uma das filhas desistiu do sonho de ser médica para que a outra pudesse se formar. Não dava mais para custear o estudo das duas”, conta Nascimento.