Luciano Tavares,
da redação de ac24horas
lucianotavares.acre@gmail.com
“Faça o que eu digo, mais não faça o que eu faço”. A frase popular pode muito bem ser aplicada ao governo do Acre, que vive orientando a comunidade sobre os perigos de água acumulada, nos vasos de planta, tampas de garrafa, pneus velhos, caixas d’água, objetos e recipientes facilitadores para a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Mas no setor de transporte da Secretaria Estadual de Saúde, próximo ao Corpo de Bombeiros, o que se ver é o inverso do discurso de alerta do governo e da prefeitura. Ironicamente, no local onde existem carros para o combate a dengue, o mosquito se prolifera em pneus velhos cheio de água e veículos enferrujados.
A reportagem de ac24horas flagrou o que no mínimo pode ser considerado um absurdo, por vários aspectos. É que no setor existem dezenas de carros abandonados, destinados pelo governo federal ao combate a dengue no estado, com o slogan “Governo do Povo do Acre”. São rangers, toyotas, S-10 e Fiat do tipo Dòblo. Veículos em bom estado que poderiam estar servindo para combater o mosquito da dengue em Rio Branco. Afinal, segundo o alerta do Ministério da Saúde, a capital do Acre está entre as três do País com risco de enfrentar um surto da doença e, por isso, não se pode se dar ao luxo de abandonar uma frota de veículos no meio do mato.
Na terça-feira [27], a prefeitura de Rio Branco publicou no Diário Oficial do Estado, extenso Projeto de Lei que prevê punições com multas aos proprietários, locatários, possuidores, ou responsáveis a qualquer título, de imóveis com ou sem edificação, localizados no território do Município de Rio Branco.
O Projeto, que passa a valer a partir do dia 27 de janeiro do próximo ano, obriga os donos de imóveis a adotar as medidas necessárias à “manutenção desses bens sem acúmulo de lixo, entulhos e demais materiais inservíveis, bem como drenados, no caso de serem alagadiços, e a evitar quaisquer outras condições que propiciem a presença e a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela ou de qualquer outro gênero e espécie, seja ele transmissor ou não de moléstias ao ser humano”.
O Projeto alerta os donos de ferro velho, obrigando-os a providenciar cobertura para seus locais de trabalho e orienta os donos de floricultura a não deixar água acumulada nos vasos de planta, sob pena de multa.
Para começar a cumprir a Lei, a prefeitura terá que primeiro arrumar a própria casa, punindo o estado pelo descaso, acabando com o ferro velho ou como diz a Lei, obrigando o governo a construir uma cobertura. Embora o setor de transportes não seja do estado, prefeitura e governo trabalham conjugados, e quando o assunto é dengue as campanhas são em parceria.
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