Já dura mais de sete horas no Fórum Criminal a audiência de instrução com os acusados pela morte do garoto Fabrício. O juiz Clóvis Augusto já ouviu seis, dos oito acusados no processo e realizou no início da tarde, uma acareação entre os irmãos Leonardo e Edvaldo Leite de Oliveira, apontados como executores do garoto. Eles ficaram frente a frente com o policial civil Júlio César Zuza da Costa, o Julinho, citado no processo pelos acusados, como sendo a peça chave da motivação para a execução de Fabrício.
Leonardo Leite disse em juízo que matou Fabrício em represália a uma ação do tio do garoto durante uma abordagem policial. Segundo relatou, Julinho o teria obrigado a engolir algumas trouxinhas de cocaína durante uma abordagem em um pagode no bairro da Base.
Também em depoimento, Julinho disse jamais ter visto qualquer um dos acusados e confirmou com documentos que está afastado das funções de policial há mais de doze anos.
“Sou perito civil mas desde 1999 não exerço essa função. Nunca vi qualquer um desses elementos na minha frente, nem participo de operações da polícia. Eu relaciono a morte do Fabrício a duas coisas: uma seria um sequestro, mas eles nunca pediram resgate, e a outra a uma rede de tráfico de órgãos. Porque até agora esses caras não revelaram nada? Não é estranho? Parece que tem alguém por trás dando sustentação para esse bando.A defesa embarcou nessa tese do Leonardo com a intenção de reduzir a pena a que eles serão condenados. Durante a acareação o juiz deixou livre para que os defensores fizessem perguntas, mas eles nada perguntaram porque estão se convencendo de que essa versão dos acusados não tem fundamento algum”, disse Julinho.
Os oito acusados foram ouvidos separadamente. Agora o processo caminha para as alegações finais.
Jairo Barbosa, do fórum Barão do Rio Branco-AC